LAMPEJOS DE UM AMOR

LAMPEJOS DE UM AMOR

Feliz daqueles que tiveram o privilégio de conhecerem o amor verdadeiro e mais feliz ainda, se esse amor lhes foi correspondido. É bem verdade que, mesmo sendo correspondido, nem sempre é possível vivê-lo, por razões diversas, mas só de saber que se estar no coração do outro, já nos conforta sobremaneira.

No amor verdadeiro não há lugar para ofensas, embora muito das vezes a pessoa pode sentir-se machucada – o que logo passa – mas nunca ofendida, principalmente quando ele é mútuo, tudo é regado à muita compreensão, entendimento, zelo, carinho, amizade, ternura. Assim, ambos acabam por compreender qualquer que seja a reação ou atitude do outro para consigo.

Então mais um Natal estava chegando...

Além de o natal ser uma data especial e festiva é também uma data que nos faz ficar tristonhos se estamos distantes daqueles que a gente ama. Para os dois protagonistas desta história, essa data sempre lhes tocam mais profundamente, porque já são inúmeros natais que eles nunca podem passar juntos e talvez nunca o poderão. Àquele natal se fazia mais especial ainda, pois já ha tanto tempo sem se encontrarem, sem se verem, o que tanto queriam era poder estar pelo menos perto do outro e lhe fazer companhia, embora cada qual tivesse sua família, mas lhes faltavam a presença do outro. Mas quis o destino que as coisas acontecessem assim.

Ele queria enviar pra ela uma mensagem de natal diferente, uma mensagem que pudesse levar um pouco daquilo que lhe ia na alma e também proporciona-la momentos de alegria.

Já sei – pensou ele. Vou fazê-la uma surpresa, vou mandar uma mensagem de voz, assim como ela me enviou naquele ano.

Então se preparou todo...ensaiou...uma, duas, três e mais vezes. A saudade estava demais naquele ano, parecia estar muito maior que os anteriores, àquele amor lhe enchia o coração de um jeito tão forte, que parecia não caber em seu peito.

Então com toda pureza, toda inocência da sua alma, gravou a tal mensagem e enviou por e-mail e ficou aguardando uma manifestação dela.

Como ela não fez nenhuma referência à tal mensagem, ele logo ficou desconfiado que algo havia dado errado.

Se a conheço bem, acho que a assustei – pensou ele. Ela não disse nada é porque não deve ter gostado, não posso deixar as coisas assim, não posso deixar um mal entendido.

E assim, resolveu tocar no assunto se ela havia recebido, etc e tal.

Dito e feito, a mensagem foi sem dúvida o maior choque pra ela. Assim que ela começou a ouvir a voz dele, seu corpo ficou todo arrepiado, trêmulo, seu coração batendo em descompasso, a emoção tomou conta do seu ser...em cada palavra, ela ia sentindo todo fervor, todo calor, toda emoção, toda intensidade daquele sentimento na alma dele...ela o sentiu ali, diante dela...pôde perceber que nele também, àquele sentimento era recíproco - embora ela procurastes sempre não deixá-lo evidenciar.

Ao término sentiu medo! Medo daquele sentimento. As palavras foram ditas com tanta emoção e ela embora sempre quisesse ouvir isso, não estava preparada para tanto. De repente veio aquele medo...sentiu-se como se ele estivesse invadindo a sua privacidade emocional, sua estabilidade conjugal...Ficou de certa forma, abalada. Ele sempre demonstrou o seu sentimento para com ela, mas desta vez ele foi fundo...

Preferiu primeiramente pelo o silêncio, não dizendo nada, mas como ele havia perguntado ela se manifestou... e o fez tão veementemente, que ele pode sentir nas entrelinhas do seus escritos todo “pavor” que a sua mensagem havia causado.

Diante daquela reação, ele se sentiu todo desconcertado, decepcionado consigo mesmo. Primeiro pela sua infelicidade na idéia da mensagem e depois pela maneira como ela reagiu. O que havia dado errado, se ele o fez com o coração aberto, com tanto carinho, tanta pureza de alma...certo é que ele não teve a capacidade de levar à ela, um pouco daquilo que ele sentia naquele momento.

Então, ele voltou lá na mensagem e a releu novamente.

Ficou envergonhado das coisas que disse. Se deixou levar pela emoção e disse muito coisa que daria pra assustar sim. Na verdade não havia dito nada demais, nem coisa que não fosse verdade, mas o fez com tanta emoção que extrapolou a maneira costumeira e sublime com que os dois sempre cuidaram desse sentimento. A vergonha era tanta que se pudesse cavaria um buraco no chão e entraria dentro...

Mas como nas coisas do amor verdadeiro entre duas pessoas, ambos cuidam do outro, logo se desfez o mal entendido e puderam ver que não houve nada demais, nem de se envergonhar, nem muito menos de invasão de privacidade e sim, apenas uma revelação mais emotiva de um sentimento que ambos trazem perdurados por alguns pares de ano e que ainda o levarão por outros tantos enquanto por aqui nesta vida estiverem. Cada um sabe da importância que ele tem na vida do outro e mais, o quão importante o outro é na sua vida.

No amor verdadeiro mútuo é assim, um é o complemento do outro ou como queira, em cada um existe um pedaço do outro.

O amor verdadeiro quando existe, existe e pronto! Não temos controle sobre ele, é inerente a nossa vontade. Mesmo que por alguma razão possamos querer apagá-lo, não vamos conseguir. No amor verdadeiro não tem espaço para ódio, rancor, ressentimento ou qualquer outro sentimento nesta linha, se existir, com certeza é porque não é amor verdadeiro.

Menino Sonhador
Enviado por Menino Sonhador em 30/07/2011
Reeditado em 14/01/2012
Código do texto: T3128786
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