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Você reparou? Viu aquela folha caindo, flutuando lentamente num movimento de vai e vem, nesta doce brisa de outono, com este sol escondido por trás das nuvens, com um olhar tímido nos brindando um delicado e modesto sorriso? Você reparou?

Percebeu como ela sorri quando mordiscamos o lóbulo da orelha dela, e quando os olhos nos encaram inquisidores como que perguntassem "o que estão fazendo?", e a resposta que os nossos dariam seria "seja o que for, você está gostando". Você reparou?

Reparou como o tempo está fechando e estamos sem guarda-chuva? Despreparados como sempre, assustados e com questionamentos sinceros sobre se devemos nos proteger ou simplesmente correr pelos pingos enormes que despencam das nuvens zangadas no céu escuro. Você reparou como nós nos demos a mão, apertando com força, em como nossos olhos se encontraram e como crianças sorrimos mordendo os lábios e através de gargalhadas corremos pela chuva que caia? Você reparou?

Reparou como os pelos dela ouriçam quando nossos lábios roçam e brincam suavemente pelo corpo dela? Aquele corpo despido de roupas e vergonhas que diverte-se ao se debater na nossa cama e chutar as cobertas para os lados, em falsas tentativas de se desviar de nossas mãos ágeis. Você reparou?

Reparou como lá fora está um belo sol, um dia inesperadamente claro e revigorador? Você reparou em como quando já não há muitas certezas é que as coisas se confirmam, é quando abrimos a cortina e o sol ofusca nossos olhos, mas em poucos segundos o sorriso brota em nossos rostos pois o céu azul que vemos alegra qualquer dia? Reparou?

Você reparou em como é perfeito o contraste entre o teu branco e o moreno dela?

Pois deveria.