Doce & Amargo

Submerso em meus pensamentos, lembrei-me do meu primeiro Amor. As doces e amargas experiências que meu primeiro Amor me trouxe, mais amargas do que doces, as doces a muitos não pareceram doces, mas a mim eram doces.

Como sempre os doces de minha vida, nem são tão doces assim, mas a mim por ser o que me resta de bom, são doces. Esses doces são coisas pequenas, coisas simples, mas que me fazem feliz.

O que me fazia feliz eram os momentos que passavam com meu Amor, momentos singelos, em que o silencio predominava sobre nos e ficava a admira-lo, olha-lo intensamente, mergulhado nos meus sentimentos que nutria por ele, imaginava quando o teria em meus braços e ai me vinha o amargo, a amarga e incontestável certeza de que nunca o teria em meus braços, de que esse amor nunca seria real para mim, que ele iria continuar a subsistir no interior de meus pensamentos, de onde ele nunca iria sair. Amargamente entristecia e as lágrimas rolavam sobre meu rosto, um choro interior, pois escondia o que sentia no lugar mais obscuro e longe que se possa imaginar, escondia-o nos meus pensamentos.

Os doces momentos em que passei com ele, foram poucos, pouquíssimos em que era extremamente feliz, só por estar ao seu lado, quando estava com ele, pedia para que o tempo não passasse para e pudéssemos para sempre estar ali, um do lado do outro, mas o tempo cruelmente passava e tinha que me despedir dele, lhe pedia que ficasse mais um pouco, mas ele tinha que ir, me despedia dele com um sorriso triste, pois sabia que outro momento como aquele custaria a acontecer novamente, mais ele ia e meu coração ia com meu Amor.

Quando voltava para casa sozinho, meu pensamento estava com ele, em meus pensamentos recriava o momento que passei de uma forma bem diferente e entristecia-me saber que nada do que pensei e planejei aconteceu. Estar com ele era sempre assim, uma tênue linha entre a felicidade e a estrema tristeza.

Voltava caminhando sozinho, com os olhos lacrimejantes, pensando no que não havia acontecido, me martirizando por não ter feito o que queria fazer, me entristecia profundamente a ponto de desejar que algum daqueles carros que passavam ao meu lado me atropelasse e acabasse com minha existência inútil.

Quando chegava em casa, o consolo era minha cama, deitava-me e desabava em lágrimas, chorava tanto, que minhas lágrimas pareciam ter secado, e as lágrimas davam lugar aos soluços, enfiava minha cabeça nos travesseiros com a inútil tentativa de abafar meu choro, chorava tanto que minha cabeça doía, chorava tanto que o sono vinha sem que percebesse e de repente estava mergulhado em meus sonhos, o único lugar onde era feliz, o único lugar onde possuía o que mais queria, e adormecia na doce ilusão de que meu Amor me amava.

Mas o que me fazia continuar era a esperança de que um dia o meu Amor me enxergasse como um amante e não como amigo, mas minhas esperanças eram em vão. A cada dia constatava que o melhor era esquecê-lo, esquecer o Amor que sempre sonhei, esquecer o que era a fonte da minha felicidade, não conseguia simplesmente excluí-lo da minha vida e continuava a me matar aos poucos, pois continuar a vê-lo era morrer a cada instante, mas me fazia feliz conversar com ele, meu Amor era tão doce, tão companheiro, não conseguia esconder nada dele, ele conhecia me, como jamais outro alguém conheceu, me mostrava como era, era eu mesmo quando estava ao seu lado, mostrava minha alma, o melhor de mim.

Mas até que um dia fomos nos separando, nem sei em que momento deixei ele escapar de mim, deixei que nos perdêssemos um do outro, mas isso é um fato agora, um fato fatal para mim, mas ele continua vivo em mim, o Amor continua aqui, no lugar de onde nunca saiu e de onde nunca sairá, não importa quanto tempo passe, já se passou muito tempo desde que nos separamos, mas ele está aqui, sinto sua presença, por mais que em alguns momentos ache que isso foi o melhor que me aconteceu, por mais que as vezes, breve momentos a tristeza parece estar longe, sei que é só ilusão, não estou bem, nunca vou estar, sempre vou me entristecer ao lembra de ti, lembrar que você é o Amor que sempre sonhei e que nunca tive.

Minha memória, eu sei, chegará um dia que não será como no inicio, como agora. No inicio pensava em você a cada instante, tudo me lembrava de você, agora porem essas lembranças não são tão frequentes, mas ainda continuam aqui, à medida que o tempo passar, passando lentamente, chegará o dia em que parecerei ter te esquecido, você parecerá ter morrido dentro de mim, pois nunca pode ver a luz, mas lá no fundo, bem lá no fundo, no lugar mais escondido e intocável você estará e num momento qualquer e inesperado vou me lembrar de você e tudo que vivemos vou reviver e uma lágrima inesperada irá cair e junto com meu Amor irreal irei morrer.

Adailton Almeida Barros
Enviado por Adailton Almeida Barros em 14/07/2013
Código do texto: T4387336
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