Dois do oito

_ me desculpa, tá?

seu olhos eram um córrego de mágoas. o batom vermelho já não ocupava mais o espaço delimitado entre seus lábios. e foi naquela mesa de lanchonete que ela debruçou-se sobre todos os problemas de sua vida, transformando-se assim na personificação da poesia. como não se apaixonar por aquilo?

_ deixa meu amor entrar pra tomar conta de tu, criatura.

_ é contra as regras ficar recitando a história da eternidade. – falou com um leve sorriso no rosto.

_ ora, coube direitinho no momento.

_ me desculpa, tá?

_ ei, ei. pare de se desculpar, eu tô aqui pra isso. sempre vou estar. agora se achegue.

trouxe seu cabeça para junto de meu ombro. estávamos ali fazia algumas horas, tínhamos perdido nosso cinema e ela ainda não estava se sentindo bem.

_ quer que eu te leve pra casa agora? acho que um banho te faria bem.

_ não. me leve para qualquer canto, menos para minha casa.

_ então já sei onde vou te levar.

_ onde?

_ você ainda não está pronta para saber.

_ como não, seu bocó?

_ promete que só vai sorrir a partir de agora?

_ só se você me disser onde iremos.

ainda era começo de noite, mas dali dava pra ver toda extensão da praia e do mar. parei o carro e desci.

_ que tal você me ensinar um pouco dos astros?

_ você não acredita nessas coisas.

_ quem disse que eu não acredito?

_ eu sei, ué.

_ os taurinos são sempre sabichões assim?

ficamos ali, deitados na areia, conversando sobre o céu. ela me explicou sobre o alinhamento dos planetas e de como o ascendente influenciava na vida. ao poucos seu semblante foi ficando mais calmo e a conversa fluiu ao ponte dela adormecer. Ainda dormindo quando chegamos ao seu prédio, levei-a nos braços até o seu apartamento no sexto andar. ao colocá-la na cama dei um beijo em sua testa e me virei para ir embora, foi quando suas mãos agarraram-se com as minhas.

_ fica, por favor. fica.

Gonzaga Neto
Enviado por Gonzaga Neto em 03/08/2015
Reeditado em 04/08/2015
Código do texto: T5333566
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