O DOCE SABOR DO AMOR (Capítulo 4)

Durante aquele dia Marrie fez o possível para evitar Antoine. Felizmente o movimento na estalagem foi grande e a garota conseguiu afastá-lo da sua mente a maior parte do tempo. Apesar de saber ser impossível, Marrie guardou no coração a esperança de que a qualquer momento o conde de Montevérgine pudesse aparecer para saborear o almoço. Em dado momento ela escutou os ruídos de uma carruagem que parou bem em frente à estalagem e que eram muito parecidos com a do conde. Aquilo foi o bastante para Marrie se precipitar em direção à porta, imaginando que iria se deparar com ele. Para sua enorme frustração, era uma família com cinco crianças e que quase colocaram abaixo a estalagem. Assim que a noite caiu e foi servida a última refeição, Marrie se despediu da mãe e foi direto para o quarto, depois de ter comido apenas um pedaço de pão. Desanimada, ela sentou frente à simples penteadeira e encarou o espelho. Analisando sua imagem, Marrie tinha dúvidas se um dia o conde a olharia de outra forma. Caso fosse de origem aristocrática, vestisse roupas bonitas e mantivesse o cabelo mais comportado, isto poderia ser possível. Porém, enquanto fosse filha da dona de uma estalagem de beira de estrada sem ter onde cair morta, o conde nunca teria interesse algum por ela, nem mesmo curiosidade. Talvez seu destino fosse casar com um homem como Antoine. Afinal, quem iria se interessar por ela, perdida nos confins de La Primavère?

Abalada com o rumo dos seus pensamentos, Marrie desligou as luzes e foi dormir. Ao contrário da noite anterior em que sonhara com o conde, desta vez seu sono foi atormentado por pesadelos com Antoine. Um prenúncio do que estava por vir logo mais.

*

A noite mal dormida refletiu-se no dia seguinte. Marrie acordou com péssimo humor e dor de cabeça. A manhã custou a passar e nunca os hóspedes se mostraram tão aborrecidos e reclamões. Por fim, no meio da tarde, Marrie pediu licença para a mãe para sair um pouco e respirar o ar puro dos bosques. Preocupada com a falta de disposição da filha, Julie assegurou que não haveria problema e podia ficar sozinha tomando conta das coisas. Assim, Marrie abriu a porta e saiu andando pelo trecho que levava até um pequeno lago, a pouco mais de um quilômetro da estalagem. O lugar não era muito conhecido e Marrie costumava frequentá-lo nos dias de calor, como era o caso. O caminho era bonito e cheio de flores e isto renovou o ânimo da garota. Depois de 10 minutos de caminhada, Marrie chegou à beira da lagoa. Imediatamente ela se agachou e molhou o rosto. O contato com a água lhe trouxe grande alívio e a jovem permaneceu naquela posição por algum tempo, quase sem se mover. De olhos cerrados, sentia-se muito bem, renovando as energias e até respirando melhor. De repente escutou sons de passos atrás de si.

Ainda com a cabeça escondida entre as mãos, Marrie sentiu o coração disparar quando se deu conta que não estava sozinha. Mas… e se fosse o conde? Ela voltou a cabeça devagarinho para o lado e quase soltou um grito. A menos de três metros Antoine lhe encarava com um brilho estranho no olhar.

Patrícia da Fonseca
Enviado por Patrícia da Fonseca em 16/11/2014
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