Meu doce pecado (part. II)

Capítulo 3

Cidade sombria

Entrei... E para minha surpresa, não era meu desconhecido. Era apenas um simples homem que procurava livros na biblioteca. Eu fiquei ali parada, olhando-o enquanto ele caminhava entre as prateleiras. Nos meus últimos dias, tenho pensado tanto no leitor de jornais que a todo instante, confundo-me e o vejo em lugares que ele não está, fico meio atordoada de pensar como um simples cara me roubou a atenção e pensamentos... Talvez o mistério que o envolvia naquela tarde no Café, foi que me deixou assim.

Sai da biblioteca, decepcionada e frustrada. Caminhei devagar até minha casa, quando cheguei liguei a TV e no noticiário informava que a jovem desaparecida há três dias, havia sido encontrada morta nas proximidades do lago Gim, com sinais de abuso e espancamento. Nada de sangue no local. Fiquei apavorada, afinal já morava naquela cidade há muitos anos e os índices de assassinatos eram baixos, uma cidade calma, fria durante quase todo ano, boa para se viver.

Ainda em pânico com o noticiário, ouço um batido em minha porta, levei um enorme susto, não fazia ideia de quem se tratava, não costumava receber visitas. Abri a porta de repente e quando olhei...

Era o carteiro, me entregando cartas que meus pais certamente haviam enviado, eles moravam distantes de mim e não eram adeptos a meios de comunicação mais avançados e rápidos, como o celular. Mas não era um simples carteiro e sim o meu desconhecido dos jornais, meus olhos grandes, ficaram maiores ainda ao ver aquele rosto, era alto, ainda usava o mesmo óculos, mas a barba havia sido aparada, e continuava a me encher de profundos desejos. Eu o havia procurado tanto e no fim ele bateu em minha porta.

- Srtª Williams? Ele disse.

- Sim, respondi de forma rápida.

- Essas cartas, são para a senhora. Já chegaram há umas semanas e como estava doente e eu sou o único carteiro que faz as entregas nesse lado da cidade, demorei um pouco para lhe entregar.

- E como você está? Melhorou? Indaguei de uma forma como se tivesse certa intimidade, que ele ficou sem graça e surpreso para responder, porque naquela cidade ninguém se importava muito com o próximo, então, minha pergunta lhe causou impacto.

- Sim, já estou bem melhor, é porque me mudei há poucos meses para cá e não estou acostumado com esse clima... É, preciso ir, ainda tenho muitas outras correspondências para entregar, tenha uma ótima tarde.

E ele saiu tão apressado, descendo as escadas do corredor sombrio do meu prédio, que não pôde mais ouvir o meu: “até mais, tenha uma ótima tarde também’’.

Fechei a porta e fui abrir as cartas que meus pais haviam mandado. Como sempre, cheias de: “nós te amamos”, “saudades dos seus olhinhos de mel’’, “sua organização excessiva faz falta”, enfim repletas de um sentimentalismo sincero que me trazia saudade [...] minha mãe Ana Williams e meu pai Jack Williams eram pessoas simples que buscavam sempre o melhor para mim, mamãe uma excepcional pintora e papai um pianista encantador não mediam esforços para o meu futuro ser maravilhoso. E eu fazia meu papel de filha exemplar e me destacava a cada dia na faculdade.

“Sou um ser humano e amo como qualquer outra pessoa mais não sou sentimental e romântica, amo, mais de forma diferente”.

Nunca tive namorados, só pequenas “paixonites”. Mais o que eu sentia pelo meu desconhecido dos jornais, que agora eu já sabia que era um carteiro, era mais profundo, e diferente. Ele me causava uma vontade enorme de desejo, e há muito tempo eu não me apaixonava assim. Um homem como ele nessa minha fase da vida era bem vindo.

Sempre fui curiosa e determinada, então fui buscar informações sobre o meu desconhecido que aos poucos não seria mais digno desse codinome. Fui a fundo, e descobri seu nome se tratava de Alexander Durban, de fato tinha se mudado para cá há alguns meses e logo conseguiu emprego como carteiro. Era um rapaz de 27 anos, bom moço, aparentemente alguém de bem.

Os dias foram se passando e tudo foi acontecendo de forma natural, estava mais conformada em saber mais sobre o meu Alexander. Como sempre recebia cartas de meus pais eu tinha a certeza de que voltaria a vê- lo em breve.

Mais desde a notícia da morte da garota no lago Gim, a cidade que parecia calma foi ficando sombria. Mais uma garota havia sido encontrada morta, mais dessa vez na Rua Braully, e tinha as mesmas caracteristicas da primeira, atraente, estudante, jovem. Aparentemente havia sido assassinada da mesma forma da vitima anterior.

Os crimes deixaram a população da querida e adoravél Hil, cada vez mais preocupados. Quem era o criminoso que estava apavorando a cidade? O assassino era frio e agia sempre da mesma forma.

Numa noite fria e tranquila...

Isabela Dantas
Enviado por Isabela Dantas em 21/09/2014
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