Um Ele

Não sei até hoje o que vi nele. Não sei se foi aquele sorriso bobo de quem está te ouvindo com atenção, se foi seu jeito de entortar meu óculos toda vez que me abraçava ou a sua estranha mania de ficar fazendo carinho na batata da minha perna, mas algo estava ali, e eu vi, apesar de não ter reconhecido o que foi aquilo. Sei que algo quase aconteceu, um arrepio brotou e um sentimento teria nascido se ele tivesse me permitido estar ao seu lado como mais que uma colega, sim, colega, as vezes chego a pensar que ele nunca nem me teve como amiga, mas não é algo que eu possa um dia saber, já não nos falamos mais, trocamos uma ou duas palavras quando eu digo um oi de tempos em tempos, mas já não conversamos mais como antes, já não reclamamos mais do sono ou da aula cedo no dia seguinte que nos faz ter que dormir, já não marcamos de ver aquele filme nunca assistido em seu quarto, já não nos abraçamos mais, já não nos vemos, já não vejo mais sua foto, já não te quero querer, já não penso em você, as vezes lembro, é verdade, e bate uma saudade do que poderia ter sido, mas hoje já não dói mais, hoje apenas te quero bem, com um outro alguém que você queira, mas longe de mim, não quero sua presença me desatinando novamente e se ainda pensa em mim, não do modo como pensou quando fiquei cinco dias sem falar com você por dificuldades que não vêm ao caso no momento, mas um pouco como espero que pense, te peço que não volte... Mesmo que em mim algo te queira aqui te peço que não volte, pois como já diziam os sábios: longe dos olhos, longe dos pensamentos noturnos que me enchem de imagens tuas.