Shiva e Parvati "Om Namah Shivaya"


Mena era uma princesa que nutria grande amor por Lord Shiva, dedicava-se inteiramente a sua adoração, Shiva grato pela sinceridade do amor de Mena, concedeu a esta o poder de se transportar entre os mundos e espaços.
Certo dia o deus Vishnu realizou uma festa na ilha  do céu e convidou Mena, que aceitou feliz, pois Shiva e Vishnu eram amigos, viu então a possibilidade de conhecer finalmente o deus que amava com verdadeira adoração.
Mena transportou-se aos céus, apresentou-se para Vishnu que sentiu seu amor puro por Shiva. Vishnu era bondoso e resolveu alegrar a princesa:

-Querida Mena, se prepare, pois logo Shiva estará conosco...

A princesa ao ouvir a noticia ficou tão feliz, e tocada pela proximidade do momento em que contemplaria Shiva de perto, entrou em um estado profundo de transe e já se colocou em posição de adoração. Mena não percebeu que nesta mesma hora outros deuses chegavam a festa de Vishnu, não sabiam de seu transe e se escandalizaram por ela, simples mortal, não os cumprimentaram, e um deles antes que Vishnu pudesse impedir, lançou uma maldição.

- Por ter sido a moça mortal tão desrespeitosa, terá por marido uma montanha...

Mena foi desperta de seu transe ao ouvir a maldição, chorou, tentou se explicar, mas já era tarde, voltou para terra, amaldiçoada e inconsolável por não ter se quer conhecido o seu amado Shiva.
Seguiu andando sem rumo, lamentando aos quatro ventos sua triste sorte.
Mena chegou ao Himalaia e escalou as montanhas, não sabia que ali vivia o rei Himalaya que havia recebido dos deuses o poder de transforma-se no que quisesse, como o rei devotava também grande amor por Shiva, transformava-se em grandes cordilheiras, que na primavera embelezava-se com rios frescos nascidos do gelo que derretia; pássaros cantavam em louvor a natureza e flores desabrochavam belas por toda a parte durante a primavera, era o Himalaia lugar preferido de Shiva, que sempre vinha a terra como um yogue e buscava a tranquilidade das cordilheiras que se estendia de um lado a outro, e foi no topo do Himalaia que Mena encontrou seu marido.
O rei ouvira o pranto e os lamento de Mena e logo tratou de se mostrar em forma humana; a princesa viu que o rei era belo, bondoso, e que tinha em comum com ela o amor por Shiva, Mena o amou e aceitou feliz seu destino, casou-se com uma montanha.
Depois da união, o casal fez uma oração fervorosa à deusa Adishakti para que ela os iluminassem, pois queriam muito ter filhos.
A deusa que era esposa de Shiva e sempre o seguia em suas vidas na terra como humano, emocionou-se com a oração de Mena e Himalaya e sabendo da devoção do casal por Shiva, decidiu então nascer na terra do amor dos dois... E então o casal concebeu a princesa Parvati, encarnação da própria deusa Adishakti, chama gêmea de Lord Shiva.
Passado alguns anos do nascimento da princesa, que era bela e orgulho de seus pais, o sábio Narada passou pelas montanhas do Himalaia, o rei mais que depressa pediu a este que lesse nas estrelas o destino de sua filha.
Narada logo surpreendeu o rei com a noticia de que sua filha lhe reservava apenas felicidade, no entanto, não poderia jamais casar-se com outro que não fosse Lord Shiva, pois nascera destinada para este amor, revelou então que Parvati era nada mais, nada menos que a própria esposa de Shiva, a deusa Adishakti.
O rei ficou muito feliz em saber quem era sua filha, no entanto preocupou-se, pois Lord Shiva era um Yogue muito disciplinado e não se interessava por mulheres e os desejos humanos não chamavam sua atenção, mas Narada o tranquilizou ao afirmar que nem mesmo o desinteresse de Shiva mudaria o destino da jovem de ser sua esposa.

Quando Parvati estava mais velha, Mena preocupou-se em casa-la, mas Himalaya logo interviu...

-Não podemos dar a nossa filha outro esposo que não seja Lord Shiva, pois Parvati é encarnação de sua esposa Adishakti.

Mena entristeceu-se...Não conseguira realizar seu sonho, temia pela filha, pois Shiva não olharia para uma mulher, mesmo que essa fosse sua eterna esposa nos céus, podia até irar-se caso insistisse a filha. Mas Mena não se colocaria como tropeço no destino da filha.
Decidiram contar à Parvati o que o sábio Narada havia predito sobre ela, e resolveram apresenta-la a Shiva que chegaria para mais uma de suas longas meditações no Himalaia.
Parvati ofertou a Shiva flores, riquezas de todos os tipos e abaixou a cabeça enquanto seu pai dirigia-se ao deus:

-Lord Shiva, estou feliz em recebê-lo, trago aqui minha filha, Princesa Parvati, para que o Sirva no que precisar enquanto aqui estiver.

Shiva abriu seus olhos e os olhou com indiferença, O rei curvou-se diante o olhar do deus, que se dirigiu a ele um tanto contrariado:

-Oras, Bom rei, por que me oferece sem cerimônias a vossa filha, sabendo que não me interesso pelos compromissos da terra, e que em nada me inflama as paixões que queimam em vossos corações?
Não me casarei com vossa filha...

No entanto Shiva é interrompido pela audaciosa princesa:

-Casará sim Lord Shiva, pois eu sou a parte que o completa, assim como sou completa apenas ao teu lado, somos metade, incompletos quando longe um do outro...

Shiva olha surpreso à princesa e vendo verdade em suas palavras, volta suas falas aos seus guardiões:

-Não a toquem, deixem a Princesa em paz, tem a liberdade de ir e vir, a liberdade de me servir.

Parvati sorriu feliz, enquanto seu amado tomava sua posição e entrava em seu estado profundo de meditação.
Longo tempo passou e nada chamava a atenção de Shiva. Os deuses viam a tristeza de Parvati e fizeram de um tudo, várias tentativas em ajudar Parvati a despertar a atenção de seu amado predestinado, mas as tentativas só enfureceram Shiva,  para não ser mais perturbado em sua meditação, desapareceu do lugar deixando a pobre princesa inconsolável.
Parvati voltou a casa de seus pais; Mena e Himalaya viam sua filha consumir-se de tristeza, nada que faziam dava resultados, a moça continuava turbada em sua tristeza, resolveram então chamar Narada.
O sábio foi ao encontro de Parvati:

- Linda princesa, por que choras tanto?

-Minha alma escorre por meus olhos, pois longe de meu amor nada posso ser...Hó sábio senhor, diga-me,  existe solução para minha dor?


Narada é tocado pelo o amor e as lagrimas de Parvati, não possuia nem uma solução milagrosa que fizesse Shiva voltar-se para este amor, a não ser a rogativa de sua atenção.


-Linda princesa...Medite em nome de Shiva o quanto puder, chame por ele dizendo sem parar seu nome...Om Namah Shivaya...Om Namah Shivaya...Om Namah Shivaya...Não perca a esperança Parvati, ele a ouvirá, e lhe amara, é seu destino...

O animo tomou conta da alma da jovem que abdicou de todas as suas riquezas, todo seu ouro, toda sua seda, despediu-se de seus pais e partiu para onde havia estado a ultima vez com seu amado Shiva, os picos do Himalaia...
Parvati entrou em profunda meditação e repetia sem parar o nome de Shiva...Om Namah Shivaya...Om Namah Shivaya...Om Namah Shivaya...O céu se iluminava, a calma misturava-se o vento, os animais sentiam o amor de Parvati, a natureza nutria-se e tornava-se mais bela, todos os deuses emocionava-se, mas Shiva...Não se manifestava...

A noite surgia, vivia e morria ao nascer do sol, Parvati já não necessitava dormir, pois sua alma descansava em seu amor, continuava sem parar a chamar por Shiva...Mas Shiva não respondia...
A princesa, não mais comia, não mais bebia, alimentava-se do ar, que entreva e saia em sua quase imperceptível respiração, sua voz que dizia sem para “Om Namah Shivaya” vibrava em todas as partículas do universo, vivificava todos os seres, mas Shiva...Não atendia ao seu chamado.
E tão forte tornou-se o chamado de Parvati que seu coração começou a queimar e não mais parou até que todo o seu corpo estivesse em chamas...Tudo ao redor da princesa incendiou-se e este fogo começou consumir aos poucos todas as partículas do universo, nem mesmo os deuses escaparam das chamas desprendidas da meditação de Parvati...
Brahma , Vishnu e outros deuses correram até Shiva, o encontraram em meditação, esperaram até que ele termina-se. Shiva abriu os olhos e logo Brahma lhe disse:
-Atenda o chamado de Parvati ou ela queimara o universo inteiro...

Shiva sorriu e disse:


-Irei até ela e aceitarei seu amor e a retribuirei...
Mas Shiva antes de mostrar-se testou Parvati, transformou-se em um velho e se apresentou a ela...


-Bela moça, conte-me sobre esta loucura, queimaras o universo pelo amor de um turrão, feio, de seguidores horrorosos?
Nada tem Shiva para lhe oferecer, ele não a fará feliz, mereces felicidade maior...

Parvati irou-se:
- Oras, que pecado grandioso cometes ao falar assim de lorde Shiva, viro minhas costas a ti, pois é pecado também ouvir este insulto.
Antes que Parvati desse as costas ao velho, este sumiu em uma explosão que ecoou nos ouvidos da moça que disse: ”Case-se comigo”...
Parvati alegrou-se profundamente, logo Shiva se mostra à ela:
- Me casarei contigo...

Feliz a princesa correu para contar a novidade aos pais, e Shiva tomou a forma de um dançarino de rua que seguiu cantando e rodopiando batendo em seu tambor. Chegou ao palácio de Mena e Himalaya dizendo feliz...
-Estou aqui para pedir a mão da princesa Parvati em casamento, o nobre rei me concede?

Himalaya respondeu irritadiço...

-Rapaz, minha filha espera Lord Shiva por esposo, acha mesmo que o deixaria para casar com um dançarino simplório como tu?
Mas alegre e rodopiando Shiva insistiu...
-Insisto nobre rei, quero casar-me com sua filha...

Himalaya não admitira tal impertinência e pediu aos seus soldados que levassem o dançarino embora, mas este brilhou com a luz de mil sois e rodopiou cegando os soldados com sua dança, logo vieram outros, mas o dançarino tornou-se tão pesado quando todas as montanhas juntas, não o moveram de lugar, mas insistiram, até que surge no céu, a concha de Vishnu que surgia com toda sua gloria ostentando a flor de lótus, juntamente com Vishnu vislumbraram as quatro faces do senhor Brahma, caíram em adoração todos no reino de Himalaya, quando olharam o dançarino com seus três olhos brilhantes, o tridente em sua mão e acima de sua cabeça a lua crescente...


Himalaya e Mena ofereceram aos noivos o melhor que possuíam como oferenda, e felizes os viram partir logo depois da cerimônia, para o monte Kailash...





 


http://www.youtube.com/watch?v=gEBOs6zcg0A&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=Cod0MfAZ01s


 
 

Todos nós seres concebidos da explosão cósmica somos incompletos, pois somos luz dividida e que juntas geram todo o equilíbrio da existência. Tantos homens e mulheres adormecidos e esquecidos de suas origens cósmicas entregam-se a desfaçatez das paixões e dos desejos impetuosos da carne.
Toda luz feminina somente completa-se ao unir-se em amor com sua luz masculina e vice e versa. E quando ambos vivem na carne, este encontro, esta união, não acontece facilmente, pois para a união existir em plenitude é necessário que ambas as partes renunciem seus vícios adquiridos na carne, seus desejos mesquinhos e todos seus sentimentos apaixonados e apegados que fazem de um ser amado mera propriedade.
O primeiro encontro, a primeira união acontece em outro plano em outra dimensão, pois o primeiro encontro é o dos corações e somente depois, se encarnados, este amor penetra as células grosseiras da carne proporcionando a ascensão da consciência,sutilizando a propria densidade da existencia humana...E depois...completos vivem a verdade...


Se querem encontrar a outra parte de vossas almas, aprendam a amar verdadeiramente, pois nossa chama gêmea é tudo o que não somos...E se ainda vagamos sufocados e sugados por nossas fraquesas humanas, encontraremos o amor verdadeiro nas estrelas, onde as fraquesas da carne não existem...
 

Namastê....
 
Noah Aaron Thoreserc
Enviado por Noah Aaron Thoreserc em 02/10/2012
Reeditado em 02/10/2012
Código do texto: T3911494
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