Síndrome da vontade

Se algo pudesse me dizer como me sinto... Sobre como o vento pode ferir sem causar dor. Exite uma álibe que forma palavras por tráz das cortinas. E então tudo o que acontece apenas se vai. Não vou pedir para que combata, porque você sabe que está ferido. Então você se levanta e se enche de coragem. Você me diz que nunca mais voltará. Digo que tudo bem. Sempre está tudo bem quando a vontade é punível. O pânico toma conta das suas horas nessa sala de tijolos amarelos. Você não pode me contar de onde vem a dor. Você apenas passa algumas horas comigo, dentro de mim, dominando meus pensamentos, minhas vontades. Sou insatisfeito. Alguém deve estar feliz nesse momento. Essa construção confusa sobre como estar feliz começa a se consolidar. Não busco palavras, então você não se manifesta. Você apenas se mantêm longe das feridas. Estamos de frente um para o outro. Minha coragem morre. Você não se move. Não ar suficiente nessa sala. Você começa a percorrer as rachaduras com os dedos. Tenho vontade de te cobrir com uma vontade plástica. Algo que me mantenha longe do perigo. Você então diz que não estamos prontos. Eu assisto as palavras sairem, mas não acompanho os significados. Alguns minutos depois o sol começa a corromper os vidros. Você sabe que pode ficar, então brinca de fazer pedidos. Talvez se eu estivesse sozinho seria menos confortável. As palavras continuam ecoando nesse ambiente. Me sinto ferido, assustado. Estou longe de encontrar um significado. O cheiro da água corrompendo o chão de madeira começa a se manifestar. Recolho os pés por cima da poltrona. As palavras não encontram brechas nos meus pensamentos. Você nunca me fará entender. E eu nunca irei acompanhar seus pedidos. Talvez, agora, que você se sente sozinho as coisas comecem a ser compreendidas. Cubro os joelhos com os braços. A água sobe sobre seus pés e chega por perto da canela. Você não se importa. Não compreendo. Criamos algo precioso nesse tempo. A água chega por cima das poltronas. Sinto cortes gélidos sobre a pele. Você sorri, mas sabe que nunca mais estará comigo.

A água não te encomoda. Nada te encomoda. Então você diz que eu deveria ser a pessoa que mais te conhece. Tenho medo. Estou assustado. O frio que consumia todo esse ambiente desaparece. Você diz: não lute. - E eu sempre digo que tudo ficará bem. Nós sabemos que nunca ficará. Que você desistirá de mim. Que a água tomara seu lugar dentro de mim. Você começa a nadar por todo esse rompimento. Não compreendo! Não compreendo! Estou paralizado. Não sinto minhas pernas, nem meus braços. Tremo. Tenho medo. A qualquer momento você me reanimará ou deixará tudo como está. Não sinto sua coragem, porque tudo apenas está confuso. Estou perdido. Apenas minha mente funciona. As palavras se afogam. Você desaparece no meio de tanta água. Tento te gritar, mas o som não sai. Você sabe que nunca voltará. Que está arrependido de ter ido tão longe. Eu apenas tenho visto o bastante. Por favor, apenas pare de fingir. Odeio decisões. Você nunca irá voltar. Grito para que não vá. As palavras se afogam enquanto são levadas até você. Até que você reapareça, a água já terá tomado todo meu corpo. Não resisto.

Yuri Santos
Enviado por Yuri Santos em 10/03/2013
Código do texto: T4181726
Classificação de conteúdo: seguro