Desencontro

Lembro bem daquela manhã de terça, amanheceu meio nublado, o sol estava meio preguiço, mas pairava no céu, eu como sempre acordei tarde, bem em cima da hora, tinha uma escolha a fazer, banho ou café da manhã? Preferi o banho, e deixei o café para o almoço, tinha que chegar às 8 horas, e já eram 7: 45, e até o trabalho eu levava por volta de uns 25 minutos para chegar, enfim, eu precisava correr.

Andei, quase correndo, às vezes corria, quase andando, desviando, de um e de outro, driblando postes, a barriga ensaiava uns roncos, lembrando a falta da refeição matinal, mas tinha que chegar, precisa chegar, o chefe odiava atrasos, minha manhã parecia não ter começado bem.

Faltava apenas uma esquina, foi quando a vi, ela estava com os cabelos soltos, não tão longos, era um pouco baixa, não tão baixa, um corpo bonito, não tão perfeito, boca pequena, lábios rosados, não tão vermelhos, vestia uma blusa branca, com detalhes de flores azuis e amarelas, não usava brincos, mas o pescoço era decorado com um colar com um pingente dourado, relógio no punho direito, e carrega uma bolsa no ombro esquerdo, parecia ter por volta de seus 20 anos a 23 anos no máximo, mas matinha a feição de adolescente, um caminhar meigo, calmo, diferente de mim raio endiabrado, cruzando os passos, na pressa capitalista de minhas necessidades. Porém, não conseguir deixar de notar, tão bela moça, não entendi direito minha reação, sei que não existe amor a primeira vista, mas, ela mexeu comigo, de um jeito, de uma rapidez, e não era apenas suas curvas, não era apenas um desejo de carne, aquele instante parecia realmente mágico, eu vi alguém diferente, realmente diferente, embora poderia estar enganado, eu olhei para ela, parei o meu caminho, e os ponteiros que insistiam em me lembrar do atraso já não faziam tanta diferente, eu paralisei.

Então ela percebeu a minha distração, e me olhou de volta com aqueles pequenos olhos, e sua imensidão de cor castanha, e eu meio que despertei, e lembrei que logo naquele dia, tinha saído meio bagunçado nem estava preparado, barba por fazer, roupa batida, suando até, mas logo percebi que aquele olhar desprezava minha casca, aqueles olhos avistavam além da minha imagem, pareciam procurar minha alma, penetrar, despia facilmente meu corpo preocupado, percebia o coração, sorria para a áurea.

Ela me sorriu e saiu, não sei se sorriu da minha cara de bobo, só sei que sorriu, e foi para mim.Eu não sei quanto tempo dura a eternidade, eu não sei quanto tempo dura a felicidade para ela ser real, mas aqueles 30, quase 40 segundos foram tão intensos, tão significativos, que valeriam uma vida inteira, eu precisava saber mais.

Cheguei então, atrasado, mas nem ligava mais, eu queria saber o nome dela, o chefe, cão raivoso, me disse um monte, ameaçou me dispensar, e eu viajando, pesando naquele momento quase irreal, parecia não está ali naquela bronca.

Sentei-me e fui trabalhar, foi então, que o elevador se abriu, e aquela moça que me encantou tanto, entrou na área que eu trabalhava, e se dirigiu a sala do chefe, entrou e ali ficou, eu pensei infinitos motivos para ela estar ali, poderia estar procurando emprego, ou qualquer outra coisa, que no momento não me importava tanto, quanto procurar uma desculpa para falar com ela quando se retirasse da sala, e ela logo saiu porém, abraçado com o chefe, sim, meu chefe tava com ela, trágico, muito trágico, mais que trágico, a danada era a nova namorada daquele velho cão raivoso, o encanto acabou ali, e eu nunca mais cheguei atrasado.

Diêgo Vinicius
Enviado por Diêgo Vinicius em 15/06/2013
Código do texto: T4342469
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