Caminhos do coração.

OS CAMINHOS DO CORAÇÃO.

Eu nunca fui muito ligado às coisas do coração, e sentimentalismos não são bem para mim, cresci em uma pequena cidade do interior mineiro, perdoe-me, mas não me sinto a vontade para lhes revelar o nome daquele buraco onde eu vivia. O que importa agora é que estou bem, vivo em uma cidade grande, no coração de São Paulo, lugar cheio de vida, de pessoas bonitas e inteligentes, cidade grande é tudo de bom tem tudo o que você precisa, basta apenas caminhar um pouquinho ou fazer uma ligação, e pronto, o que você quiser vai estar em suas mãos, ou melhor, no seu endereço.

Meu nome é Alex, sou artista plástico, meus pais não gostam da minha profissão, ambos são advogados e fizeram de tudo para que eu seguisse a carreira deles, mas isso não era o que eu queria para mim, nunca foi, temos que viver os nossos sonhos e não os sonhos dos outros e é isso que fiz, corri atrás do meu sonho. No começo não foi nada fácil tive que enfrentar os estudos e trabalhar para paga-los, meus pais se recusaram a me ajudar, mas tudo bem, aquilo que conquistamos com esforço e sacrifício tem um sabor muito melhor, não tenho raiva dos meus pais pela atitude deles, sei que eles queriam o melhor para mim, só que o melhor para mim é justamente aquilo que me faz feliz, não o que faz eles felizes. Direito faz eles felizes e realizados não á mim, a arte completa minha vida, a arte me faz feliz.

Trabalho com arte já há cinco anos, e nestes cinco anos eu exponho o cotidiano de pessoas comuns, trabalhadores no seu dia a dia, geralmente levo meu cavalete para algumas das muitas praças de São Paulo, posiciono meu material e começo a trabalhar, tenho uma ótima memoria fotográfica e isso facilita muito meu trabalho artístico, de forma que eu não necessito que as pessoas parem o que estão fazendo para que eu as pinte. Expus as minhas telas em diversos lugares do Brasil, em diversos salões de artes por toda acidade.

Hoje sou um artista reconhecido, tenho muitos convites, e muitos trabalhos agendados, sou feliz pelo o que eu faço, na minha pequena trajetória artística me deparei com muitas historias, e algumas delas viraram temas de telas minhas, mas nenhuma delas emocionou mais do que a que vou lhes contar agora.

Como eu havia dito, sempre pintei o cotidiano das pessoas, na verdade são flagrantes da vida real, coisas que ninguém da bola, mas que para mim tem o seu valor artístico, tudo começou no penúltimo dia de novembro, como de costume pequei meus apetrechos de pintura e me dirigi para a para uma das praças do centro de São Paulo, eu não havia percebido mais se aproximou de mim uma moça, que tocou em meus ombros, quando me virei para ver, fiquei admirado com a beleza daquela jovem, muito bem vestida, parecia que estava indo para uma festa, seus cabelos eram longos, na altura da cintura, os olhos grandes e de um tom azul claro magnifico, os lábios tão bem desenhados, uma face clara com tons avermelhados e com furinhos nas bochechas, enfim, era a moça mais linda que eu já vi na vida, fiquei encantado com a beleza daquela moça. Ela me pediu que eu a pintasse, embora eu nunca antes tivesse pintado usando um modelo antes achei que seria interessante a ideia, posicionei o cavalete, posicionei a moça junto a um jardim de lírios que tinha ali e comecei a trabalhar, e enquanto eu a pintava comecei a conversar.

_Qual é o seu nome moça, eu nunca a vi antes por aqui, e olha que eu venho com certa frequência a está praça.

_Meu nome é Alice, respondeu ela com uma voz tão mansa, tão suave, é a primeira vez que eu venho aqui, na verdade sou de outra cidade.

_Legal, também não sou daqui, trabalho já faz uns anos aqui, mas não sou daqui, de qual cidade que você é.

_Sou de São Pedro dos ferros, interior de Minas.

_Sério, que coincidência, também sou do interior de Minas, não gosto muito de falar de minha cidade, mas tudo bem, para você vou abrir uma exceção, minha cidade é vizinha da sua, Rio casca, conhece.

_Claro que conheço, tenho muitos tios que moram lá, eu já fui a Rio Casca muitas vezes, vai que de repente agente até tenha se visto por lá.

_Quem sabe né, tem seis anos que estou aqui, meus pais ainda moram lá, eles são advogados, Dr. João e Dr.(a)Estela, vai ver você os conhece.

_Por um acaso eles não moram próximos à prefeitura em uma casa Azul, com um bonito jardim na frente.

_Sim, isso mesmo, então você os conhece, que legal.

_Na verdade meus pais os conhecem ano passado precisou de uma ajuda em uma causa contra o estado, eles ajudaram muito, graças a eles é que foi possível virmos aqui para São Paulo, questões medicas que prefiro não comentar.

_Tudo bem, eu respeito, Está pronto o seu quadro Alice quer ver.

_A sim, nossa, como ficou lindo. Você é rápido, parabéns e muito talentoso, estou lisonjeada, quanto ficou o trabalho.

_De você não vou cobrar nada.

_Pare com isso, vai, quanto ficou.

_Serio nada, só lhe peço uma coisa, deixe-me leva-lo para casa, vou coloca-lo em uma bonita moldura dai levo para você, ok assim.

_Tudo bem então, esse é meu endereço, obrigada, até mais ver.

Pequei o endereço e fiquei observando aquela linda moça ir embora, seus paços eram lentos, parecia estar com algum problema para caminhar, mas também com ruas esburacadas como temos aqui, ela deve ter se machucado. Recolhi o meu material e fui para casa, eu morava perto dali, em um pequeno apartamento, ao ler o endereço percebi que a casa dela também não era longe. Já que eu estava com tempo aproveitaria para emoldurar o quadro e pela manhã levaria para ela. Assim eu fiz, ao chegar em casa escolhi a melhor e mais bonita moldura e comecei a finalizar a tela da bela Alice, aqueles olhos azuis não me saiam da mente.

No outro dia depois que tomei meu café pequei a tela coloquei em meu carro e fui ate o tal endereço, não sei por que, mas eu estava aflito para vê-la novamente, meu coração me dizia que era amor, mas quem disse que nos ouvimos o coração logo de primeira. Vinte minutos depois chequei a casa dela, era em um apartamento, subi pelo elevador era no terceiro andar, o numero era quinze, bati na porta, um senhor atendeu a porta.

_Bom dia senhor, meu nome é Alex, eu sou artista plástico, e no dia de ontem a senhorita Alice, imagino que seja sua filha, pedi-me para pintar o retrato dela, eu vim trazer a tela, ela se encontra.

_Bom dia, então você é o tal pintor, ela me falou sim, sou o pai dela, Arthur, prazer em conhecê-lo Alex, entre, por favor.

O apartamento era bem simples mais muito bem arrumado, havia muitas fotos por toda a casa Alice na verdade era fotografa, seu pai me contou toda a historia da jovem Alice, ela sofria de uma doença rara no coração, eles haviam descoberto a doença há dois anos, por isso vieram para cá, graças à ajuda de meus pais, fiquei emocionado quando soube que a tela seria rifada para ajudar no tratamento. Naquela madrugada Alice teve uma crise e teve que ser internada as presas, sua mãe estava com ela, eu não poderia ficar de braços cruzados diante daquela situação, resolvi ajudar a bela Alice, ela não rifaria aquela tela, pelo contrario o seu pai a colocou em seu quarto, combinei com o Arthur que eu faria uma exposição com todas as minhas telas e todo o dinheiro das vendas seria para o tratamento dela, o velho ficou muito emocionado, e agradecia o tempo todo. Aos poucos eu percebia que aquela não era só uma amizade ao acaso, era um caso de grande amor, e a minha jornada estava apenas começando, eu sabia que no fim o amor triunfaria sobre a doença, mas o restante dessa historia, fica para uma próxima oportunidade.

Tiago Pena
Enviado por Tiago Pena em 23/03/2015
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