Natal, 25 de junho. 2014.

A greve de ônibus estava em seu auge, cem por cento das frotas urbanas estavam nas garagens. O clima de Natal não ajudou muito, ele galgava entre o frio da chuva e o calor abafado. Depois de duas horas na parada consegui entrar em um ônibus clandestino super lotado. Foi quando, sem querer, esbarrei nos olhos dela.

Do outro lado da rua, em um carro popular, ela me olhava durante aqueles breves momentos de trânsito lento. Olhava profundamente e virava o rosto. A maçã de suas bochechas já estavam avermelhadas, mesmo assim eu não conseguia parar de olhar. Sinceramente, não lembro de como era seu rosto, fui fisgado especialmente por seus olhos.

O carro em que ela estava se adiantava e eu entrava em desespero, pois precisava olhar mais um pouco para ela. E quando eu a alcançava, fixava novamente meu olhos. Foi assim durante aqueles trinta minutos. Foi no meio daquele engarrafamento, que aqueles olhos sorriram para mim e engarrafaram meu coração.

Gonzaga Neto
Enviado por Gonzaga Neto em 13/11/2014
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