Lua de Violeta

Passaram-se três anos desde que eu conheci a menina mais linda e minha fiel companheira para todas as horas, minha melhor amiga Suzan, uma menina de pele morena, longos cabelos pretos com cachos na ponta, olhos castanhos, e um pouco mais baixa do que eu, conheci ela em um evento de Rock aqui na minha cidade, Fallen, começamos a nos falar e depois trocamos o número de celular e não paramos de nos falar até hoje, saímos juntos, vamos ao cinema e sempre damos o melhor conselho um para o outro, mas nesse último ano eu percebi que me apaixonei e não sei como contar. Faz um ano que eu tento criar coragem e nada sai da minha boca. Espero que hoje eu consiga, vamos sair para ver as estrelas e comer doritos com Pepsi. Desejem-me sorte.

Acabei de sair da aula e estou indo para casa, vou tomar um banho e me arrumar para ir me encontrar com a Suzan e ir até a praça da cidade e ficar olhando para as estrelas. Hoje vai ser um grande dia, eu espero. Sai do banho e coloquei uma roupa preta com gola “V”, uma calça Jeans bem escura e um all star preto, ajeitei o cabelo de acordo com que a franja ficasse um pouco em cima do olho direito e a parte de cima ficasse bem bagunçada, ouvi meu celular tocar, tinha acabo de chegar uma sms dela – Já estou aqui, você demora a se arrumar hein! Mais do que eu que sou menina! – isso fez com que eu começasse a rir, era sempre assim. Ela se arrumava rápido e eu não.

Depois de mais alguns minutos eu cheguei até o local que tínhamos combinado e olhei para ela, lá estava, com sua blusa da banda Raimundos, uma jaquetinha roxa por cima, uma calça jeans e uma bota preta, cabelo solto que iam até um pouco abaixo do ombro e eram extremamente cheirosos, cheguei perto e me sentei ao lado dela, debaixo de uma árvore e de frente para o lago.

– Você é uma menina para se arrumar hein! – ela disse em um tom bem irônico e eu apenas retruquei, eu adoro fazer isso – E você é um menino de tão rápido.

– Pelo menos eu chego no horário – e nos dois começamos a rir, é sempre assim que começa nossa conversa quando estamos juntos.

– Comprou o doritos e a Pepsi?

– Óbvio né, sou o menino, tenho que fazer tudo – apenas comecei a rir.

– Como foi seu dia, Will?

– Ah, meu dia foi ótimo, mas está melhor agora – ela deu um sorriso de canto de boca, aquele sorriso bobo e envergonhado, eu adoro esse sorriso dela. Ficamos sem nos falar por alguns minutos, porém um silêncio muito bom.

Apenas ficamos contemplando a beleza do lago que refletia todo o brilho lá do céu, costumávamos dizer que o céu é uma grande obra de arte dos deuses e que a cada dia eles apagam e pintam da forma como está seu humor, uma coisa muito bonita de se pensar. Ela quebrou o gelo.

– Hoje os deuses estão de bom humor.

– Acho que algum deles está apaixonado – ela olhou curiosa pra mim – como é que é?

– Desculpa, é que o céu está tão lindo que só alguém que está apaixonado conseguiria molda-lo dessa forma.

– Como você sabe?

– Apenas sei – ela concordou com a cabeça e se deitou no meu ombro, e ali ficamos por mais de uma hora apenas olhando para o céu. Teve um momento que ficou mais frio e ela me abraçou como sempre acontecia também, meu coração acelerou mais do que deveria. Ela sentiu.

– O seu coração está acelerado. O que houve? – por um momento eu fiquei sem ter o que dizer, passou-se dez segundos que para mim levaram dois anos – É que eu estou segurando toda minha paz e alegria nos meus braços – ela ficou extremamente corada.

– Assim eu fico sem jeito – colocou a cabeça em meu peito para eu não conseguir olhar para o rosto dela, eu achava aquilo um gesto muito fofo.

– Eu gosto de você assim.

– Ah, seu malvado – então ela tirou a cabeça do meu ombro e me deu um soco, de brincadeira, no ombro. Até que doeu um pouco. Olhei para a lua e ela estava um tanto quanto diferente, estava cheia e com um tom de violeta, olhei para ela e depois para Suzan, ela estava olhando para o céu e fiquei reparando nos lindos olhos castanhos dela e em como sua pele era doce e delicada, embora as roupas não fossem “femininas” ela tinha uma delicadeza fora do comum e que nenhum menino ainda reparara, por que a maioria eram bobos demais para isso. Tomei coragem.

– Quero te contar uma coisa – ela fez que sim com a cabeça e continuou olhando a lua, ficou esperando o que eu queria dizer – Eu amo você.

– Ah, seu fofo, eu também amo você.

– O que eu estou querendo dizer é que eu amo você – ela olhou para mim com uma cara de curiosa e ficou esperando eu completar o resto da frase – do tipo estou apaixonado por você – meu rosto corou na hora, não acredito que eu disse aquilo na frente dela, olhando nos olhos dela. Ela também corou e voltou a contemplar a grande lua cor de violeta.

– Desde quando?

– Depois de tudo Suzan, tudo que a gente passou juntos e os momentos legais e tristes também. Tudo isso fez eu perceber que eu amo você daquele outro jeito – ela continuou olhando para a lua, e eu estava certo de que aceitaria a “derrota” – Seus olhos ficam tão lindos com o reflexo da lua.

– Ah, obrigada, mas não mude de assunto – agora eu não estava entendendo nada, qual o motivo de ela não querer mudar de assunto – Você não quer mudar de assunto?

– Não, acho que você precisa dizer mais coisas – ela estava certa, eu precisava mesmo, então soltei tudo.

– Ah Suzan, o dia que a gente se conheceu naquele festival de rock eu sabia que você era diferente das outras meninas, não só no jeito de se vestir ou pensar, mas também no modo de agir, você é diferente de tudo que eu já toquei, vi ou ouvi. Você tem um ar de mistério que me deixa confuso, um ar de alegria que me contagia, um ar de felicidade que me contempla, um ar de delicadeza que me deixa sem graça, um ar de paz que me faz relaxar, e um ar solitário que me faz querer te amar – percebi que ela estava muito mais corada do que o normal, ela virou o seu rosto para mim e olhou nos meus olhos.

– Eu sei como é isso – e então ela olhou para baixo, eu demorei quase vinte segundos para perceber o significado daquela frase e depois mais um milênio para acreditar no que significava, depois com a cabeça baixa levantou os olhos para mim e deu aquele sorriso bobo. Eu ganhei, obrigado lua de violeta. E então me aproximei e a beijei, seu beijo era doce e amargo, diferente de tudo que eu já senti, por um momento eu queria que o relógio do mundo parasse e nunca mais voltasse a funcionar.

O relógio despertou às oito horas da manhã, e então me sentei na cama e olhei pela janela e vi aquele lindo sol e as nuvens que pareciam algodões doces gigantes e eram brancas que nem a neve, e comecei a pensar no sonho que eu tive essa noite e coloquei uma camisa cor de violeta e pensei – Tem que ser hoje.

Willpsk
Enviado por Willpsk em 08/10/2013
Código do texto: T4517272
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