Anos Dourados - Parte 2

Capitulo 1

Anos dourados. O inicio

“ANOS DOURADOS

Para a única mulher que amei. Esta é nossa história Isabelli.

Marcos Struter.”

Marcos decidiu começar o livro pela sua juventude, por volta dos seus 21 anos. Foi nesse período que ele conheceu Isabelli. Parecia que foi ontem que ele passou por tudo aquilo. Então recordando começou a escrever:

“Tudo começou num domingo. Eu tinha por volta de uns 21 anos e um destes parques que montam e desmontam chegou à cidade. Todos os moradores ficaram entusiasmados em se divertir um pouco. Sinceramente não estava com muita vontade de ir, mas fui com a intenção de ver alguns brotos e ver se alguma eu conseguia "fisgar" para aquela noite. Meus amigos me chamavam de Super Marcos por conseguir qualquer garota que quisesse. Modéstia parte, mas sim, todas caiam na minha boa lábia. Apenas uma garota foi relutante, por saber como eu era, mas por fim se apaixonou por mim e eu por ela. Isabelli.”

Parou por alguns segundos e descansou a vista. Aproveitou para relembrar como era a Isabelli. Sem duvidas era a mulher mais bonita que ele conheceu. Marcos se assemelhava por Sabrina pelo fato de ser parecida com sua amada. O jeito de sorrir e modo sonhador dela o encantaram, e seus belos cabelos encaracolados eram idênticos ao de Isabelli. Quando conheceu Sabrina seu coração disparou e imaginou que estivesse vendo uma miragem, uma cópia real de uma jovem que ele amou, e quando se aproximou soube de inicio que ia gostar da garota.

Ele então decidiu prosseguir com o livro.

“Ela sem duvidas era um anjo caído. Sua beleza era única e logo me conquistou. Encostada perto da roda gigante seus belos cabelos escuros encaracolados brilhavam com as luzes que piscavam do brinquedo. Logo que a vi disse aos que estavam comigo que ela era minha. Fui me aproximando lentamente, como quem quisesse ver os outros se divertindo nos banquinhos da roda gigante, e fiquei de frente com ela. Ela estava com um vestido amarelo justo na parte de cima e com uma saia rodada com um laço de marcava sua cintura. Concentrei-me a traçar sua personalidade, deduzi que era uma moça muita certa, inteligente e que não cairia fácil no meu papo por se mostrar bem determinada. Pude notar também que tinha certo lado cômico, pois abafou um risinho ao ver que um rapaz tinha rasgado sua calça ao tentar sair de um dos brinquedos do parque. E não posso deixar de dizer que tinha certeza que sua família era bem de vida, pois seu vestido não tinha cara de ser da lojinha que minha comprava os dela e sim feito sob medida por uma costureira profissional. Juntei todas essas informações e pensei num xaveco perfeito.

Tomei coragem e fui ao seu encontro. Quando reparou que estava me aproximando vi em seu rosto que tinha planejado uma forma de me dispensar rapidamente. Então saquei o que devia fazer.

- Boa noite bela senhorita.

- Boa noite – respondeu sem dar muita atenção ao que eu falava.

- Prazer! Meu nome é Marcos. E terei o prazer de saber o seu nome?

- Acho que não – disse rispidamente.

Isso tinha sido um banho de água fria, então tive outra ideia.

- Tudo bem. Apenas queria saber seu nome para o ‘Zé Mané’ do meu amigo ali. – e apontei para o rapaz de calça rasgada, que eu nem conhecia. – Ele te achou muito bonita.

- Ele pediu para saber meu nome? – perguntou com ar zombeteiro sabendo que era mentira, já que ele estava acompanhado.

- Certo você me pegou. – disse tentando parecer surpreso, mas tudo fazia parte do plano – Então acho que terei que descobrir o seu nome. Vou começar. Barbara? Julia? Amélia? Você tem cara de Amélia. Elizabete? Ok! Samantha? Maria? Isabel?

- Chegou perto na Samantha – respondeu rindo

- Já sei o seu nome – respondi quando percebi que o nome dela era algum derivado de Isabel. Talvez fosse Isabela e então arrisquei – Isabela?

- Não – respondeu esperando outra tentativa.

- Isabele?

- Não também!

- Isabeli?

- Com um ou dois L’s?

- Dois?

- Eu que perguntei primeiro – disse sorrindo.

- Isabelli com dois L’s – percebi que ela tinha se soltado um pouco mais.

- Tenho que admitir que você é bom nisso.

- Será que a senhorita Isabelli aceita dar uma volta comigo na roda gigante?

- Sim aceito. – concordou sem pensar muito, para minha surpresa – Vejo que não era essa resposta que estava esperando – acrescento rindo ao traduzir minha expressão.

- Sinceramente não. Achei que ia recusar – admiti

- Não custa nada se divertir um pouco, certo? – perguntou piscando para mim.

Então percebi que deste o inicio ela tinha me feito de bobo para sua própria diversão e que se fazer de difícil era para me ver tentar diversas vezes até desistir. Tenho que admitir que isso me encantou mais. Quem tinha na verdade caído no xaveco tinha sido eu.”

Marcos recordou que aquela noite eles tinham se divertido muito, ela era muito divertida, e sempre dava um jeito de fazê-lo de bobo. A parte que mais marcou ele foi quando ela pediu para ele um ursinho de brinde no tiro ao alvo, Marcos sabia com felicidade que aquele era um sinal bom. No final da noite, quando o parque fechou, ele a acompanhou até casa dela. Não tinha sido nesta vez que eles se beijaram, mas não ia faltar oportunidade, disso ele sabia.

“Por fim nos divertimos muito. Compreendi que ela tinha gostado de mim. Ganhei um ursinho para ela, e ela retribuiu com um beijo na bochecha. Sem duvidas queria vê-la de novo e não queria que aquela noite acabasse, mas infelizmente acabou e acompanhei-a até sua casa. Era uma casa grande, com um belo jardim com cercas brancas ao redor, por fora aparentava ser bonita e muito bem decorada por dentro. Deixei-a na entrada da cerca branca, ela me parou lá na verdade, e se despediu com um beijo suave no nariz, coisa que não entendi direito. Antes que ela entrasse perguntei quando iria reencontra-la novamente e ela respondeu sorrindo:

- Que tal final de semana que vem? Tem uma danceteria que eu e minhas amigas frequentamos. Tem boas músicas e ótimas bebidas. Gosta de dançar? – perguntou entusiasmada.

- Adoraria. Sei uns passinhos e você poderia me ensinar o resto. Posso passar aqui que horas?

- Pode ser às 18 horas? Você tem carro? – e acrescentou rapidamente – Não que eu ligue para isso é que para saber com que tipo de roupa irei – e sorriu.

- Tenho orgulho de dizer que tenho um BMW 507 branco e vermelho. Sabe que roupa usar com este? – perguntei brincando.

- Acho que posso arriscar então um vestido que raramente uso, só em ocasiões especiais – e saiu apressada para sua casa, fugindo da óbvia pergunta que seguiria este comentário.

Retornei para minha casa muito feliz.’ Então ela considera sair comigo algo especial’ pensei. Dormi com um sorriso bobo no rosto e sonhei com o próximo final de semana.”

Satisfeito com o que escreveu, levantou da cadeira e colocou o caderninho com a caneta em cima do criado mudo então resolveu tomar uma xícara de café. Sentou na mesinha de sempre e logo chegou seu café e o familiar bolinho, sem perceber comeu ele inteiro e pediu outro, estava com um pouco de fome porque até então não tinha comido nada e o relógio em cima do balcão marcava 16h25min. Não demorou muito Sabrina veio toda curiosa.

- O que foi que deu no senhor hoje?

- Nada ué! – respondeu ele rindo

- Tem certeza? Porque perguntou aquelas coisas pra mim? – perguntou com as mãos na cintura, achando uma grande novidade ele estar rindo

- Uma surpresa. E só isso que vou falar.

- Tudo bem então, mas olha lá o que você vai aprontar. – e saiu rindo.

Marcos estava se sentindo muito feliz. Enquanto escrevia ele tinha uma sensação de estar ao lado de Isabelli e era excelente esta sensação. Era como se tivesse rejuvenescido uns 15 anos e achava que podia até arriscar uns passinhos no baile da terceira idade. Na verdade Marcos não estava tão ruim assim, estava muito bem para sua idade e por tudo que passou, mas a tristeza da perda o deixou mais acabado que a idade. Então resolveu que ia ao baile num dos finais de semana, em homenagem a Isabelli, como certa vez fizera muito tempo atrás.

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Continua

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Henrique Simão de Oliveira