Ame intensamente

Esses fantasmas insistem em me incomodar, não aguento mais isso, eu sei que isso tem que parar, mas eu começo a duvidar disso...

Tudo começou com um sorriso. Sorriso daqueles que uma pessoa especial sabe fazer. Tudo nela fisicamente me atraia. O olhar o cabelo, os olhos, mas o sorriso, esse sim era excepcional. Ele branco, límpido e trazia risos aos meus lábios. Era como mágica. Ela sorria, eu sorria atrás também. Isso tudo em segredo, em silêncio, oculto de sua visão. Ela me fazia me sentir bem.

Juro que tentei me aproximar dela. Tentei uma. Tentei duas. Mas meus passos se tornaram pesados. É como se eu tivesse criado raízes, e meus lábios se fechassem como um zíper. Não me aproximava, não falava e não me movia. Ela era a única responsável por causar tantos sentimentos estranhos juntos de uma vez só num mero mortal como eu. Não me dei conta de mim, e quando percebi estava mais viciado nela do que qualquer um podia imaginar.

Sabia com quem ela conversava, aonde era sua classe, sabia o que fazia antes e depois da aula. Sabia de muitas coisas sobre ela, mas ela parecia nem notar minha presença. Se ela soubesse que eu existia naqueles momentos, muita coisa talvez poderia ter mudado. Mas um dia tudo aconteceu, e a maré mudou de rumo, e foi ai que eu pude conversar com ela, a menina dos meus sonhos.

Dar um oi foi muito difícil, mas saiu. Ela achou graça, me perguntou zilhões de coisas. Todas foram respondidas, desajeitadamente, mas foram. Nos tornamos 'melhores amigos', unha e carne. Não se via eu sem ela ou ela sem mim. Tudo fluía bem, até que eu pude perceber que tudo estava errado. Não era isso que eu queria. Não amizade, queria dizer pra ela que eu sempre a amei, e cada dia que passava eu a amava mais. Não consegui dizer, fui um idiota.

Juro, que chegou uma hora que eu até me acostumei com a idéia. Comecei a acostumar com uma amiga. Esqueci os velhos sentimentos, todos morreram brotava ali no lugar uma amizade. Sincera e verdadeira. Mas como a vida é cruel, e porque a vida a tirou de mim? É quando nos recuperamos de um pequeno tombo, der repente, caímos num abismo. Vida injusta, malvada, cruel, e sem coração.

Lembro que estávamos sentados no chão, perto de uma avenida movimentada. Depois de alguns risos, ela olhou fixamente aos meus olhos e disse que me amava. Não a amava mais, já tinha aprendido a ser amigo dela. Nesse momento eu me senti um inútil, e acabei recusando um beijo, que estava quase a se enlaçar. Ela se chamou de idiota, que ela não deveria ter tomado o rumo da amizade, quando na verdade ela queria outra coisa. Aos prantos, ela me contou o como e quando começou a me amar. Me disse coisas lindas, mas que me feriram profundamente. Minhas últimas palavras, foram as piores possíveis. Eu disse que sentia muito, e também disse que eu não era o cara certo pra ela. Ela se levantou e saiu correndo desembestada pela rua à frente. Era uma avenida, era perigosa. O fato ocorreu. Ela foi atropelada por um caminhão, a culpa foi minha. Foi estraçalhada. Eu simplesmente ajoelhei no chão, não acreditei o que tinha acabado de acontecer. Todo seu corpo desfigurado. Sangue por todos os lados. Meu coração, e eu não conseguimos prosseguir pra frente. Ficamos parados, pasmos. Ela se foi, e a culpa foi minha. Quando eu finalmente conseguir assimilar tudo, dei dois passos e lá estava ele. O coração dela jogado na rua, bem perto dos meus pés. Não batia mais. Não se movimentava, mas logo pude perceber. Sua herança pra mim foi o seu coração. E hoje tenho pesadelos com ele. Esse é meu carma, meu sofrimento e também minha maldição. Nunca mais amei ninguém, nunca mais vivi por ninguém. Eu me sinto sujo por um coração que um dia bateu por mim. Me sinto sujo por ter feito ele ter batido mais forte, sem que eu pudesse notar. Me sinto um idiota por ter jogado ele fora, e agora que eu quero e preciso tanto dele, me sinto um desalmado por não poder fazer ele bater mais.

Nunca deixe de dizer o quanto ama alguém. Nunca esconda seus sentimentos, e muito menos seu ser. São essas atitudes, que fazem de você uma pessoa melhor. Não queiram carregar a minha maldição. Pois ela é algo intenso que queima como veneno ardente. Não sai, não vai embora. Fica ali me corroendo até o fim de minha vida...

Marçal Morais
Enviado por Marçal Morais em 04/02/2012
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