117 - A SUA LUZ...
Você que me consola nas palavras ditas pelo vento trazidas...
Você que me olha e não me vê...
Você que os meus braços jamais abraçaram, mesmo assim punge as minhas lembranças com abraços seus...
Você que vive apenas nos sonhos e em um passado meu que nunca existiu...
Você que me abandona colorindo meu poente de saudades tal como os retalhos últimos de luz de um sol naufragante...
Tudo isto me desespera e desencanta então eu sigo o meu caminho caminhando por caminhar, nem sei por que caminho, muito menos se o caminho que caminho é o caminho que tenho que caminhar, mas eu sei que sou um caminhante que caminha tateando pela escuridão na procura de um sonho perdido, e neste sonho há uma vaga promessa que o amanhã traria você! E o amanhã chega sempre vazio de você, cada amanhã é um imenso tormento na minha vida, ao vê-lo chegar abobadamente saio por ele a ti procurar, nem mais espero te encontrar, só desejo ver a sua imagem, um sorriso, um aceno, e nada mais... Ouço um vento aloucado passando pelas ramagens secas e vazias deste amanhã assobiando uma triste melodia, violino gemendo saudades incontidas... Das vezes falo sozinho! Das vezes falo por falar, pois sei que você segue o seu caminho alheia à minha busca, mesmo sabendo que não ouvira as minhas súplicas o trovador desafia no ponteio:
- Mostre-me um caminho...
- Dê-me uma esperança...
- Mostre-me um sonho...
- Dê-me um motivo pra viver...
- Nem felicidade estou pedindo, nem a sua presença estou desejando... Basta-me que você seja tal qual uma estrela cadente que por um mínimo instante desfila luzes e cores no escuro da noite, e isto é tão pouco, mas será o bastante para que haja momentos de felicidade na minha vida! Basta-me um pouco da sua luz!