AMOR RENASCIDO

Já conhecia todos os médicos, técnicos, auxiliares e enfermeiros do andar de Larissa. Por vezes me diziam como é linda minha atitude de ficar sempre ao lado de minha filha, eu e minha mulher revezamos sempre para não deixá-la sozinha, nesses 2 anos de dor.

Larissa minha filha tem 7 anos, está internada há 2 anos em um hospital pois foi descoberto uma insuficiência renal que se agrava cada dia mais.

Um transplante pode resolver o problema, mas segundos os médicos de Larissa, é muito arriscado, e fica mais arriscado ainda cada dia que se passa.

Larissa é um sonho que tornou-se realidade, filha única, que nasceu após muitas tentativas de e tratamento para engravidar, é triste vê-la agora ali, com um acesso em seu minúsculo bracinho por onde recebe medicações, uma sonda que fica alojada dentro de seus rins que não trabalham. Já perguntei sim, Deus cadê você?

Já passo pela pequena capela do hospital sem a notar, perdi a confiança em Deus, até a velha bíblia ficou com o marca páginas sem avançar guardada dentro da gaveta do quarto.

Já não reconheço Márcia também, aquela mulher forte, com quem casei, está entregue aos remédios, antidepressivos:

-Papai eu nunca vi o mar, o senhor me leva um dia?

Perguntas assim faziam-me olhar para ela e dizer sim claro minha filha, porém me fazia correr ao banheiro, trancar a porta e chorar, chorar, esmurrar a parede e xingar Deus, soluçava de agonia, que pai eu sou se não posso fazer nada por ela?

Foi num dia 17 de Setembro que Larissa piorara, abraçado com Márcia, assinamos o termo de responsabilidade para o transplante de urgência, era o único jeito de tentar fazer vivê-la mais, não me esqueço o abraço que uma técnica de enfermagem me deu, Telma era seu nome, sua palavras de conforto, ela é parte de nossa família também, rezaremos todos por ela, Deus sabe que fizemos tudo por ela e vocês também, e nos abraçou de novo a derramar lágrimas.

Passaram-se 5 horas de cirurgia, era madrugada levantei-me dali da recepção para tomar um café, meus olhos inchados conseguiram perceber algo passando que não era real, uma coisa dourada com asas, sorriu pra mim, senti um cheiro de rosas, um sentimento de conforto perto de mim.

Voltei para o quarto de Larissa, minha mulher caída chorando, sinto muito, fizemos tudo ao nosso alcance, foi a última coisa que ouvi nitidamente antes de cair em prantos, minha pequena Larissa, a minha pequena Larissa morreu.

Não sei se o hospital chegou a fechar, mas ao redor do caixãozinho branco, estavam alguns médicos e a equipe de enfermagem de Larissa, estava tão linda ali dentro, parecia dormir, Márcia estava dopada, por ora dormia, ora estava a suplicar em choro a vida de Larissa de novo.

´´Deus tem um propósito para todos nós, a pequena Larissa sem dúvidas é um pequeno anjinho de Deus´´

As últimas palavas do padre ao ver o caixão descendo, fizeram-me lembrar daquela cena do saguão dos hospital, aquela coisa com asas, senti-me leve novamente, peguei Márcia fomos para casa.

Márcia dormiu no quarto de Larissa, abraçada com seus ursinhos, pegou no sono logo de manhã, seus olhos inchados provara que passou a noite inteira a chorar.

Hoje fazem 4 anos desde a morte de Larissa, adotamos uma criança, Isabela, como se chama, trouxe alegria novamente para nossa vida, também adotamos um cachorro, que que Márcia ama de paixão.

Cremamos Larissa, decidimos realizar seu último sonho, levamos suas cinzas para alto mar, iria por fim conhecer o mar, seguramos os três o pote e despejamos suas cinzas ali, alguns peixes nadavam ao redor das cinzas de Larissa, pareciam brincar com ela, Isabela disse, tchau irmãzinha fica com Deus, nos abraçamos e rimos, somos felizes novamente, obrigado Deus, pela segunda chance de um inimaginável sorriso.

Eduardo monteiro
Enviado por Eduardo monteiro em 13/10/2012
Reeditado em 13/10/2012
Código do texto: T3930363
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.