SINESTÉTICA: Um amor em um momento - PARTE III

PARTE III

Segundo dia da dieta

O sol brilha. Com uma energia fora do comum, sente-se mais viva do que no dia anterior. A fome já não lhe incomoda. Dirige-se à pia e toma seus dois litros de água. Agora sente que a água tem mais gosto. Delicia-se a cada gole de água tomado. Veste sua roupa. As cores escolhidas por ela deveria naquele dia ser verde e branca. Com esta mistura de cores determinaria que seu dia fosse de paz e esperança. – Paz e esperança. - Riu. Não sabia bem o porquê. Mas deveria ser assim...

Saiu de casa e, antes de iniciar o trabalho resolveu passar na igreja. Teve uma imensa vontade de agradecer a Deus pela manhã, pelo canto dos pássaros, pela noite bem dormida, pela natureza, e por tantas coisas que se fosse agradecer por cada uma perderia a hora do trabalho. Fazia muito tempo que não rezava. Fazia matutinamente o caminho casa-trabalho e trabalho-casa, poucas vezes passava na igreja rezar, a pressa lhe determinava o trajeto – como se tivesse o compromisso de chegar em casa em determinado horário.

Começou a notar as pessoas. Suas expressões avivavam nela sentimento de curiosidade - o que pensava cada uma, suas histórias, seus sofrimentos, suas vitórias...

Em sua frente ia uma moça de vestido azul escuro. Resolveu, como quem não manda em seus atos, conversar com ela. Mas como? – pensou. Simplesmente decidiu. Cumprimentá-la com um alegre bom dia. E assim fez. A moça alegremente retribuiu.

- Que belo dia hein? – falou Sinestética.

- Parece que hoje vai ser de sol. – retribuiu a moça de azul num tom de intimidade.

- Está indo pra que lado? –

- Estou indo para o meu trabalho que fica em frente do cinema. Trabalho em uma livraria. E hoje tem o lançamento de um livro. Preciso arrumar a exposição. O Autor vai estar lá. Tem coquetel e tudo. Se você quiser ir lá será à noite. O escritor dará uma breve palestra de apresentação de seu livro.

- Quem é ele? Qual o nome do livro?

- Trata-se de um escritor novo, ele possui uns oito livros lançados, o nome dele é Maximilliano Di Bruno - é um pseudônimo. O livro é sobre o poder da mente e neurolinguística.

Sinestética riu muito. Pediu desculpas mas falou que não sabia o que era esse negócio de “neuro... neuro...”

- Neurolinguística. – Traduziu a moça. – Eu também não sei muito sobre isso, mas ouvi falar que é algo que ajuda as pessoas a serem mais felizes se entenderem mais. Dizem até que as pessoas podem mudar suas vidas. O livro pelo que ouvi falar tem a ênfase em tornar as pessoas mais confiantes. Dizem que ele ajuda a superar algum de nossos traumas do passado e vivermos melhor.

- Parece muito interessante. Vou fazer o possível para ir.

- Tenho aqui um convite. Você aceita?

- Sim é claro.

As duas se despediram e Sinestética seguiu seu caminho.

A casa em que trabalhava parecia-lhe maior do que os outros dias. Parou em frente e ficou a admirar a sua forma. Era um sobrado em estilo alemão. Havia na frente um bonito jardim. As janelas eram grandes. As cores da pintura eram creme e marrom escuro. Havia no jardim uma estátua de São Francisco de Assis. – História de doação e amor. – Pensou ela. – É tem que ter coragem e muito amor pra fazer o que este homem fez. Desprender-se de todos os bens e viver uma vida de abstinência e doação.

Abriu o portão eletrônico e entrou. Na entrada da casa sentiu uma forte dor na barriga. A fome lhe voltou. A tontura também. Entrou na casa e foi direto para a geladeira. Tomou um gole de água. Melhorou um pouco. Tomou mais água e sentiu-se melhor. Saiu no jardim e abaixou-se tocando em petúnias, sentiu suas folhas, suas flores, e isto a fez melhorar. Voltou para casa. Começou seu trabalho que foi concluído antes do almoço. A hora do almoço - que ela comeria - foi dedicada ao jardim. Regou-o, tirou as daninhas, e passou um inseticida não tóxico para cuidar das pragas. Retornou à estátua de São Francisco tocou-lhe a mão. Admirou os pássaros que faziam seu cortejo e pensou na integração do homem com o animal. Que luz os atraía? Que luz tinha este homem? Sentou-se. Ficou vendo as joaninhas, as abelhas, os beija-flores, as folhagens.

O tempo passou e já alimentada pela natureza sentia-se satisfeita. Com mais força retorna ao trabalho. O dia de trabalho termina. Liga o alarme e segue para sua casa.

continua...

marcio j de lima
Enviado por marcio j de lima em 14/07/2012
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