Um Assassino

Cabun não era la grande coisa como assassino , não topava qualquer serviço , e quando topava ainda tinha o risco de não cumprir o contrato . Muito emotivo , esse era seu problema . Se olhasse para os olhos da vitima desistia do trabalho , logo , a primeira coisa que fazia quando apanhava o alvo era botar um saco de estopa na cabeça do infeliz , jogar no carro e levar para sua casa , uma casa rota no meio da rodovia , então perguntava a pessoa se estava tudo bem , se queria uma cerveja , um cigarro , um ultimo pedido . Depois ajoelhava a vitima e lhe dava um tiro na nuca , um único tiro certeiro , de forma que o corpo não tivesse tempo para agonizar , uma morte rapida e honrada , como ele mesmo dizia . Agora , certa vez , numa noite de natal apanhou essa senhora com seus la oitenta anos quando a mesma saia de casa , do seu apartamento num bairro pobre .. Cobriu seu rosto e a jogou no carro de vidros escuros aprova de som .

'' Hey , esta tudo bem ai ? ''

Perguntou Cabun a senhora , que não chorava nem fazia ameaças .

'' Esta muito quente aqui ''

Disse ela .

'' Abra um pouco a janela , sim ? ''

'' Ho, claro ! ''

Respondeu , descendo um pouco o vidro direito do carona , só um pouco .

'' Sinto muito , não posso abrir mais que isso ou alguém ve você ai atras , com esse saco na cabeça …''

'' tudo bem , filho ''

A calma da senhora confundiu Cabun . Gostou dela porque a mesma não lhe prometeu arrancar suas bolas ou o fez sentir se mal esmolando pela vida . C., explicou que estava levando a para sua casa , disse que tinha um bom vinho chileno e que ela poderia tomar um pouco se quisesse .

'' Whisky com duas pedras de gelo de coco …gostaria muito de beber um pouco …''

'' Whisky ? Bom ..''

'' Gostaria muito , filho …''

Cabun não tinha whisky , mas decidiu parar numa conveniência vinte quatro horas para comprar .

'' Tenho que te amordaçar , senão você grita e ai estou fodido . Mas afrouxo um pouco as amarras .''

A senhora concordou , com uma fita tapou sua boca sem retirar o saco de estopa de sua cabeça , depois afrouxou um as amarras e foi buscar a bebida . Aproveitou e trouxe tambem uma caixa de cigarros Lo Sabor del Fuego . Quando voltou para o carro encontrou a vitima da mesma forma que a deixou , tranquila e paciente . Ficou feliz com aquilo , dirigiu até sua casa , soltou sua pernas a guiou ate a sala a acomodando no sofa de couro sintetico marrom . Foi ate a cozinha , preparou um bom copo de whisky , mas então se lembrou , não havia gelo de coco . Voltou ate a sala e informou o infortunio .

'' Não ha gelo de coco ? ''

Perguntou indignada a senhora , com a voz abafada pelo saco de estopa em sua cabeça .

'' Sinto muito . Tenho gelo comum . ''

Falou Cabun , de cabeça baixa , envergonhado por ter se esquecido da agua de coco . Um caminhão cortou o asfalto clareando a sala da casa a beira de pista , que era iluminada por um único abajur amarelado posto ao lado da porta

'' Tire essa porcaria da minha cabeça e me deixe ir embora , já ! ''

Soltou a senhora , se levantando , tentando soltar seus braços amarrados com barbante de sisal .

'' Se acalme, vou buscar sua bebida .''

Disse Cabun , se virando na direção da cozinha .

'' Seu cretino , me solte , seu porco tarado . Deixe só eu me livrar e você vera o que é bom …''

Oh , sim , pensou nosso caro amigo , ela estragou tudo . Até aquele momento corria a possibilidade de Cabun a deixar ir depois da bebida . Já tinha recebido a grana mesmo , e num julgamento precipitado sentenciara que a pobre velha não merecia morrer . Uma boa pessoa . O que faria , ate poucos segundos atras , seria soltar a mulher numa cidade vizinha , dirigir até a casa do seu filho , esse que lhe pagara uma boa quantia para matar a mãe e ficar com sua casa e o seguro de vida , para lhe alvejar com um tiro certeiro entre os olhos . Cabun explicou isso a senhora que se pos a chorar depois que ele lhe deu um bom bofetão nas tetas murchas como bexigas furadas .

'' Mataria o sacana do seu filho e olharia direto nos seus olhos pensando que se tratar de um filho da puta . Mas agora vejo que o desgraçado tem seus motivos . Você é uma velha bruxa , de boca suja e bipolar . Veja bem , puta , vai morrer por causa de duas pedras de gelo de coco . ''

Cabun tirou seu cospe chumbo prateado de tras de um quadro onde aparecia abraçado com uma bela jovem negra de olhos azuis , deu um soprão no cano e pediu para a senhora se ajoelhar direito .

'' Vamos logo acabar com isso . ''

'' Por favor , meu jovem , por favor …''

A voz fraca saindo de dentro daquele saco de estopa amoleceu o coração de Cabun .

'' Porra , vamos , senhora .Me desculpe , mas não esta facilitando as coisas para mim . ''

Dois carros passaram rapidos como balas pela rodovia e a sala foi clareada por raios que estouraram pela janela e atravessaram a cortina empoeirada . A velha esperneou um pouco quando nosso amigo agarrou delicadamente seus braços para bota la de joelhos . Como ela não parava , precisou lhe dar um safanão e mais outra bica nas costelas .

'' Quanto mais lutar mais dor sentira . Só quero acabar com isso . Desse jeito esta a me fazer sentir me mal , um monstro ''

Depois de certo trabalho a mulher sossegou . Cabun botou a arma em sua nuca e ouviu alguns soluços , soluços de alguém já conformado com seu destino , e quando um caminhão passou e fez as paredes tremerem na escuridão da noite , quase não deu para ouvir o tiro atravessando o saco de estopa .

Dia chuvoso de julho . Patel de camarão , anuncia a lousa riscada com giz , prato do dia . Duas e meia , o sol se esconde por de trás de nuvens carregadas , tão pesadas que parecem que vão desabar a qualquer momento . Cabun sentado numa mesa próximo a porta observa o cachorro malhado de porte medio se escondendo no ponto de onibus dos pingos grandes e gelados de agua .

Da onde esta ouve o oleo na frigideira gritar na cozinha quando mais massa recheada e posta para nadar . O cão no ponto , encaracolado como uma cobra , escondendo a cabeça entre as pernas , cheirando o próprio saco para afugentar o frio ,levanta as orelhas quando um tipo de capa de chuva amarela joga uma bituca acesa próximo do animal . Com o focinho da uma cheirada e olha com olhos tristes para o rosto daquele que nem lhe da bola envolto em plastico amarelo . Torna a recolher o nariz para entre as pernas . Nadando pelo asfalto encharcado , desviando de carros , debaixo de um guarda chuva azul , essa garota chama a atenção do nosso amigo Cabun . Seus cabelos vermelhos ciscam os ombros escondidos pela parca negra que envolve seu corpo . Tem o rosto bonito , arrendondado , gordo . Ela pisa sobre a calçada , tenis das Estrelas Cinzas , um tom escuro e sujo que dependendo de como se olha parece que seus pes estão enterrados no concreto velho da calçada . Ela entra na pastelaria vazia , ninguém quer comer pastel de camarão num lugar onde a chinesa que serve as mesas tem cheiro de peixe podre . Em todas cinco mesas vazias enfileiradas num corredor de dois metros por seis ha um vidro de pimenta e outro de maionese . Mesas de madeira , mesas que em nada combinam com a simplicidade do lugar , que de fato merece mesas de lata com logotipo de cerveja vagabunda impressa no tampo . A garota olha para Cabun , que abre um sorriso bobo , sente o coração palpitar um pouco mais rapido que o normal .Se levanta para puxar uma cadeira para a jovem . Ela , antes mesmo de sentar joga sobre a madeira um envelope pardo gordo afirmando que esta tudo ali .

'' Legal . ''

Diz Cabun , guardando o pacote no bolso da jaqueta jeans preta .

'' Meu irmão , é ele quem quero que mate , e por favor , faça de forma indolor ''

Ouvir isso , tais palavras saindo da boca de uma bela mulher já não causa mais espanto em C.

'' Só peço que conversemos sobre tal assunto de forma discreta . ''

Pede ele , se curvando na direção da garota . Sente seu perfume , Egeu adocicado . No balcão o chines de meia idade usando uniforme branco de padeiro e bone com propaganda politica vermelho assisti a TV , assisti a um filme idiota sobre sereias e peixes falantes .

'' Não quero que ache que odeio meu irmão . Ele não me maltratou e nem é por causa de dinheiro . ''

Explica a garota , pondo os cabelos vermelhos atras da orelha .

'' Eu o amo ''

Fala .

'' Claro que o ama . É seu irmao ''

Diz Cabun , erguendo a mão chamando a atenção da garçonete .

'' Não preciso saber dos poréns . Para mim e até melhor . Não gosto de me envolver . ''

'' Narciso e um bom homem . Nunca fez mal a ninguém .''

'' Todos são ''

Com as mãos ainda levantadas C. , chama o homem do balcão com bone vermelho .

'' Hey , aqui , diga a garçonete vir aqui , sim …''

O homem do balcão faz um joia , afunda ate próximo dos banheiros onde fica a cozinha e em chines berra pela mulher das mesas …

'' Escuta , não me importa o 'porque' . Deve ter seus motivos , para mim não a problema nenhum em fazer o trabalho contanto que eu não veja os olhos dele . Se começar a falar de como ele e legal e cuidou de você na infancia , terei uma ideia errada sua , e isso não é nada bom . ''

Fala Cabun . A garçonete aparece . Cheira a fritura , gordura . Veste regata e um guarda po branco pingado , manchado . Nas axilas pequenos brotos de pelo são visiveis .

'' Quero uma cerveja , e só . ''

Deixa que a garota peça um suco e um pastel de queijo na sua conta . A garçonete se vira e vai .

'' Não queria ter de fazer isso , mas ele esta me forçando a tal . ''

'' Você não vai fazer nada . ''

'' Eu o amo tanto …''

'' A família , o amor da família chega a dar odio , não ? ''

'' O amor é como uma mosca tentando sobreviver ao caos . ''

'' Pois é . ''

'' A gota da agua para mim foi na semana passada . Peguei ele com uma vadia . Não suporto a ideia dele estar dormindo com aquela piranha . ''

'' Entendo . Você deve ser a irma mais velha , a superprotetora . ''

'' Eu o amo …''

'' Tudo bem , já entendi …''

'' Não , estou dizendo que sou apaixonada por ele , sou apaixonada por Narciso desde meus quinze anos .Mas quando revelei isso a meu irmão, me chamou de louca …''

Cabun petrificou por um momento . Sentiu que alguma coisa estava errada .

'' Bom , creio que deve ser adotado ou filho de outra mãe …''

'' Somos gemeos …''

'' Legal …''

A garota tira da bolsa uma foto . Nela , Narciso e ela aparecem juntos num parque , ao fundo o carrossel e as luzes coloridas . De fato , são quase a mesma pessoa , dito que o irmão usava barba rala e não tinha os cabelos curtos tingidos de vermelho .

'' Sei que pode parecer estranho , só queria que soubesse que não é por dinheiro ou raiva .''

Fala a garota . Os dois se calam quando a chinesa volta com os pedidos . Deixa a cerveja , o pastel de queijo e o suco . Cabun prepara um copo com cerveja que bebe num só gole . Olha para a garota que toma seu suco de morango com um canudinho . O vermelho preenche o tubo em direção a sua boca . Os olhos pregados no pastel encharcado no prato plastico . Cabun sente pena , seu coração palpita de forma estranha . Pensa que , fazendo o serviço livrara a jovem de sua tortura .

Amor e uma mosca tentando sobreviver ao caos **.

'' Por favor , não quero que ele sofra …''

'' Não vai ''

** Isabelle Ivy

27/09/2013

13h27m

Cleber Inacio
Enviado por Cleber Inacio em 27/09/2013
Reeditado em 27/09/2013
Código do texto: T4500612
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.