Vermelho

Ela sabia como me deixar louco. O seu toque era o melhor e mais bruto que já havia sentido. Percorreu todo o meu corpo com sua língua quente e úmida, ao mesmo tempo em que arranhava minhas costas com suas unhas vermelhas. Se eu pudesse defini-la em uma cor, seria vermelho. A cor do prazer que ela me proporcionava. A cor do sangue que bombeava mais rápido no meu corpo, ao sentir o seu toque. A cor de seu batom. A cor do inferno, do calor... Ela era infernal em todos os sentidos.

Meu corpo se entregou ao dela, então me lembrei do quão forte um orgasmo poderia ser. Meu corpo estremeceu junto ao dela e nossas respirações estavam sintonizadas. Ela ainda estava em cima de mim quando tentei olhar para seus olhos, mas os dela estavam longe. Ela estava longe. Ela estava comigo, mas não estava. Sentou-se ao meu lado, acendeu um cigarro e tomou um gole do seu uísque. Meu uísque, eu paguei por ele. Ela estava nua em minha cama novamente, sabe-se Deus ou o Diabo até quando.

- Você gozou? – perguntei. Ela me olhou de uma forma sexy e sorriu.

Levantou-se da cama e tomou uma ducha com a porta entreaberta. Suas curvas eram indescritíveis. Ela estava enxaguando todos os fluídos que eu havia deixado em seu corpo. Talvez eu não enxague os dela.

Quando voltou, começou a vestir-se. Passou novamente seu batom vermelho e soltou sua longa cabeleira loura. Eu fiquei esperando-a voltar, mas ela já estava pronta para partir. De novo. Esperei seis anos para reencontrá-la e cada vez ela reaparecia mais linda. E eu mais acabado. Ela não podia fazer isso comigo novamente.

- Eu te amo – disse. Ela não demonstrou reação alguma, apenas continuou calçando seus sapatos vermelhos de salto alto. – Você ouviu o que eu disse? Eu não consigo mais, não consigo. Eu preciso de você.

Ela levantou-se e ficou parada de costas. Seu vestido preto e curto realçando suas curvas. Sem me encarar, respondeu:

- Eu preciso ir.

- Você vai voltar? – Ela ficou em silêncio. – Por favor, não faça isso comigo novamente.

Ela pegou sua bolsa e caminhou em direção à porta.

- PORRA! POR QUE VOCÊ FAZ ISSO COMIGO? VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO NOVAMENTE E IR EMBORA TODA MALDITA VEZ. EU TE AMO, EU PRECISO DE VOCÊ. Eu te quero... Eu quero você pra mim, por favor...

Aquelas malditas lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto inevitavelmente. Eu estava sentado na cama, segurando o lençol com seu perfume. Ela virou-se e caminhou em minha direção. Abaixou-se de modo que seu rosto e o meu ficaram de frente um para o outro. Pegou gentilmente no meu queixo e com uma cara de piedade, repetiu a mesma maldita frase:

- Eu não posso ser de ninguém.

Deu-me então um selinho molhado e passou a língua pelos seus lábios, sentindo o gosto de minha lágrima. Então caminhou até a porta e fechou-a, partindo novamente para sempre, ou para alguns anos. Talvez alguns dias ou algumas horas. Poderia ser para nunca, mas ela se fora novamente.

Ela me disse que não pode ser de ninguém, mas eu não consigo ser de ninguém por causa dela. Eu acho que no fundo ela pode, apenas não consegue ser minha. Não por minha causa, mas por outro alguém. Ela não fodeu comigo só no bom sentido. Sabe quando aparece alguém que do nada e sem querer, fode com a tua cabeça? Foi o que ela fez. Eu espero que alguém tenha fodido com a dela também.