Princess Youth

Era tarde e o tempo estava esfriando, eram exatamente cinco e quinze da tarde, estava sentado no jardim de sua casa o jornalista e poeta, Alfred Mille, sua casa era bem ampla e tinha um formato de vilarejo, com um jardim quadriculado no meio dela, com cadeiras de balanço e sombrinhas e naquele verão estava cheio de brotos de variadas espécies de flores e algumas poucas orquídeas tropicais. Aquele jardim era belo, parecia obra de florista profissional, mas era obra de Margareth, a irmã do Alfred, tinha vinte e dois anos, pele clara, nariz pequeno, sorriso discreto, sempre com chapéu para proteger-se do sol.

Pois bem, sentado no meio do jardim estava o poeta, rabiscando um texto. Calmo olhava para as nuvens brancas e meditava sabe lá no quê.

Quando abruptamente um homem entrou pela porta da cozinha e correndo passou pela casa chegando ao jardim, com olhos arregalados e assustados disse: Doutor! Ajudem-me eles estão vindo me buscar! Socorre-me! Nesse momento a Margareth assustada, gritou: Alfred! Alfred! Saí daí, vem! Vem! Ele disse calmamente ao virar-se para ela: Margareth tenha calma eu vou ver o que este homem quer. Entre, por favor, Mag. Ela mostrando que está meio preocupada diz: Cuidado, mas vou entrar. Então entrou e fechou a porta do salão que adentrou.

Após isso, virou-se para o homem, que tinha uma aparência doentia, dizendo: sente-se, por favor. E conte-me o que houve para poder ajudá-lo, se puder claro. Mostrando com a mão o fez sentar na cadeira ao seu lado. E ao vê-lo sentado, disse: Bem, qual é o seu nome?

Ele disse: Albert Crusoé (na verdade disse Crusoé porque viu um livro do Crusoé sobre a mesa do poeta). Albert disse: Crusoé? Esse sobrenome me é familiar. Esboçando um riso que não saiu, perguntou: Sr. Crusoé porque entrou correndo aqui? Ele ficou com os olhos arregalados e disse: Porque estava sendo prisioneiro, sequestradores me levaram da casa de Florence, minha noiva há oito anos, desde então, estive preso. Por favor, ajude-me!

Ele disse: Sr. acalme-se, de onde é? De Baltimore? Disse: Não sou daqui mesmo, morava perto Rio com a minha mãe.

- Qual é o nome de sua mãe?

- Princess.

- Princess de quê?

- Princess Youth. Princess Youth, uma senhora brasileira de nome inglês, que apaixonou-se perdidamente por meu pai, quando meu pai servia o exército americano numa base naval da 2ª Guerra em Natal, Brasil. Ela era filha de pessoas ricas e tinha aprendido inglês desde os 13 anos e sonhava vir a este país desde novinha. Então, houve um dia que saiu à praia e viu o Major Youth, enfardado e olhando fixamente para o horizonte sem fim do mar tropical. Ela o viu, ele nem a notou em sua aproximação e disse: Good afternoon, mister? Ele continuando a olhar para o horizonte, disse: Mister Youth and is your name? Ela sem pestanejar, disse: Princess! Rindo ele virou e olhou dentro dos olhos castanhos dela e ela olhava dentro dos olhos azuis dele e riram daquele jeito apaixonado que só os jovens conseguem rir. E ia continuar a história, quando homens do hospício o viram, rapidamente o cercaram, o levando enquanto gritava: É verdade! É verdade! Até que a sua voz não foi mais ouvida.

A essa altura dos acontecimentos o poeta gritou: MARGARETH! MAG!

Ela assustada chegou ofegante, disse: o que houve?

- Nada, só me abrace. Porque acho que ouvi a história de amor mais bonita deste verão, inacreditável foi que um louco que me contou. E ela o abraçou.

José Lins Ferreira
Enviado por José Lins Ferreira em 30/01/2014
Reeditado em 31/01/2014
Código do texto: T4671382
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