Não sou fã!

Introdução

Você gosta de contos de fada? Eu nunca gostei! Quem vive um conto de fadas na vida real? Não conheço ninguém. Por isso, não vou dizer que minha história daria um belo conto de fadas, mas há quem diga que seja.

Além disso, meu conto começa como a maioria dos contos de fada termina...

Não sou fã!

Feliz para sempre... Impossível acreditar que alguém pode ser feliz eternamente... Bom, pelo menos era assim que eu pensava.

Você já percebeu que quando encontramos alguém costumamos dizer: “Tudo bem?” E que geralmente respondemos: “Tudo!”, mesmo quando não está tudo bem? Pois eu não era assim, quando alguém me perguntava se estava tudo bem a minha resposta sempre foi: “Nunca está tudo bem!”, um pouco hostil (eu também acho), mas era a resposta mais sincera.

Eu não era uma pessoa infeliz, mas sempre sentia falta de algo, e eu não sabia o que era, eu tinha amigos, um bom emprego, uma família maravilhosa, estudava e me achava inteligente e bonita. Eu tive muitos namorados, não gostava de ficar sozinha e gostava muito deles, até dizia “eu te amo”, acreditava saber o que era amor.

Até aqui a minha vida era o que podemos chamar de “normal”, o que eu não sabia é que o destino preparava algo diferente para mim.

Eu tinha uma paixão por seriados, principalmente seriados desconhecidos, esses que não passam muito na televisão. Um dia eu comecei a ver uma série nova e assisti como qualquer outra, sem nada de diferente me chamar a atenção, mas o estranho é que quando terminei de ver todos os capítulos senti um vazio enorme, e tive vontade assistir tudo de novo ( o que eu não fazia) e não entendia o porquê. Foi então que eu percebi que um dos personagens me encantava, toda vez que ele aparecia eu sorria, sei lá, era como se eu estivesse apaixonada pelo ator, e realmente eu estava.

Fiquei mal, eu não era mais uma adolescente daquelas que se apaixonam por um ator, jogador de futebol ou cantor. Era bobagem e iria passar... Mas esse sentimento não me deixava, eu tinha vergonha desse sentimento, tentava não pensar nisso, mas não conseguia, comecei a pesquisar sobre ele na internet, queria saber como ele era (lindo), onde vivia (Nova York – USA), quantos anos tinha (40), se era casado (divorciado), se tinha filhos (dois), eu queria ver fotos, saber sobre outros trabalhos (além de ator, ele também era diretor e escreveu um livro), eu acordava e dormia pensando nele e a cada dia tinha mais raiva desse sentimento que não me deixava, era um absurdo eu sentir aquilo com trinta anos.

Era um amor impossível, um amor impossível de adolescente, e eu não era uma adolescente para sentir aquilo.

O tempo foi passando e eu continuava pensando nele, até que resolvi dar uma chance para o meu coração que andava tão infeliz, mas eu não sabia por onde começar. Às vezes eu fico me perguntando: “Se eu soubesse que ele era casado, será que eu teria desistido de tudo isso?" Mas na verdade isso não importava, ele não era casado e pelo que eu li também não estava namorando, e isso só me deu mais coragem.

Você se lembra quando eu falei que me achava bonita e inteligente? Isso foi antes de me apaixonar por ele, comecei a achar que eu não tão bonita e inteligente para conquistá-lo.

Eu não tinha nenhum plano, então resolvi ir por partes, não sabia como chegar até ele, mas no momento não era isso que me preocupava, primeiro eu queria melhorar minha aparência, fiz matricula em uma academia, queria pintar o cabelo, mudar o corte, clarear os dentes... mas duas semanas após começar na academia já mudei de ideia, e decidi que ele deveria me conhecer como sou. Então, parti para o segundo passo...

Já vou dizer que o segundo passo também não foi bem sucedido. Eu decidi que deveria melhorar meu inglês e me matriculei em um curso intensivo, mas logo depois decidi que não deveria esperar mais, tinha que descobrir uma maneira dele saber que eu existo.

Mais uma vez voltei para onde tudo começou: a internet. Como meu inglês não era muito bom, resolvi tentar contato pela internet, pois assim eu poderia usar um tradutor. Procurei nas redes sociais, no começo achei que seria fácil, mas encontrei vários perfis com o nome dele, como poderia saber qual era o verdadeiro? Eu nem sabia se existia um perfil verdadeiro. Comecei assistir entrevistas atuais dele, na esperança de que ele falasse algum e-mail, site ou qualquer outra informação de contato, até que encontrei... em uma das entrevistas ele falou sobre uma página que criou para falar sobre um novo trabalho com diretor, provavelmente nessa página teria alguma coisa para contato e tinha mesmo, mas quando resolvi mandar a mensagem percebi que não poderia dizer o que sentia... fiquei ali parada em frente ao computador sem saber o que fazer, o que escrever? Fiquei tão nervosa que escrevi umas bobagens (tenho até vergonha de contar) e enviei... claro que ele nunca respondeu.

Hora de partir para a terceiro passo, decidi ir até Nova York atrás dele, estava perto das minhas férias, então resolvi fazer um intercambio nos Estados Unidos, assim se caso o meu primeiro plano não desse certo, não ficaria tão frustrada, a viagem não seria em vão. Peguei todo o dinheiro que tinha guardado, paguei o curso e esperei, ansiosa, até o dia até o dia da a viagem.

Enquanto isso, eu pesquisava os lugares que ele costumava frequentar, bares, restaurantes, praias, lojas... tudo. Eu não podia perder tempo, era minha única chance de conhecê-lo e era quase impossível. E quanto mais perto do dia da viagem, mais apaixonada eu estava, não sei por que, mas eu sentia que iria conseguir.

(Continua...)

Cláudia Moreira
Enviado por Cláudia Moreira em 18/10/2014
Reeditado em 27/02/2015
Código do texto: T5003353
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