A Praia Vermelha

Aquele dia não foi bom, nos brigamos, discutimos, cada um disse ao outro o que ele não queria ouvir, nós machucamos.
Por que fizemos aquilo?
Será que o amor estava se acabando? Será que a rotina do dia-a-dia finalmente tinha nos alcançado? Aquelas briguinhas do cotidiano fariam parte de nossas vidas dali para frente?
Não sei. E foi para procurar respostas que fui caminhar a beira mar, naquela praia que tanto prazer nos deu e que havíamos deixado de lado para cuidar de coisas de gente grande, gente séria.
Comecei a lembrar de um tempo em que estávamos aprendendo a nos conhecer, éramos quase crianças, dois jovens inocentes e curiosos correndo pela areia e brincando com as águas trazidas pelas ondas. Era um tempo de descobertas, aprendíamos a nos gostar e testávamos nossos limites. Também tínhamos nossas pequenas discussões sim, mas tudo se resolvia ao fim do dia quando nos sentávamos para aproveitar a tarde e o mundo se tingia de vermelho ofuscando qualquer rancor em nossas almas.
Foi pensando assim que caminhava na areia e mal percebi que já era tarde, o sol já se deitava e a atmosfera ia ganhando tons róseos, algumas crianças ainda corriam para aproveitar as últimas horas de luz, algumas pessoas saiam para suas caminhadas vespertinas. Todos em movimento. Mas lá adiante uma figura parada contempla o mar, reconheço logo o vento batendo em seus cabelos, o olhar distante que logo se vira e me fita também. Por algum tempo ficamos assim congelados. Senti o coração bater forte, era a criança dentro de mim querendo voltar, quando percebi já estava correndo e você fazia o mesmo, nos encontramos e caímos na areia.
A nossa volta o mundo muda de cor. E ali ficamos, dois eternos apaixonados em uma praia vermelha.

 
Luciano Silva Vieira
Enviado por Luciano Silva Vieira em 15/12/2012
Reeditado em 17/12/2012
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