DESTINO DE LUZ
 
Estrela não se entregava ao cansaço físico ou mental. Gostava da dinâmica que a vida na terra proporcionava e ficava feliz quando conseguia entender e viver cada circunstância em movimento.

Certa noite, sua filha olhou para Estrela com ares de rebeldia e desafiou:

- Então que Deus é esse que permite que pessoas sofram tanto e ocorra tantas injustiças na face da terra. Definitivamente, Deus não existe... Nós somos seres como qualquer um animal. Nascemos, crescemos e morremos... e ponto.

Estrela estava em seu dia de sorte... Eis que um ser estava movimentando um fim de dia com desafios de reflexão. De início, suas respostas saíram atrapalhadas e sem muito sentido. Tropeçou em suas idéias e armadilhas de mãe. Logo as duas começavam um debate de vaidade que desaguava em um caos discursivo sem fim.

Cada uma foi para seu quarto para, em silêncio, refletir melhor sobre o assunto.

Estrela saía vez em quando e soltava algumas frases, tentando estabelecer alguma conexão. Mas sua filha estava emparedada em sua filosofia ateísta.

- Mãe, o que ou quem é Deus e, se ele não pode interferir nas coisas mal feitas pelo homem, para quê ele serve?!

Estrela tentou explicar sobre um Ser Supremo acima de qualquer filosofia materialista, usando ilustrações atrapalhadas. Pelo menos conseguira um semblante mais sorridente, embora sua filha permanecia com sua alma fechada no ceticismo.

Como conseguiria convencer da existência de um ser que esta acima de qualquer existência materialista do ser humano?!

Estrela não conseguiria dormir enquanto esse desafio incomodasse sua alma e espírito. Então respirou fundo e disse:

- Filha... Tudo bem... não vou conseguir nunca convencer da existência de um ser que nunca pode ser acomodado em nossa realidade tão limitada de vida e morte; bem ou mal. Mas, peço licença para dizer o que eu, na minha singela personalidade busco a cada dia de minha existência.

A filha de Estrela agora abria uma brecha de sua parede filosófica e olhava de maneira mais curiosa, pensando talvez que sua mãe não descansaria até que convencesse sua pequena prole de sua filosofia.