SÚPLICA DE UM PAI

Já não tinha mais trabalho, a seca desgraçou o cerrado. Com lágrimas nos olhos imploro a Deus, que um pinguinho de chuva caia nesse chão, pois já convivemos com a desilusão de que nada melhora.

Minha mulher já perdeu as esperanças, carrega em seus braços nossas duas crianças, uma menina e um menino.

Foi o ano mais difícil, trabalhei como pedreiro até que deu para alimentar o ano inteiro, ensaiávamos tímidos sorrisos, até que a doença apareceu, 7 dias com febre, tomando apenas chá, emagreci 10 kg meus filhos chorando, chamavam tanto meu nome, papai estou com fome.

Ganhamos uma comida meio estragada da vizinha, o cheiro de azedo pouco importava, até que a dor bateu mais forte, minha filhinha com o cabelo embaraçado, os olhos sujos de remela, suas pequenas mãozinhas levando a colher á boca disse:

-Papai a comida está ruim.

Sai de casa correndo, as lágrimas secas não saíam dos olhos, o peito doía de imensa agonia e incapacidade. Olhei para a lua e perguntei, meu senhor supremo criador porquê? Por que fazes isso comigo, sou apenas um pobre maldito, quer me matar?

Voltei para casa desolado, minha mulher magra me abraçava me pedindo forças, que era questão de tempo, a chuva iria chegar.

Os gritos de meus filhos lá fora me acordaram pela manhã, a tristeza dá lugar para a alegria, gritei minha mulher:

-Acorda mulher, vem ver o que Deus mandou, água, água, água!!!!!

Minha mulher saiu, secou os olhos umas 3 vezes antes de acreditar, viu os menins rodando a brincar com a água.

Aquela água trazendo tanta alegria, trazendo meu coração de volta á vida. Obrigado meu Deus.

Eduardo monteiro
Enviado por Eduardo monteiro em 16/09/2012
Código do texto: T3884515
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