Naquela manhã levantou-se disposta a virar uma página de sua vida. Abriu as portas de seu guarda-roupas e escolheu uma roupa  e um calçado que lhe caísse bem para a ocasião. Arrumou os cabelos, maquiou-se e passou o perfume predileto dele. Colocou na cabeça o chapéu e saiu. 
           Tinha a intenção de levar flores mas preferiu comprar na chegada, por certo lá haveria uma floricultura.        
             O percurso foi longo. Após três paradas para trocar de coletivo entrou no bairro. Sentiu-se emocionada... Pensar que ele vivia ali. Com certeza muitas vezes entrara naquela padaria, no açougue, conhecia as pessoas que transitavam pela rua, os comerciantes...
           Alertada pelo motorista apertou a campainha e desceu no próximo ponto. Um redemoinho de emoções cercava esse encontro.
            Caminhou pela rua observando os comércios ao redor e para sua decepção foi informada não haver nenhuma floricultura por ali. 
           Já no portão dois rapazes mostraram-se simpáticos e solícitos quando ela tirou da bolsa um papel com o endereço e pediu informação. Uma mistura de curiosidade e compaixão foi percebido em seus olhares, mas ela se manteve firme e conforme orientação seguiu até uma altura quando foi alcançada por um deles que gentilmente se ofereceu para acompanhá-la. Ele caminhava rápido e ela o seguia...
          Nesse jardim de pedra tomou para si uma rosa emprestada e continuou. Sua boca estava seca, os lábios pareciam amortecer e a ponta da língua sofria uma formigação, sensação nunca antes sentida. Suas carnes tremiam e o coração espancava o peito... Ao avistar o destino que se aproximava parecendo vir-lhe de encontro sentiu as pernas amolecerem. Do seu peito dolorido subiu um enorme soluço de dor que explodiu em lágrimas que banharam seu rosto enquanto seus joelhos se dobraram diante do lápide  onde a inscrição identificava: Aqui jaz...