Canto Escuro

Hoje no meio da noite eu olhei para o canto escuro do meu quarto. Olhei, e, dentro daquele escuro, consegui ver adiante, um nada, ou um tudo que não valesse tanto à pena. Senti calafrios, falta de algum afago que me consolasse e me aquecesse a alma, acompanhados de alguns beijinhos na testa, e um carinho com as pontas dos dedos entre meus cabelos, e, talvez, por um momento em meio aos calafrios e os medos sombrios, eu realmente tenha sentido você alí comigo.

Talvez você tenha ido, ou talvez algo que seu tenha ficado. Talvez o escuro no canto do meu quarto seja só o meu futuro, agora um pouco mais ou totalmente vazio sem você por perto para beijar meus lábios ou dividir meus problemas. E talvez aquele calor momentâneo tenha sido o momento que lembrei que, mesmo tendo ido, você é e sempre será parte de mim.

Sinto a sua falta, e tenho medo de esquecê-la. Quanto mais o tempo passa, mais me sinto tão perto, e tão longe... Não parece tanto tempo assim, mas é.

O tempo não volta, não para e não espera. Talvez tudo que eu precise seja que ele espere eu me acostumar com todo esse vazio.

Talvez eu precise de algum desfecho para esse texto, tornando-o mais completo, mas seu desfecho faria mais sentido para mim se acabasse assim, de repente. Da mesma forma que.

Caíque Guedes
Enviado por Caíque Guedes em 04/07/2015
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