De repente você vê que valeu à pena ter esperado

“E de repente você entende porque esperou a vida inteira pela pessoa certa... E vê que valeu à pena...”

Lisa caminhava pela praia, solitária, pensando na conversa que tivera com as amiga, Ana e Karen.

- Fala sério Lisa, faz três anos que esse cara só te enrola. Você aqui, abandonada e tendo que se abster das coisas boas da vida. – falara Karen.

- É verdade amiga. Não duvido nada que esse Douglas esteja te metendo o chifre agora mesmo. Ah vai amiga, você fica se prendendo a esse cara enquanto o bobo do Eric fica dando em cima de você e nunca é correspondido. Tadinho né? – Ana dissera.

- Gente, eu amo o Douglas, sempre amei. Não é porque faz três anos que ele está na França que tenha me traído e que não pense mais em mim. – ela tinha dito.

- Você acredita mesmo nisso amiga?

- Claro.

- Ah vai. Você não sabe o que está perdendo. Eu por exemplo, já deixei o Sam de lado, pra ficar com Beto, que aliás... Nossa, é muito bom. – falou Karen.

- Vocês não me convenceram. Olha, tenho que ir. – falou Lisa deixando as amigas de lado.

Lisa tinha 22 anos e namorava Douglas desde seus 18 anos, mas quando ambos fizeram dezenove, ele recebeu uma bolsa de estudos na França. Eles noivaram e ele partiu, com a promessa de que voltaria o mais breve possível ou tão logo o curso terminasse. Mas já fazia algumas semanas que ele não lhe mandava um e-mail ou uma carta e isso a estava deixando preocupada.

Acabou por comentar isso com as amigas, que desde o início a tinham julgado como uma boba, porque ela ficava se abstendo das alegrias da vida, enquanto o cara estava lá na Europa, fazendo sabe-se lá o quê. Além disso, ainda era pressionada pelas amigas dormir com Eric, um amigo delas que se dizia apaixonado por ela. Mas ela nunca tinha estado com um rapaz de forma tão íntima, nem com Douglas.

Preferia, por princípios, esperar o casamento e ter sua noite com o homem que amava e, que por sinal, estava sem dar notícias. Ela amava o noivo, mas também sentia falta de se divertir e agora, enquanto caminhava, pensava em tudo que tinha recusado por amor a ele e, se ele teria feito o mesmo que ela por todos esses anos. Ela tinha deixado de ir na festa pós-formatura, tinha deixado de ficar com vários caras, além de muitas outras coisas, que não teriam mal nenhum em serem feitas, mas por amor respeito a ele, ela tinha deixado de lado.

Para piorar sua situação, seus pais também tinham começado a implicar com esse noivado que, de acordo com eles, “não saía nunca”. Estavam até fazendo pressão para ela sair com um primo de segundo grau, muito bonito, Pedro, com ela teria saído normalmente, não fosse o noivado. E agora, depois de tantos anos de espera, ela estava se perguntando se tinha feito a coisa certa, ao noivar com Douglas semanas antes dele viajar.

Ela ficou pensando tanto naquilo, enquanto olhava as ondas batendo nas pedras, fazendo salpicar água para todos os lados. Talvez ela devesse fazer um teste – como ligar para lá, ou sabe-se lá o que – mas que tipo de amor seria esse, que não tem confiança? Então se pôs a pensar se realmente ainda amava Douglas, ou se tinha medo de mudar de vida. Era uma questão difícil de se resolver. Pensou que se por todos aqueles anos ela tinha feito o fez era porque o amava, mas... Ora, por que tinha que haver um mais, ela pensava, mas havia. Era inevitável.

De longe avistou alguém indo em sua direção. Por um momento imaginou que fosse Douglas, com seu andar simétrico e reto. Levou um susto quando ouviu seu nome ser chamado por Eric.

- Ahn, é você? – perguntou, ainda absorta em seus pensamentos.

- Má hora? Má companhia? – ele perguntou, decepcionado com a surpresa incontida na voz dela.

- Desculpe, é que eu estava distraída. Pensei que fosse outra pessoa.

- Claro... Karen falou que você devia estar aqui. – ele falou.

- Ela me conhece bem. – ela respondeu, sem emoção na voz. Queria estar sozinha.

- Estou vendo que hoje não é um bom dia para eu estar aqui. – ele falou, triste.

- Não é você Eric, sou eu que não sou uma boa companhia hoje. Estou um tanto deprimida, sei lá. Parei para pensar na minha vida e me descobri cheia de dúvidas, quando achava que só havia certezas. – falou, em desabafo.

- Sei o quer dizer, mas sei também o que precisa.

- É mesmo, e do que eu preciso? – perguntou com descrença.

- Acho que você precisa se divertir. Olha, hoje à noite vai ter uma festa na casa de um amigo e...

- Pode parar. Já. – ela o interrompeu – Não vou à festa alguma, ainda mais com você.

- Nossa, eita facada doída! – falou ele com muita ironia – Lis, não estou pedindo que você namore comigo nem nada. Estou pedindo que vá a uma festa. Para se divertir um pouco. Você não vai estar traindo ninguém por se divertir. O que me diz? – ela pareceu pensar no assunto, mas permaneceu quieta por um bom tempo, tal como Eric.

- Que horas você me pega?

- Ei, ei, ei... Nem pense nisso. – Eric falou quando Lisa tentou dar meia volta e ir embora – Para com isso. Você está linda, como é e sempre foi; vamos entrar e nos divertir.

- Ora... Está bem. – ela falou. Usava os belos cachos louros presos num coque com as pontas soltas, com um vestido de seda lilás com a barra toda bordada com flores de paetês, com decote quadrado com renda roxa bordada com pequenas lantejoulas transparentes e com glitter, sem falar no scarpin aveludado roxo que usava, um Louboutin legítimo.

Entraram na casa – estava toda enfeitada, com balões, marabus, confetes, etc. Tinha um balcão com petiscos e outro com bebidas, entre essas, ponches, refrigerantes, cervejas e caipirinhas. Já estava cheia quando chegaram. A pista de dança bombava. De cara ela sentiu que aquele não era o seu lugar, mas queria dar uma chance para a diversão. Eric queria dançar e ela acabou cedendo.

- Amiga, que bom que você veio! – falou Ana, após ela e Eric retornarem da pista de dança.

- Vou pegar uma bebida. – ele falou.

- Um refrigerante pra mim. – ela pediu – Verdade. Não é muito minha praia, mas tô tentando gostar. Nessa hora Eric voltou. – Eric, eu pedi refrigerante, não caipirinha.

- Relaxa e bebe. – ele falou. Ela nunca tinha bebido álcool antes, a não ser no Natal, quando tomava uma taça de vinho ou duas, e no ano novo, quando era servido o champanhe à meia-noite.

Acabou bêbada, afinal, depois de cinco copos, para alguém que nunca tinha bebido... Nessa hora se esqueceu de tudo e se soltou. Dançou, bebeu, dançou, dançou e dançou, até cansar. Estava completamente bêbada e sem noção de nada quando se viu dentro de um quarto com uma cama de casal, com velas acesas e um perfume um tanto doce no ar.

- O qu... – ela tentou perguntar, mas sentiu uma língua tentando entrar em sua boca. E deixou-se levar pelo beijo.

- Sempre deixam uns quartos vazios... – Eric falou e voltou a beija-la em seguida. O beijo estava bom, tudo estava bom, até o clima foi aumentando. Sem se ligar ela tirou a camisa do rapaz, que já colocava a mão por dentro do seu vestido a fim de tirar sua calcinha. Ela não gostou.

- Olha, para tá. Acho bom a gente parar por aqui. Isso não devia ter acontecido. –ela disse, recuperando sua sanidade. – Me desculpe. – acrescentou ao ver a cara de raiva de Eric.

- Parar, como assim parar? Você que falou pra gente subir! – ela não se lembrava. Ele fez outra investida e, com raiva, deu um tapa na cara dele, que com mais raiva ainda, revidou. – Sua cadela ridícula! Vadia! Me arrasta pra cá e quer parar? Vai se ferrar. - o tapa que ele deu nela foi tão forte que a fez cair da cama, chorando.

Foi muito rápido quando tudo aconteceu. De repente Eric também caía no chão e socos eram acertados nele. Ele se reergueu e disparou um chute contra o agressor, que caiu, mas que o derrubou com uma rasteira. O agressor acabou revidando Eric, que caiu desacordado.

- Douglas? – ela perguntou assustada.

- Como você me achou ontem? – ela perguntou. Estava surpresa, assustada, envergonhada.

- Cheguei aqui ontem para te ver, mas seus pais disseram que você tinha ido para a tal festa. – ele perecia muito chateado.

- Eu nem sei o que dizer. Saí para me divertir, coisa que não fazia há tempos e, bom acabei passando demais da conta. Como chegou mais cedo?

- O curso resolveu adiantar alguns meses de forma que acabamos terminando. Assim que peguei meu diploma comprei uma passagem de volta, mas o voo atrasou. Acabamos sendo mandados para outro lugar, onde tivemos que esperar duas noites. Então vim para cá, mas tudo estava uma loucura, que acabei dormindo mais duas noites num hotel. Só deu pra eu vir hoje. – ele contou, parecia mesmo exausto. A vergonha de Lisa aumentara.

- Eu não sei mais o que dizer. Estou muito envergonhada. Nem consigo crer que esperei três anos para acabar assim.

- Acabar?

- Decerto você não vai me perdoar. – ela falou, com certeza.

- Lisa, eu te amo. O que eu fiz com você não foi certo, te pedir para esperar três anos inteiros. Olha eu entendo que você saiu da linha, mas imagino o quanto se reprimiu por todo este tempo. Além do mais, você mudou de ideia. Sei que também me ama, então acabar? Isso me parecia inconcebível. – ele falou, transtornado.

- Você ainda me ama a ponto de me perdoar assim?

- Mas é claro. Eu sempre amei e não deixarei de amar nunca, ainda mais por um deslize que nem se concretizou. – ele falou. Eles se abraçaram e se beijaram. Lisa não podia ter esperado por homem melhor.

- E então, o que você queria mesmo me dizer? – ele perguntou à sua esposa. Estavam no iate alugado para a lua de mel. Rumavam para o Caribe.

- Nada importante.

- Fale. – Douglas pediu.

- Só queria dizer que de repente eu entendi porque esperei minha vida inteira por você, e vi que valeu à pena. – Lisa falou e eles se beijaram com amor. Para ela aquilo podia não ser importante, mas para ele, era a coisa mais importante do mundo.

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oi espero que gostem do conto!!

Camilla T
Enviado por Camilla T em 25/10/2012
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