Eu, aquela lua e aquele amor

Edna Maria Pessoa - Eu, aquela lua e aquele amor.

Quando criança morei em uma fazenda, onde passei toda minha infância e o inicio da minha adolescência. Acredito que, mesmo antes de nascer, ela já estava lá. Mas só fui enxerga-lá quando já estava de partida. Foi numa noite como outra qualquer, parecia ser, mas naquela noite eu vi algo que talvez nunca mais fosse voltar a ver, não como naquela noite; talvez ainda veja, para minha tristeza ou alegria, não sei, só depende de mim para que haja um novo encontro.

Era uma noite de luar; lua cheia. Era costume naquela época, em noites de luar, se reunir enfrente de casa ou, na casa de algum parente ou, de algum amigo para uma boa prosa. Pois não tinha energia elétrica, e, em noite de luar a prosa ficava mais interessante; para falar do dia a dia, contar histórias (lobisomem, assombração) e principalmente, dos que já tinham morrido; das mocinhas que já estavam querendo namorar; dos rapazes, os possíveis candidatos; das mulheres honestas (fiéis) desonestas (infiéis) e dos homens também, claro. E nessa noite eu estava lá entre os adultos. Falava-se sobre namoro.

Olhei para o céu é vi algo mágico, aquela lua linda lá no céu, tão majestosa, simplesmente maravilhosa!E perguntei para ela onde estava o meu amor. Essa noite até hoje me acompanha. Eu me apaixonei pelas possibilidades que aquela lua poderia proporcionar a um casal de enamorados. Naquele instante eu fui Julieta, Isolda, Cinderela, Branca de Neve, mas com algumas exceções: Eu não morria, não era destinada a viver o meu amor após a morte, não era maltratada por uma madrasta, como também, não tinha que ter o sapato adequado para poder encontrar o meu amor e muito menos condenada ao sono profundo para só assim, ser despertada pelo beijo do verdadeiro amor. Naquela noite eu decidi que, o meu amor seria enquanto vida, humano e real. A sua resposta a minha pergunta foi ficar mais exuberante, me deixando mais apaixonada por alguém que naquele momento só na minha imaginação existia. E olhando aquela lua, me deu mais certeza que, algum dia eu iria voltar a vê-la e dessa vez seria eu e o meu amor, ainda a ser encontrado. [...]

Natal-RN, 05 de novembro de 2011.