MISTÉRIO E AMOR

Tudo começou quando eu tinha dezessete anos de idade, sempre fui apaixonada pela vida, por poesia, e principalmente por história de amor.

Certo dia voltando da escola eu parei em frente à biblioteca pública, pensei em entrar para emprestar um livro de poesias românticas, mas antes de entrar olhei à praça do outro lado da rua, ela me chamou atenção e invés de entrar dei meia volta e fui até lá.

Era como se a praça tivesse me hipnotizado e me chamava junto a ela. Era quase noite, eu precisava ir para casa, provavelmente minha mãe estava preocupada comigo, mas algo me impedia de ir embora. De repente avistei minha árvore preferida, fui até lá, ela era encantadora, a mais alta e grande que havia na praça. Quase todas as tardes eu ficava vendo o pôr do sol, sentada embaixo dos seus galhos aconchegantes.

Aquele dia foi diferente, não fui ver o pôr do sol, atrás da “minha” árvore tinha uma garota com aproximadamente dezesseis, dezessete anos que me deixou curiosa. Eu nunca tinha visto antes uma moça tão linda e encantadora. Ela era tudo que um rapaz sonhava, usava um vestido marrom claro, estampado com flores escuras que dava charme a sua beleza, seu rosto era como de uma boneca, seu corpo tão perfeito que despertava desejo nos homens, seus olhos azuis puxando para o verde, aquele cabelo o sonho de quase todas as garotas, castanho claro com tons de loiro escuro, liso, levemente ondulado nas pontas atingia sua cintura ao vento radiava brilho e esplendor.

A ternura envolvia a garota, a felicidade parecia não estar presente, em seus olhos escoriam lágrimas, em suas mãos um livro de poesia. Fiquei observando-lhe por alguns instantes, não queria atrapalhar, mas ela notou minha presença e no mesmo instante fechou o livro, enxugando as lágrimas.

Perguntei o seu nome e ela respondeu em uma voz triste:

-Chamo – me Regiani.

E no mesmo instante as palavras saíram de minha boca.

-Por que choras?

Ela tristemente respondeu:

- Por tudo um pouco, tenho tudo que quero, mas o que eu mais quero eu não tenho.

-E o que seria isso? -Perguntei sem demora

- O amor, amo e não sou correspondida.

Aquele assunto ficava cada vez mais interessante, mas já era noite e eu precisava ir para a casa.

No outro dia quando eu voltava da escola, passei novamente na praça e fui até minha árvore preferida ver se aquela moça estava lá, para minha decepção não a encontrei. Fui para casa deixei meus materiais, troquei de roupa e voltei rapidamente até a praça, fiquei até o sol se pôr esperando que ela aparecesse, o que não ocorreu.

Aquela mesma cena se repetiu por vários dias. Certa tarde de temperatura quente, com uma brisa gelada fazia o clima ficar agradável, exatamente no momento em que eu já havia perdido as esperanças de reencontrá-la, encontrei-a sentada novamente embaixo da “minha” árvore, invés de segurar nas mãos um livro, ela segurava uma flor, um lírio raro do campo. Aquele lírio estava murcho, sem vida e quando um raio de sol bateu em suas pétalas, ele começou a radiar encanto ganhando vida e esplendor.

Eu jamais tinha visto algo como aquilo, eu fiquei espantada e ao mesmo tempo encantada com o que aconteceu. Em vez de lágrimas, havia um sorriso em seu rosto e quando ela me viu deixou cair lírio no chão voltando a murchar.

Quando ela me viu o sorriso que havia em seu rosto não se apagou, e sim ficou mais intenso e radiante, seu sorriso era tão lindo quanto o canto de um pássaro.

A magia que havia em seu olhar era inexplicável, quanto mais o sol se punha mais a garota sorria. As flores em sua volta em vez de adormeceram pareciam estar desabrochando em pleno entardecer. A paz reinava sobre a praça, não se ouvia barulho algum a não ser o dos pássaros cantando.

Aquele momento foi tão bom não queria que tivesse acabado o que eu via e sentia era intenso. Logo que o sol se pôs totalmente o sorriso dela foi se apagando, as flores foram adormecendo, os pássaros pararam de cantar, mas a paz continuava a mesma. O único barulho que eu escutava era o ronco dos carros ao longe.

Durante aquele mágico momento foi como se o tempo tivesse parado para mim, mas não, não parou, não voltou e não se modificou, simplesmente aconteceu, como antes eu nunca tinha visto e até hoje não vi parecido.

De repente ouvi alguém me chamar, olhei para ver quem era e não vi ninguém, quando voltei a olhar para ela não estava mais lá, havia desaparecido junto á noite. Voltei para casa pensativa, envolvida com o fato, tentando entender tudo que estava acontecendo. Mal consegui dormir naquela noite, acordei cedo não precisou minha mãe me chamar. O dia inteiro foi ótimo.

Depois do misterioso fato esplendido que presenciei, nunca mais a encontrei. Aquela foi à última vez que a vi. Após aquele dia minha vida começou ser diferente, como se tudo fosse envolvido e vivido pelo amor. Mas o mistério daquela garota ainda vaga no ar.

Calikcia Vaz
Enviado por Calikcia Vaz em 29/03/2015
Reeditado em 29/03/2015
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