Altas emoções nos Países Baixos
Jorge Luiz da Silva Alves
Opostos atraem-se, naturezas distintas conjugam-se na iminência dum desaparecimento perpetrado pelo tempo e seus cruéis mecanismos; encapotados e enregelados, num canto apaixonante da Zelândia, passeamos entre felizes e rosados transeuntes, filhos duma terra que venceu tudo que se podia imaginar no tocante a obstáculos: conquistou ao mar seu espaço e abrira os diques quando o Duque d'Alba cerrou o aço dos tercios contra a liberdade dos frísios, flamengos, zelandeses e aos escapistas hebreus de Lisboa e Sevilha; nas Sete Províncias, montaram duas Companhias, capturaram cativos e açúcares luso-brasileiros e, em troca, remetera-nos o requinte de Nassau...para, depois, roubar-nos uma Copa na careca de Sneijder – nem tudo pode ser perfeito. Nem mesmo os moinhos que, de eterna atalaia diante o Mar do Norte, personificam a triste neurose do Quixote, tão dependente do pragmatismo dos Sanchos Panças dum rapinante Euro Comunitário.
Nem tudo pode ser perfeito: opostos atraem-se, mas serão sempre opostos, nada mais que isso: eu quero morrer ao teu lado no bulcolismo encantador deste inverno em Zaanse Schaans e você deseja viver numa esquina da Red Light District de Amsterdam, tivemos uma noite maravilhosa nos hotéis de Volendam e curtimos um dia espetacular em Rotterdam, mergulhei-a nos sorvetes da distante Enschede e você me entorpeceu na Amsterdam Cannabis. Sinto que o amor que nos une terminará por nos arruinar completamente, mas desejo, a cada passo nesta terra mágica, que nossa ruína seja tão efêmera quão espetacular o nosso périplo, como a epopéia batava ao longo dos séculos – pisoteando os Habsburgos, as hipocrisias, ao protocolar, ao 'dunguismo' (*) e às desgraças que permeiam a realidade européia na atual ganância eurogermânica.
E que tudo o mais vá para o Inferno, debaixo de mil tamancadas!
(Foto central: cidade de Marken & Volendam, na província da Holanda do Norte; foto acima, Zaanse Schaans, vista de um de seus moinhos)
(*) Neologismo
http://www.jorgeluiz.prosaeverso.net
Jorge Luiz da Silva Alves
Opostos atraem-se, naturezas distintas conjugam-se na iminência dum desaparecimento perpetrado pelo tempo e seus cruéis mecanismos; encapotados e enregelados, num canto apaixonante da Zelândia, passeamos entre felizes e rosados transeuntes, filhos duma terra que venceu tudo que se podia imaginar no tocante a obstáculos: conquistou ao mar seu espaço e abrira os diques quando o Duque d'Alba cerrou o aço dos tercios contra a liberdade dos frísios, flamengos, zelandeses e aos escapistas hebreus de Lisboa e Sevilha; nas Sete Províncias, montaram duas Companhias, capturaram cativos e açúcares luso-brasileiros e, em troca, remetera-nos o requinte de Nassau...para, depois, roubar-nos uma Copa na careca de Sneijder – nem tudo pode ser perfeito. Nem mesmo os moinhos que, de eterna atalaia diante o Mar do Norte, personificam a triste neurose do Quixote, tão dependente do pragmatismo dos Sanchos Panças dum rapinante Euro Comunitário.
Nem tudo pode ser perfeito: opostos atraem-se, mas serão sempre opostos, nada mais que isso: eu quero morrer ao teu lado no bulcolismo encantador deste inverno em Zaanse Schaans e você deseja viver numa esquina da Red Light District de Amsterdam, tivemos uma noite maravilhosa nos hotéis de Volendam e curtimos um dia espetacular em Rotterdam, mergulhei-a nos sorvetes da distante Enschede e você me entorpeceu na Amsterdam Cannabis. Sinto que o amor que nos une terminará por nos arruinar completamente, mas desejo, a cada passo nesta terra mágica, que nossa ruína seja tão efêmera quão espetacular o nosso périplo, como a epopéia batava ao longo dos séculos – pisoteando os Habsburgos, as hipocrisias, ao protocolar, ao 'dunguismo' (*) e às desgraças que permeiam a realidade européia na atual ganância eurogermânica.
E que tudo o mais vá para o Inferno, debaixo de mil tamancadas!
(Foto central: cidade de Marken & Volendam, na província da Holanda do Norte; foto acima, Zaanse Schaans, vista de um de seus moinhos)
(*) Neologismo
http://www.jorgeluiz.prosaeverso.net