Soprar de painas

Rute, sarcasticamente rude e muito rica, olhava lá de cima a pobreza daquelas pessoas e na amargura desdenhosa que tinha. Gritava no silencio de sua consciência que lhe tragava num noeplasma maligno a cada dia mais letal no silencio de suas inquietações que afrontavam a própria existência seguida do parto que cometeu no ventre de sua mãe.

Cheirava amargo, sentia-se azeda, passava fedor seus preconceitos, abriam caminho a multidão que temia qualquer contato.

Rama, sua mãe, pessoa idosa era a única que lhe oferecia um ouvido, pois o outro já não prestava tímpano estourado, Rute mesma despreza o que oferece sua mãe pra ouvi-la. Rama, menina humilde, crescida, bonita casou-se com o embaixador Josué que a deixou a vários anos durante o ataque a Bósnia. E dedicou-se cegamente, até os dias de hoje, aos cuidados de sua filha Rute, ainda se dedica. Mãe condenada, tinha a filha como uma senhora e que não se refletia no que se tornara aquela outra senhora.

As pessoas e, festas corriqueiras dali atentavam-se na vida que Rama perpetuou-se, por amor vivia no ódio, e nada via. Matheus da Bitola, um senhor de mente perturbada, também pelo ataque que matara Josué, perdido sua mente sã, conhecido na praça da fonte das garças poetava o que todos impossibilitavam ele poder ver na mente que não tinha.

Recitava ao passar Dona Rama:

Rama! Rama!

Brincar com os porcos teus

Que vivam no teu sustendo

Pai divino de Sr. Divino teu

Que criava os porcos não teus!

Pra viver teu

Perde marido teu

E a filha a alma vendeu

Que amor? Que amor? Teu. Teu.

Palavras estranhas, mas que o povoado dali compreendera com medo do Bitola que pregava feito profeta.

- Rama, menina humilde, era sustentada pela criação de porcos que seu pai Sr. Divino era dono, brincava como criança feita, quem diria casar-se com Josué.

Rute quando ouvia as ofensas escancarava e cuspia suas palavras no semblante de sua mãe, julgando não o fato, o romance, pois sim a origem de seu sustento.

Rama limpava o rosto, a vida toda se pos a isto, e dizia duas palavras:

- Nos amávamos.

Bitola nem aí, permanecia seus poetares dia todo, dia pós dias, condenado, iludido, ouvido e feliz. Pregava também ao passar Rute:

Rute! Rute!

Ru ru ru ru

Leão solto na cidade

Bicho se atenta a comer

Ataca, ataca e roa roa

Ru ru ru Rute

Não sabe amor

Não sabe amor

O povo se colocava a temer palavras e passada do profeta, Rama deixava escorrer lagrimas única, em teu semblante, enquanto a filha esculpia a casa na desordem de sua fúria. Insultos.

Passado as crises maiores e que agitavam aquele retrato de vida Rama era toda paz, silencio. Rute era toda desassossego e barulho, filha de sangue - Maldita.

Era pacata a vida pra ambas, não havia céu naquela casa, naquele viver, naquela solidão que abrira mão a mãe , havia amor.

Bitola profetava inda mais sobre Rama, profetava que Josué voltaria pra bater de chicote em Rute, mas de Rute nada mais além do roar dizia ele.

Houve há alguns anos atrás um rapaz, Carlos Manta, de olhos pretos, cabelos pretos e pele marrom, que por castigo apaixonou-se. Primeiramente por curiosidade, estudante de jornalismo, por interesse, escreveria um artigo sobre a veracidade dos contos sobre Rama, por amor, arrancaria as mãos fora pra ficar com Rute. Mas tal de Alorzin veio busca-lo, o vestiu de camisa branca a força, injetou tranqüilizantes e bora foi-se Carlos Manta, ficando apenas algumas agulhas no chão com teu sangue, ninguém varria aquela cena daquilo, até que o vento e poeira no tempo fizeram com que o povoado dali esquecessem dos cuidados nos passos quando pela cena pareciam dançar num tropicar invisível na esquiva ligeira pela distração não atenta, talvez queressem esquecer, que não tivesse mesmo ocorrido no real.

Rute nada disso via, Rama a tudo lamentava e foi o preço que pagou perdendo audição condenada pelos gritos que resistiam Carlos Manta, no abraço da esperança de Rama que partia amarrado senão.

Casarão morava mãe e filha na solidão. Um dos criados, obriação era ser-se mudo, e que era. Vivi chama-se, silencio nos passos, silencio passar, silencia mais ainda nas palavras que não tem.

(Continua....)

MUTATIS
Enviado por MUTATIS em 13/09/2011
Código do texto: T3217501
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