Segredos, Beijos e Infinitos

Estive por aí num mundo onde ninguém me enxergava. Andei tanto e não havia saído do lugar. O coração batia na altura da cabeça mas não batia na altura do meu voo. Andei perdida em meio a tanta gente. Estive sozinha, rodeada por milhares de pessoas. Andei por lugares que nenhum ser humano visitaria. Fui e voltei inúmeras vezes pra dentro do meu ser… decorei lugares, fechei portas, abri janelas e escondi a estrada de volta. Num belo dia, preocupada simplesmente em trilhar a rotina maçante, você tropeçou em mim. Ao tropeçar, obrigou-me a ver, obrigou-me a te olhar. E ao te olhar abriguei em mim toda a completude que um ser precisa pra acordar. Travamos pequenos diálogos e indaguei por onde esteve. Fiquei brava com o mundo querendo saber o por quê dele ter te escondido tanto tempo longe dos meus olhos. Você sorria e de mim quase nada entendia, mas achou engraçado toda aquela imaturidade.

Numa certa altura, com aquela voz doce, disse-me: __ Sempre estive aqui. Esperei a hora certa que o próprio tempo dita para que você passasse e assim pudesse tropeçar em você. Hoje te conto que o Amor é apresentado, ele acontece, cai no colo e por ali fica pelo tempo que julgar necessário.

Confessei-me sua Amada pouco tempo depois…

Como poderia tão belo homem existir? Ele é o templo dos desejos. Nele mora todo tipo de amor. Fez-me dançar a mais bela das canções: a do Encontro. É o deus dos versos e das minhas mais doces rimas. Tornou-se a água que bebo e delicio-me. Tem a vida que move ventos. Mãos que despertaram-me faíscas ao bailar sobre papel. Um jeito ímpar e impecável de se mover, desde as pernas e braços, até os lábios. Enfeitiçou-me sem feitiço algum. Ganhou-me no momento que ao invés de tirar-me pra bailar, tirou-me pra voar. Ele fala de amores que foram e daqueles que nunca conheceu, e é astuto e meigo na mesma intensidade. Me conta segredos, me pede beijos e me dá infinitos. Ele fala de Buckowisk e do quadrinho da Mônica com o mesmo brilho menino no olhar. Ele cheira a antiguidade, a século passado… seu cheiro parece-me chá de canela em tardes frias na varanda do meu quarto. Seu cheiro paira sobre meu ser, paira sobre mim no momento que escrevo esse e acho até que vai impregnar e vocês sentirão ao ler. Mudei crenças graças a honestidade dele em falar de cosmos e de uma ligação belíssima entre céu, ar, pessoas e animais… tudo conectado. Ele afirmou em mim o que eu já sabia, acordou coisas que adormeceram há tempos e plantou sementes que amorosamente germinam dia a dia [...]

Ops, perdi-me escrevendo e o celular pisca incessante com duas ligações não atendidas. Claro, eram dele. E uma mensagem amorosa dizendo: __ Onde estás meu Amor? Cheguei do trabalho, trouxe um filme, fiz chá e preparei meu colo pra você deitar. Tropecei em você e agora aqui é seu lugar.

Ainda não resisto a esses toques suaves do Amor dele. E pra que resistir? Nascemos pra isso… Nasci pra me perder, pra te encontrar e nasci pra viver deitada no colo e enrolada no olhar daquele que me ensinou o quão belo pode ser a palavra tropeçar.

Angélica Vespúcio
Enviado por Angélica Vespúcio em 05/07/2014
Reeditado em 05/07/2014
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