A EMPREGADA NOVA -parte 3

A EMPREGADA NOVA - PARTE III

Um mês se passa, Júlio já está mais próximo de Letícia, já lhe conta algumas piadas, fala algumas gracinhas adolescentes,nada demais, nada mais além disso, o problema é que a moça às vezes precisa sair à rua, necessita ir ao supermercado, à feira, à farmácia, ao banco, enfim, a moça sai e causa o maior frisson, aquele alvoroço, na feira tem gente ficando na ponta dos pé para ver mais um pouquinho daquela morena bonita, o guarda, deixa o trânsito comprometido, mas sem problemas, parte dele para antes do farol fechar, tem gente que vira o pescoço para olhar seus generosos atributos, e quando o cara tá acompanhado então, já viu, dá problema, sempre dá, é só ela passar, desfilando todo o seu charme e encanto, os homens da cidade estão maravilhados, encantados, extasiados, e é aí onde nasce um problema; Júlio sofre por dentro sem nada poder fazer, morre de ciumes, fica louco de raiva, furioso da vida quando a moça põe os pés fora da casa, por que é só ela sair e começa uma sintonia entediante de assobios e cantadas das mais variadas possíveis, vindas de todos os lados, vai soar estranho se ele brigar com alguém que mexer com a moça e se tiver que fazer isso, vai ter que brigar muito!

Letícia até que tem evitado sair,só sai quando tem uma ordem da patroa para comprar alguma coisa e aí não tem jeito, ordem é ordem.

Ela, uma moça recatada, não é lá muito de bater papo, ou conversar atoa, só fala o básico e sorri, está de certa forma, até assustada com aquele assédio todo, também, vinda do interior, de um pequeno sítio que fica pra lá da cidade dos morros, depois de uma comunidade agrícola que não tem nome ainda, um local quase isolado do mundo, de dificílimo acesso, pra chegar lá, é preciso passar por rios sem ponte, por vários pontos brejosos, saltar barrancos diversos, enfim, um local afastado do mundo, isolado de tudo, que os poucos contatos existentes se resume a alguns sertanejos de sítios próximos, mas que, por causa da grande dificuldade de locomoção, o contato e a visita entre eles é coisa rara, só em caso de doença ou morte é que compensaria se locomover por aquelas bandas desempenhando tanto esforço, correndo tantos riscos, com isso, a moça sempre vivia isolada e permaneceu assim, a vida toda, com seu pai, sua mãe e mais cinco irmãos num pequeno e paupérrimo casebre de sapê, foram descobertos por acaso, por uma expedição mal sucedida, pela ambição exploratória da empresa onde Dona Francisca trabalha, foram impulsionados pela falácia de que o local possuia petróleo em abundância, puro boato, só assim, para alguém chegar até ali, naquele fim de mundo, só isso para fazer alguém da cidade se hospedar naquela casinha e convidar a moça para trabalhar em sua casa.

Júlio, até que gostaria de prosear mais com a moça, ser mais íntimo dela, chamá-la para passear, só que tem um problema, é sua mãe, talvez ela jamais permita àquela proximidade, um possível namoro entre seu filho e uma qualquer, não, seria impossível, ele sabe a mãe que tem, já ouviu diversas vezes ela falando ao telefone que o lado profissional e o pessoal não se misturam, coisas do tipo, ´´ cada macaco no seu galho,``,portanto, aqueles dizeres diariamente falados para alguém da empresa, serviriam para ele também, um filho conhece a mãe que tem, inda mais ele, o queridinho da mamãe, que sempre diz que só quer o que há de melhor para ele, que planeja um futuro brilhante, um casamento pomposo com alguém da alta sociedade,jamais aceitaria seu filhinho querido com a ´´empregadinha,``quase analfabeta, jamais.

GILMAR SANTANA

GILMAR SANTANA
Enviado por GILMAR SANTANA em 06/08/2015
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