espectral — faz parte não fazer parte
Sinto tanto, mas não deu.
  É... é verdade, me preparei a ponto de me sentir pronto. Quis muito, fiz de tudo, mesmo, pra estar junto, como qualquer amante que ama — dos melhores. Mas a vida é fortuita, incidental, tão repleta de enganos, que, quanto menos a ela me atenho, quando dela distraio, iminente zombeteia de mim e rasteira trambolhão.
Providenciei o essencial coincidente, existi a cada instante; no entanto, na hora agá, pimba. Diz, se tudo travou, tenho culpa?!
  Fui longe, planei grande distância, espraiei enorme ânsia... Iludido pela imaginação? Pode ser — só sei que tenro a abriguei em meu coração.
  Quando em um dos dois nem cintila ordinário encantamento, babau.
  Têm o meu emblema ajuntado ao problema de linguagem gaga... E num sei! Você reclama q’eu faísque neon, fashion, que maneirando em rede social compartilhe com alheios, e assim estampe visibilidade à além..., desse modo clama. Meio sem jeito, bem atabalhoado, excêntrico, até que tentei... Garanto, tentei! Mas aí, vê, ao engodar a mim mesmo entra areia em meus olhos; padeço d’alma soluçante; depois, já um tanto abrandado, quando imagino que inda daria de aspirar arzinho de nada, a conexão rateia...
  Cê vê, redigo, nem tenho culpa, não, vige!
  No entanto, amante que ama — estimo tanto o amar! —, me circunscrevi de jamais desistir. Tentei novamente. Imensamente perseverei varias variadas formas de amá-la. Mas hein, sem atinar que me equilibrava em mero istmo entre profundezas, desequilibrei e despenquei no vazio — aaah... pum!
  Como? Por quê?..., melífluo, airoso — embora maiêutico —, indaguei. Mas safo, feito ouvidos de moucos daí escapole ventania sofista, pílula dourada, parecença oculta... E eu, com esse monte de nada, faço o quê? Que jeito, simulo engolir. Nesse entrementes, dessabido, vazio no vácuo.
  De tanto procurar, bateu abatimento, medonho, e deprimi. Sabe quando dá aquela leseira, o ânimo pesa, tudo dói e, por fim, a cabeça destrambelha? Pois foi perfeitamente assim — não sendo caranguejo não vagueio pela lateral; nesse instante de aprumo, arribo pondo-me a escanteio...
  Recomposto de tamanho estiolamento, rumino o que vinha encasquetando, e, aliás, embora tarde, acho que me exerço bem até demais. Enxergo, se insistisse em estribar, vejo que me danaria de tudo! Mas não, apeio descarrego de ilusão e remonto resolução. Não vim pra refugar azeite, e nunca, mas, fazer a quê?! Sou máquina, não; sou gente! Além do quê, convenha, chego a aqui, cá, pra lá de triunfal! Desse modo, matuto desenleio.
  Se bem que, sobre o meu desempenho, em você percebo vaidade afetada, embora mascarada, existe plateia expectante — em silente conveniência, tem, ah, quiçá caçoante, há —, e observante dissimula desprivilegiando o autêntico invulgar, com indiferença trivializa o diferente... Faz o fácil, faxina o genuíno, escamoteia debaixo do tapete.
  E aí, poraí não dá, simplesmente não deu; se tivesse dado teria dado, mas não deu. Prevalecendo o mutismo, me dou o direito de achar o q’eu quiser. Obsedante, expectei. E isso, eu querendo entender mais que desentendi — por outra, suponho tamanha escabrosidade! Pois sim...
  Enfim, nesse caso — se essa relação eu posso substantivar dessa maneira —, o que tinha de dar deu.
  Hoje entendo que compusemos um par espectral; quanto à minha natureza, só hoje desenlevo que d’algumas almas faz parte eu não fazer parte.

 
Germino da Terra
Enviado por Germino da Terra em 13/09/2012
Reeditado em 27/09/2012
Código do texto: T3879890
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