Uma boa mulher

Ninguém pode ver dessa forma. Tenho uma caneca com café amargo nas mãos. Me sento vestindo um camisão. Minhas pernas estão de fora. Sento no banco originado por um Carvalho. Ainda não sei o significado das coisas. Chove na parte da frente da nossa casa. Na parte de trás há fogo. O fogo queima toda a serragem. A água molha todo o meu carpete de boas-vindas. Sou mãe solteira. Essa criança que existe dentro de mim sente fome. O fogo se alastra por trás da casa. A chuva na parte da frente começa a destruir meu quintal. Há uma vida dentro desse mapa. A nuvem negra começa a se manifestar. Ela toma conta de toda a área percorrida pelo som. Não há ninguém em quilômetros. Não há comida. A chuva e o fogo me impedem de colher os grãos. Tenho uma vida acessível. Sinto a sorte percorrer a borda da caneca. Ela é uma boa mulher, as pessoas gritam. Ou fui há algum dia. Não entendo bem. Eu poderia ser uma boa mãe. Dizem que coexiste uma nobre vontade de ter laços sanguíneos nessa idade. Mas eu só consigo entender sobre o que é verdade. Então começam a gritar que eu saia daqui. Estão tão distantes que, se houver alguma falha no percurso não saberão qual foi o erro. Então eu posso dizer que o café está entupido de desvantagens. Não há mais o que crescer por essas terras. Estou perdendo metade da casa. Sei que estou, porque estou vendo seus ossos. Não posso me abrigar por aqui novamente. Permaneço, incomodo o ambiente. Me senti interessada em possuir uma carta de palavras não escritas. O mundo dirá que sou selvagem. Não me importo com elogios perdidos. Recolho conselhos que farão manter o fogo aceso. Todos que ainda estiverem atentos à ação saberão que eu só poderia dizer a verdade em caso de alguns condenadores de almas virem me tirar da beira dessas águas.

Há doze meses eu o vi do outro lado desse rio de correntezas fortes. Você disse que atravessaria através das nuvens e me faria conquistar um pouco de água salgada. Algo tão inacreditável que os marinheiros gostariam de tomar o meu lugar nessa promessa. Você se lembra de que foi assim que nos conhecemos? Eu possuía um pouco de ar, e você me fazia saber que precisava de um pouco mais para sobreviver. Nós achamos algumas horas depois alguns filhotes perdidos... Certo que também estávamos, mas eu não poderia mais dizer por meia hora o quanto eu o amava. Você os acolheu e disse que deveríamos voltar com todos para a casa, porque em algumas semanas eles estariam bons para controlar o mundo. Você os carregou todo o tempo com um sorriso implantado. Não poderia dizer que não tínhamos mais uma propriedade. Se tivesse me dito, eu diria que não havia problema. Eu sei que apenas acredito coisas que são fabricadas pela minha mente, mas você começou a recolher os galhos e fazer uma casa com esse tom verde florestal. Eu teria sorrido do mesmo jeito que sorri quando descobri a verdade.

Os filhotes já estavam prontos para partir. Você disse que deveríamos deixa-los no mesmo onde nos encontramos pela primeira vez. Tudo precisa tomar um novo rumo. Se voltarmos ao inicio das coisas, então sempre voltaremos de alguma forma. Não podemos deixa-los onde os encontramos, porque eles voltariam a ser o que eram antes. A linha conta a partir dos fatos, mas quando o trouxemos conosco outros fatos se tornaram, então nada pode se perder num total. Eles entraram no rio como em um mergulhão, retornaram do outro lado e se sentiram satisfeitos. Nesse momento eu soube quem você era, e quem você representava. Eu continuaria aqui por mais algumas horas, mas você precisa ir.

Sua partida foi no inicio da tarde. E quando você sumiu completamente já era quase a metade do tempo que o tempo poderia existir. Não podemos competir com a natureza das coisas. Você me apelidou de “uma boa mulher”, e eu sempre tive que curar desse título jovem. Esse seu título favorito. Ele não pode começar a mexer dentro de mim. Alguém não pode ser o oceano. Então eu sei que a coragem não pode ser compreendia por todas as pessoas.

Eu determinado a dizer tantas coisas, só deixava as coisas descascarem. Você não iria voltar. Tudo iria continuar cinza. Não tenciono dizer sobre suas coisas favoritas. É engraçado tocar no assunto como se você estivesse aqui, como se você fosse se manter por perto. Engraçado não colocar aspas nas palavras. Esse seu chamado oceano não pode crescer dentro de mim. Ele seria louco por você, e então só seria mais um doido no mundo. Não me arrependo de ver as coisas queimarem. Além dessa caneca aqui, como minha falta de sanidade, foi à única coisa que eu trouxe até hoje. Do outro lado da floresta as pessoas continuam gritando, mas elas não entrem, não vêem esse pequeno espaço como eu vejo. Você o construiu para me proteger por alguns segundos, como se cada estrutura fosse uma parte perdida sua. E por isso eu não encontro palavras que digam que eu acho que te amo. Algo longe de mim, porque eu quero dessa forma. Mas você não pode ficar... Não pode retornar a linha, lembra? Você não pode se sentir como eu. Não pode estar fora da sua capa de macho dominante e se sentir confortável de ficar com alguém que você viu do outro lado e enxergava além das pequenas clareiras. E dizer que te amo nunca vai ser a última coisa a dizer. Você não queria que eu tomasse esse tipo de decisão, porque se sente perdido... Cobrindo suas desvantagens, e completando os últimos espaços que julga vazio no mundo. Essa sensação nunca vai passar, porque você disse que seu coração bate brutalmente forte em outro momento. Então todas as pessoas assistem você tentar me tirar dessa varanda. Você percebe que só digo coisas que você disse? Não quero completar esse tipo de história, porque no final tudo é complicado. Então não seja meu. Só esteja aqui em algum momento.

Yuri Santos
Enviado por Yuri Santos em 26/10/2013
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