O Centauro

Eu nunca conseguirei decifrar aqueles olhos. Olhos escuros como os do universo.

Já parou e olhou para o céu em uma noite totalmente escura e sem estrelas? Uma noite em que só fosse possível ver a lua? Pois é, assim são os seus olhos. Enigmáticos e lindos ao mesmo tempo. As vezes se desfocam e vão para outra dimensão. Eu tenho certeza que eles conseguem ver muito além do que eu posso ver. Muito além do que qualquer um possa ver. Eles nunca me deixam descobrir mais do que o que se passa pela sua superfície.

Não é um olhar triste, as vezes eu não sei se é alegre. É um olhar de esfinge, algo do tipo "decifra-me ou devoro-te". Eu sei que uma palavra confusa que eu disser pode me levar para a imensidão de sua mente, um buraco negro. Eu nunca sei o que encontrarei lá.

As vezes me pergunto se ele sabe o que se encontra na mais profunda dimensão de sua mente. Essas dimensões se cruzam entre si. Ao mesmo tempo que pensa em uma, ele consegue vizualizar exatamente o que se encontra em outra.

As vezes me parece assustador, as vezes me consola. As vezes me atrai e as vezes me faz querer ir pra longe, bem longe. Cono pode um olhar manipular tudo ao seu redor? Ele consegue congelar o que quiser e estudar tudo de uma maneira muito mais profunda. Ele consegue enxergar coisas além do meu alcance. Ele consegue me enxergar de outra maneira, assim como qualquer coisa ao seu redor.

O _______ Centauro. Deixo este espaço em branco, porque não achei ainda uma palavra que possa definí-lo. Poderia ser " O Grande Centauro", "O Belo Centauro" ou "O Inteligente Centauro". Mas Centauros por si próprios já são tudo isso. Eles são enigmáticos e frios, indecifráveis. Talvez seja por isso que nunca conseguirei definí-lo. Eles olham para as estrelas e dizem o que se passa. Não precisam olhar ao seu redor, porque sua comunicação com o mundo é grande o suficiente para estudá-lo, olhando para o universo acima.

Você já sentiu alguma vez que o universo se encontrava em um único ponto? É, ele se encontra naquele olhar. Não é de uma forma romântica, nem de uma forma alegre. É de uma forma enigmática, talvez amedrontadora. Eu tenho medo de decifrá-lo. Talvez seja por isso que tenho medo de encará-lo nos olhos por pouco mais de cinco segundos. Eles não me dão certeza sobre nada, mas conseguem me fazer viajar para outras dimensões. A única certeza que tenho, é a de que nunca conseguirei descobrir esse universo por inteiro.