{Amanda} Em Mundos Paralelos. #03

Amanda > Capítulo 3

Tente mover o mundo - o primeiro passo será mover a si mesmo.

Platão

- Ricardo?! E ai beleza?

- Beleza Tiago. As rapaziadas vão naquela boate, e liguei pra te chamar.

- Vô nada cara, com certeza aquela louca vai estar lá e nem quero vê-la tão cedo.

- Tá de zueira! Você vai deixar de pegar as gatinhas, por que aquela sem noção vai estar lá?

- Também... Estou sem saco pra sai...

- Você é um furão, deixa disso Tiago...

- Serio mesmo Ricardo, deixa pra outro dia. Tchau.

O melhor que tenho a fazer é ficar em casa e descansar... Assistir a um jogo na televisão... Faz tempo que não faço isso... Passando pelos canais... Nem tem jogo hoje, faz tanto tempo que não sento na frente de uma TV que nem sei a programação... O jeito é olhar a minha caixa de e-mail, faz uns dias que não entro e deve estar lotada... Um e-mail de Veronica... Faz tempo que não nos vemos... Deixa-me clicar aqui para ler...

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De: Veronica Bertoli (veroninabertoli@gemail.com)

Para: Tiago Ferraz (tiagoferraz@gemail.com)

Assunto: Decisão Precipitada – 15/11/13 – 18:37h

Tiago a gente se engana muito com as descrições românticas.

E sei que errei em impor uma relação com você. Logo com você,

que tem os seus receios e não os respeitei. Triste, ir dormi sem você

ao meu lado, só com uma música de fundo e pensando em seus toques

em minha pele. Afastei-me e você deve estar surpreso com esse e-mail.

Caso queria conversar, sabe onde me encontrar, por incrível que pareça

também estou em Recife.

Um beijo, Veronica.

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Mas um enrosco em minha vida... Se bem que ela é bem gostosa e foi uma das minhas melhores transas... Acorda Tiago, não é hora de ficar pensando nessa transa... Tenho mais o que fazer.

Ufa! Consegui responder todos os e-mail e deletar alguns sem sentido... Ainda são 20 horas? ... Deveria ter aceitado sair com os amigos, pelo menos me distrairia. Melhor do que ficar em casa, respondendo e-mails e pensar na possibilidade de cruzar ou não com aquela sem noção. Garota convencida... Quer saber! Já que não tenho nada para fazer em casa e nem quero ir à boate vou ao shopping adiantar o projeto, comer aquele bolo de limão que sempre me traz grandes ideias.

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- Filha?! Não vai sair hoje? – perguntou a minha mãe da porta do meu quarto.

- Não mãe, estou meio desanimada...

- Aconteceu alguma coisa? –me olhou com cara de surpresa, afinal não sou de ficar em casa e isso era novidade pra minha mãe.

- Não... Só que...

- Ah! Então bem que você poderia me ajudar a fazer os docinhos... – minha mãe estava atrapalhada nos doces do casamento da Vic, mas era uma coisa que não gostava de mexer era na cozinha. Dessa vez vou ter que deixa-la na mão...

- Mãe! Não vou sair pra boate, mas vou naquela cafeteria do shopping fazer um lanche.

- Hum... Ok... Aproveita e compra algum bolo, para comermos amanhã no café. – cara de desapontamento. Doía fazer isso, deixar a minha mãe na mão. Mas ela não tem só eu de filha...

- Tá bom... – a olhei com o coração apertado.

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- Boa noite, senhor Tiago. Deseja alguma coisa? – a atendente me olhou, esperando minha resposta.

- Boa noite... Por enquanto não. Quando precisar lhe chamo.

Direcionei-me para uma parte reservada, precisava pensar em como elaborar o projeto e esse lugar era perfeito para isso, fora que o bolo de limão era mágico, mas só o comia quando não conseguia resolver os problemas. Lembro-me os tempos da faculdade, quando precisa estudar... Esse era o melhor lugar para isso, a cafeteria dos meus pais. Esse lugar me trazia boas e más lembranças... Mas não tinha tempo para pensar nisso, preciso agilizar o projeto da construção da mansão do senhor Luigi Alcântara... Fui em direção ao ambiente reservado... Não tem ninguém... Exceto por uma mulher... Melhor assim, preciso de silêncio para pensar... Mas essa mulher me lembra alguém... De onde estou não dá para vê-la direito... Caminhei em sua direção e antes mesmo de chegar perto da tal mulher ela se vira como se estivesse procurando algo e então os seus olhos param em mim... É isso mesmo que estou vendo? Não é possível... Devo estar com muito azar mesmo. Eu querendo fugir dessa louca e ela me seguindo. É isso... Ela deve estar me perseguindo. Tenho modos e o melhor a fazer é cumprimenta-la, aliás, ela já me viu mesmo...

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Entrei na cafeteria por uma entrada que dava acesso a um espaço reservado, muito agradável por sinal, onde adorava frequentar com os meus colegas de trabalho, nesse lugar agente se dava ao luxo de se distrair depois de um dia longo e cansativo. Sentei num lugar de costas para quem entrava pela delicatéssen. Senti-me um pouco incomodada... Com certeza sentei no lugar errado, só pode... Nenhum funcionário veio me atender... Olhei em volta para ver se encontrava alguém... Nada... Olhei atrás de mim na esperança de alguém me ver e os meus olhos pararam em um homem que se encontrava parado me observando... O olhei dos pés a cabeça, não estava acreditando, no que estava vendo. Pisquei várias vezes e realmente não era fantasia da minha cabeça carente, o Tiago estava ali a poucos metros de mim e não sabia o que fazer. Meu eu implorando para que eu fosse até ele... Não podia chegar assim de repente, talvez ele nem se lembre de mim... Com certeza se lembra, depois daquele pequeno desentendimento... Muito difícil esquecer... Meu coração então acelerou, ele estava vindo em minha direção, melhor disfarçar...

- Boa noite Amanda. – Tiago, se adiantou a falar formalmente.

- Boa noite Thiago, que surpresa te encontrar aqui... – falei com sinceridade.

- Digo o mesmo. – respondeu com a mandíbula cerrada. Será que está bravo?

- Como assim? Não entendi sua ironia...

- Não estou com ironia, só falei que também estou surpreso de te encontrar aqui. – respondeu ainda em pé, me olhando diferente.

- Por quê? Sempre venho aqui... – me levantei e o encarei.

- Não sabia desse detalhe...

- Nunca te vi por aqui, e olhe que venho aqui sempre, o escritório fica pertinho daqui. – sorri timidamente pra ele, e ele não retribuiu. Está diferente.

- Bom pra você. – silêncio.

Não sei o que dizer pra ele, estou meio constrangida por aquele dia no barzinho, me comportei como uma mimada... Tenho que tirar essa impressão que ele deve ter de mim. Mostra-lo que sou uma mulher e não uma adolescente. Ai... Como ele está lindo, cabelos molhados, barba para fazer, calça jeans e uma camisa polo... Meus olhos então pararam em seus lábios... Que boca... Concentra-se...

- Pensei que gostasse de sair nos sábados à noite, para boates e não cafetaria. – ri sem graça.

-Engraçado que também pensei a mesma coisa de você. Bem, eu gosto e muito – sorriu charmoso. – Mas hoje quis ficar em casa, da uma descansada.

- Hum... Adoro uma boate, só que hoje também como você resolvi descansar um pouco. Colocar as ideias em ordem. – meus olhos novamente param em seus lábios sexy... O que está acontecendo comigo?

- Sei bem como é isso. – me olhou encantador.

- Sobre aquele dia... – resolvi lembra-lo sobre o dia no barzinho e colocar o meu plano em ação... Tirar a má impressão que ele deve ter de mim.

- Nem precisa lembrar já me esqueci... – abaixou a cabeça. Será que está mentindo?

- Precisa sim... Sei que fui chata e quero reparar esse erro com você. – sorri sem jeito e ele ficou de queixo cerrado.

- Ok... Mas...

- Estou pensando em comer uma fatia de bolo de limão... Só preciso achar algum atendente... Ai você escolhe um sabor e me acompanha? É o modo de reparar, aquele dia. – o olhei com o meu jeito encantador e ele me encarava, meio serio.

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Fiquei parado no tempo sem entender o que Amanda queria com tudo aquilo... Não estava compreendendo essa sua atitude... Uma hora ela se comportava como uma criança mimada igual à situação que aconteceu no barzinho e em outra hora ela era uma mulher encantadora como a conheci em seu aniversário e como está sendo hoje... Mas estranho ainda é o fato dela ir comer bolo de limão... Seus olhos estavam à procura de um atendente e após o encontrar e chamar com um gesto de sua mão, seus olhos castanhos claro pousaram em mim, esperando por uma resposta que ainda não dei...

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Falei alguma coisa de errado? Ele nem pra responder o meu convite e está me olhando com cara de tacho... Meu eu dando gargalhadas de mim... Eu mereço...

- Sim, vamos – respondeu Tiago com um sorriso encantador e logo fechou a cara. O que será que está acontecendo com ele?

-SILÊNCIO-

Em silêncio ele me conduziu a uma mesa e finalmente sentamos. O garçom que chamei veio logo atrás e me adiante em pedir uma fatia de bolo de limão. Aquela cafeteria fazia um dos melhores bolos de todos os sabores, ainda não tive a oportunidade de conhecer os donos. Uma pena, pois iria elogia-los, pelos excelentes doces que eles produziam e vendiam. Após terminar de pedir o meu bolo com um suco de acerola, Tiago ficou meio estranho e pediu o mesmo que eu, sendo que ao invés do mesmo suco, pediu de laranja. Quando o garçom se retirou e o olhei de frente, percebi que ele me encarava, mas não dizia nada, seu olhar acompanhou o contorno de meu rosto, meus olhos, o meu nariz, bochechas e finalmente minha boca, onde percebi uma ardência em seus olhos... Um desejo... Então percebi que fazia o mesmo, tinha desejo para experimentar os seus lábios... O garçom chegou com nossos pedidos, interrompendo esse transe, e após sair, Tiago já não me encarava e sim estava concentrado em seu prato... Estou confusa e não sei que assunto puxar com esse Deus Grego que está na minha frente...

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Após a saída do garçom, tratei logo de me concentrar no bolo... Desejava aquela mulher, queria sentir a sua pele e beijar a sua boca. Mas tinha que me controlar... Como ela conseguia esse feitio? Uma hora me aborrece e não quero vê-la tão cedo, outra hora, estou ardendo por desejo pra tela entre meus braços... Percebi pelos seus olhos que ela queria a mesma coisa que eu... Amanda você não me conhece e não sabe onde está se metendo... No momento certo, vou deixa-la tão desesperada que você vai ficar implorando...

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- Então, como anda os seus projetos? – sorri timidamente.

- Recebi um grande esses dias e temos várias coisas pra fazer. Você sabe bem como é, né? – sorriu sem jeito.

- E como! – sorri

- E lá no seu escritório? – comeu seu último pedacinho de bolo.

- Ah! Estamos numa correria, conseguimos um projeto grande e estamos trabalhando muito, em cima dele. O cliente é bem exigente.

- Que ótimo, assim que deve ser... Ouvi minha mãe comentar que a sua irmã vai se casar...

- Sim, sim. Agora em março, e já estamos na correria.

- Que coisa boa. – me encarou.

- É mesmo, minha irmã merece.

-Silêncio- Finalmente ele puxou algum assunto...

- Você só frequenta aquele barzinho? – sorriu sarcasticamente.

- Sou meio caseira, mas quando é para ficar com os amigos ou me divertir, é a que mais frequento. E você? Já teve oportunidades de conhecer outros lugares? – o olhei sensual.

- Já sim – sorriu – Meus amigos adoram festa, então... Estou sempre no meio.

- Nossa que legal – sorri.

- Você precisa conhecer uma, que serve uma batida de limão deliciosa... Você bebe né? – me olhou questionador.

Lógico que eu bebo... Quem ele pensa que sou? Uma criança indefesa?... Respira Amanda... E responde com calma.

- Sim, mas não batida de limão e sim coquetel de maracujá... Como meu amigo Vicente diz, você não muda nunca Nanda. - rir sem jeito para ele e ele me encarou sério.

- Porque ele diz isso?

- Desde sempre, só bebo isso, é difícil provar bebidas novas. Por isso só vou nessa boate, lá eles fazem o melhor coquetel de maracujá que já tomei.

- Vou te levar então, para experimentar novas bebidas. – me olhou.

- Como assim? – retribui o olhar.

- Como assim o que? Vou te levar num lugar onde você possa experimentar outros sabores e com certeza, você deixará de lado o coquetel de maracujá.

- Mas quem disse que quero mudar de gosto?

- Não é mudar e sim experimentar coisas novas. – me olhou de um jeito que me causou calafrios.

- Isso é um convite? Para sairmos? – indaguei desafiadora.

- Quem sabe... Quando combinamos alguma coisa, sempre dá errado. – sorriu.

- Vendo por esse lado... – revirei os olhos.

- Por quê? Você pensa diferente? – me encarou, meio sem entender

- Sim... Talvez você, quê não queira sair comigo... – sorri timidamente.

- Ok, te pego amanhã em sua casa para... – ouvi direito? Tiago estava me chamando para sair?

- Não é bem por ai... Amanhã não posso... Tenho que adiantar algumas coisas e...

- Amanda – olhando em meus olhos. – Amanhã às 20 horas estarei em frente a sua casa, não se atrase.

- Mas... Mas...

- Tenho que ir agora... Não me desaponte novamente...

Sol Brasil
Enviado por Sol Brasil em 25/11/2013
Reeditado em 27/11/2013
Código do texto: T4586524
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