Capítulo 5 - O começo de alguns pesadelos

Nunca estive em um ambiente cheio de pessoas doentes, talvez por quase nunca ter ido a um hospital, ou pelo fato de quando eu ia ainda era uma criança e não entendia de sofrimento, mas ver Bianca chorando em um banco aos braços de Sabryna a alguns metros de mim me fez tremer, enquanto Morgana estava em pé a falar com algumas enfermeiras, provavelmente esperando algum médico chegar e dar alguma notícia.

Sentei-me em frente ao banco delas, sem saber o que dizer, Bianca me viu e correu pro meu colo, foi até engraçado, mas não ri em momento algum, ela me abraçava forte e eu fazia o mesmo, enquanto Sabryna nos olhava com seu olhar maquiavélico registrado, Morgana se virou e veio em nossa direção com lágrimas no rosto já imaginava que não teríamos um dia fácil, então ela tentou falar:

-Filha, o médico disse que o papai tem... - ela caiu no choro.

-O que mãe? - Bianca perguntou também chorando

Sabryna sabia o que tinha que fazer e logo trouxe Morgana para o seu banco, enquanto eu chamei o médico com um grito, ele veio devagar, aumentando a minha angustia, e quando ele disse:

-Eu sinto muito, fizemos o que podíamos, mas o senhor Antônio não resistiu, é uma pena... - tudo que ele tentava dizer depois daquilo soava como uma breve introdução musical, melancolicamente ruim.

O que eu podia e devia fazer era cuidar delas naquele momento, e ligar para uma funerária, pelo que Sabryna me contou algumas horas depois Antônio tinha câncer a alguns anos, devido a ser fumante, e a doença tinha se agravado nos últimos anos, talvez tenha sido por isso que ele me tratava tão mal, e eu o julgando errado, espero que ele me perdoe por isso.

A manhã de segunda foi menos agradável ainda, em meio a um cemitério lotado de comoção, mas eu ainda não conseguia chorar, meus pais estavam conversando com Morgana, e eu estava sentado perto a eles, enquanto Sabryna cuidava de Bianca mais uma vez longe de mim, fomos todos pra casa dela, e minha mãe disse pra eu dormir lá naquela noite, não reclamei e obedeci. Já na terça acordei cedo para preparar um café, quando vi Morgana na varanda olhando pro céu.

-Bom dia.

-Bom dia Will. - ela veio e me abraçou com os olhos vermelhos.

-Sei que é um momento complicado, mas eu quero ajudar e não vou sair daqui tão cedo. - e a segurei em meus braços.

-Agradeço de coração, Bianca não sabe a sorte que tem em ter te conhecido.

Liguei para meus tios ainda de manhã, avisando que não iria trabalhar naquela semana, e talvez na outra também, expliquei a situação e eles compreenderam, depois de tentar alegrar um pouco a casa fui ao mercado comprar algo para o almoço, acabei levando apenas carne, macarrão e algumas batatas e tomates para uma salada.

Passei três dias em meio a uma mulher e uma rebelde adolescente desolada, e eu não podia fazer muito mais do que abraça-las, enquanto Sabryna ainda insistia em se prender em seus pensamentos, mas acho que ela já havia começado a entender o que ia acontecer, e que a sua presença ali por mais tempo iria ser fundamental pra todos.

Já era sábado novamente, e eu estava levemente feliz, planejando algum programa pra tira-las de casa, liguei para minha mãe e pedi pra ela trazer o carro, e então nós cinco, eu, mamãe, Morgana, Sabryna e Bianca, fomos a um parque em Dixon, haviam muitas flores, e um espaço bem conservador, algumas casas de madeira davam mais beleza ao lugar, e bem ao centro havia um lago, que a cada passo se tornava mais lindo de se ver e os pássaros voavam livremente em meio ao sol que brilhava e iluminava nossos corpos.

Tive alguns sonhos estranhos, aos quais não tenho vontade de recordar, apesar de tudo estar tão ruim, ainda espero respostas, e a cada minuto me sinto mais responsável por Bianca, com seu pai morto eu tenho que dar a ela todo amor e carinho, mesmo ela não sabendo de alguns dos meus segredos, espero que ela entenda um dia que eu talvez não fique tanto tempo ao seu lado, mas bem, tenho prioridades agora, e preciso cumpri-las.

Johan Henryque
Enviado por Johan Henryque em 20/07/2013
Reeditado em 20/07/2013
Código do texto: T4396577
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