Os Olhos de Simone

Eu levantei da cadeira do ônibus e de repente vi um par de olhos pousados em mim, o meu movimento tinha atraído a atenção daquele olhar, pude sentir sua intensidade, a sua força, o seu poder. Aqueles Olhos de mulher. Escuros e cheios de mistérios, eu desejei me afogar neles e nunca ser salvo.

Eu fui envolvido, me fixei naquele rosto e no seu contorno. Os olhos eram incrivelmente belos. Quis residir ali. Era tudo lindo, aquele olhar, a face que os carregavam, um conjunto agraciado pela natureza. Ansiava pelo amor dos Olhos escuros. Não! Queria mais! Eu queria ser amante da dona de uma expressão tão instigante. Queria todos os dias que ela me visse daquele jeito, hipnotizador. Fazer aqueles Olhos sorrirem, enxugar as lágrimas de tristeza, causar as de alegria, interpretar os sonhos e resolver as angústias que eles me apresentassem, queria encontrá-los com os meus e ser prisioneiro deles. Ah! Como eu queria tantas coisas.

Nesse momento de delírio, o ponto em que eu desceria ia ficando para trás, pouco me importava, eu tinha sede daquele olhar, que enfim teve sua atenção atraída, tirada de mim. Como?! Eu o perdi! Minhas mãos tremiam, ansiava novamente ser focado e então lhe sorrir e num instante de coragem me aproximar e perguntar seu nome, os Olhos Simone, bem que poderia ser. Sim! Simone. Dizer a ela o meu amor, os meus sonhos, meus desejos, e a vontade de ter Simone comigo.

Descrever detalhadamente o encanto de seus Olhos com seus traços fortes e belos, e suas sobrancelhas que faziam ainda mais marcantes aquele mistério que me envolvia e absolvia, e me levava a ponto incomum, a um lugar diferente. Mas Simone não me olhou, e numa fração rápida do tempo, o ônibus freou bruscamente me desequilibrando, e quando consegui me situar eu a vi descendo. Não teve como eu ir atrás, a porta do ônibus fechou e ele seguiu sua rota me levando junto. Não podia acreditar, foi tudo tão efêmero, Simone se fora, aqueles Olhos, meus belos Olhos se foram e minha vida também, presa naquelas órbitas para sempre.

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Brunna Cândida
Enviado por Brunna Cândida em 09/03/2015
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