CANTIGA PARA MINHA MÃE

As lembranças de minha mãe vêm assolar meus pensamentos, e me reporto aos dias de minha infância e juventude, vividas no Bairro de Tatuapé, em muitas ruas que moramos, Francisco Marengo, Catumbi, Antônio de Barros, Almirante Calheiros, Tuiuti, Jacirendi, Antônio Moraes de Barros, época em que nossas mães estão muito presentes em nossas vidas.

E hoje, como em todos os anos no Dia das Mães, desde que ela se foi, me sinto tão órfã e desprotegida, e me pergunto mais uma vez, por que perdi tantas preciosas oportunidades de dizer que a amava muito, agradecer por tudo que significava em minha vida, sempre presente com seu amor imensurável e maravilhoso. Mas parece que teimosamente, negligenciamos coisas tão importantes, às quais só passamos a dar valor tarde demais.

E assim nossa vida foi desperdiçada e deixamos escapar por entre os dedos os melhores momentos de nossa existência, e o tempo é implacável: nos leva para sempre valiosíssimas oportunidades de sermos felizes, e quando nos damos conta, ele decorreu depressa demais, fazendo com que perdêssemos pelo caminho coisas preciosas, pois o relógio não pára; é implacavelmente preciso e metódico; se nos atrasamos, não podemos retornar e se corremos não o alcançamos jamais. Tempo bom, é o tempo presente, aquele que temos em nossas mãos, à nossa disposição, o “hoje”!

Sim, e vocês que têm suas mães ao seu lado, as abracem depressa, fortemente, digam que as amam, beijem-nas com carinho, pois o amor maternal é infinito e felizes aqueles que se dão conta disto para retribuir enquanto é tempo.

As mães são criaturas perfeitas em amor e doação e ninguém há que as possa igualar, pois mesmo partindo, nos protegem de onde quer que estejam.

Hoje estou em comunhão com minha mãe, pois posso senti-la tão próxima de mim que passo a acreditar que não morremos, mas simplesmente mudamos de plano e a certeza do reencontro é um notável alimento para a nossa alma, nos traz o tão procurado sentimento de paz!

Na imensidão do Universo, cada estrela a brilhar nos diz que a vida não acaba aqui, pois somos muito mais que meros visitantes deste Planeta; transpomos distâncias e não podemos pensar pequeno frente ao maravilhoso milagre de perpetuação da espécie humana, traduzido no útero de uma mulher que gera a vida, que dá a luz, que traz ao mundo um novo ser.

A ti, mãe querida, que abrigaste em teu ventre, a mim e aos meus irmãos, e nos trouxeste à luz, todo o nosso maior amor e gratidão! A tua luz ficou perpetuada em nossos olhos, e o sangue que corre em nossas veias, tu o doaste, generosa, a nós, que jamais te esqueceremos.

M Ã E

Quando é tarde demais, encontro o amor que te dedico...

Tarde demais, quando deixaste de existir, querida!

Tarde demais... e quando quieta, a relembrar-te fico,

Penso ter menos razão, agora, a minha vida!

Parece ainda maior, a nossa casa tão mimosa

Em cada canto, existe muda uma sentença.

E em teu jardim, contida em cada rosa,

Sinto mais viva a chama da tua presença!

E nós teus filhos, saudosos, sós, acabrunhados,

Sentimos percorrer-nos, gélido arrepio,

Quando em teu quarto, olhos marejados,

Fitamos a tristeza de um leito vazio...

Aos pés do leito, quieto, muito amigo,

Numa atitude fraca, sem conformação,

Cabeça a repousar no teu chinelo antigo,

Tão branco e belo, está fiel teu cão.

Meu pensamento vaga... quero esquecer que te perdi...

Mas continua em mim, a imagem comovente,

Bem vívida, real, comigo, aqui,

Da minha mãe tão abatida, tão magra, tão doente...

No nosso lar, que com trabalho construíste,

Tinhas um modo estranho de nos dar afeto:

Não com palavras, o amor tu traduziste,

Não deixando faltar o que comer, e um teto!

Entendo agora, como era o teu amor,

Bem escondido e feito de sinceridade

E a tua perda, me traz tão grande dor,

Mesclada à imensidão desta saudade.

Foi muito triste te perder, confesso!

Beijar tua mão fria em derradeiro adeus...

Longe de ti, agora, humildemente peço:

“Tenha Deus piedade pelos erros meus!”

Se é que me escutas, quero te dizer,

Embora tarde, muito arrependida:

“Eu, deveria em teu lugar, morrer,

Pois te amo tanto, minha mãe querida!”

Saudade, mãezinha! Segue num sopro, em direção às estrelas, o meu mais fervoroso beijo e apertado abraço!

A devoção de tua filha, ao dizer com amor: Que doce mãe foi você!

Mírian Warttusch

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MWarttusch
Enviado por MWarttusch em 02/11/2014
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