A EMPREGADA NOVA - parte 6

Acordar cedo nesse frio e neblinado domingo, não foi nada fácil, mas com um pouquinho de esforço e uma força de vontade tremenda, ele conseguiu, era preciso estar a postos antes que a moça saisse, afinal de contas, hoje é domingo, dia de comprar algumas coisas fresquinhas na feira e um ´´bom ajudante´´ que se preze, deve estar lá, sempre pronto.

O cheiro de café e bolo quente recém saido do forno está bastante convidativo, dente bem escovado, enxaguante bucal excessivamente gargarejado, barba rala feita, cabelo penteado para traz, sem aquela franjinha adolescente, tudo mudado, ao se aproximar da cozinha, ouve a mãe instruindo a empregada, diminui o passo para tentar compreender o assunto que é tratado e ouve algo que não lhe agrada nem um pouquinho, ´´ quero que use, Letícia, aqueles talheres de prata, os pratos de porcelana do armário....`` isso mesmo, Dona Francisca estaria planejando um jantar para os diretores da empresa, péssimas notícias, horrorosas por sinal, além do trabalhão que daria ´´ a ambos,``Letícia seria involuntariamente apresentada aos diretores, a concorrência aumentaria, com certeza, alguns daqueles ambiciosos, não tirariam os olhos das curvas da empregada, passariam a frequentar mais vezes aquela casa, inventariam coisas de última hora, assuntos extraordinários, evento inadiáveis deveriam ali ser marcados, alguém sempre se disponibilizaria para para ir ali ´´ajudar sua mãe`` em algo, esses pensamentos vieram de forma instantânea em sua mente, era como se um turbilhão de informações o HD de seu cérebro processasse em um segundo, nunca sentira dor de cabeça antes, pela primeira vez na vida uma cefaleia parecia lhe comprimir o crânio, pensou em entrar na cozinha e dizer algo para que sua mãe cancelasse esse jantar, dizer qualquer coisa convincente, mas, que diria, que fortes argumentos seriam suficientes para tal proeza? Entrou na cozinha dando um tímido bom dia e leve sorriso para difarçar sua aflição, sua mãe, logo admira a presença do filho, bem cedo, em pleno domingo, teve um pequeno susto, achou que tivesse acontecido algo, e foi logo perguntando:

- aconteceu alguma coisa, filho?

- Não, mãe.

- Então porque já está assim, todo arrumadinho, logo cedo, vai sair?

- É que – mais uma pausa – perdi o sono.

- Como assim, você sempre teve o sono pesado, nunca acordou assim,´´ perdendo o sono?``

Júlio, tinha que ser mais esperto, estava quase se entregando, se não mentisse direito, sua mãe desconfiaria de algo no ar, ele se lembrou de colocar a culpa na dor que de fato sentia.

- acordei com uma dor de cabeça danada e perdi o sono.

- E porque então está arrumado?

GILMAR SANTANA
Enviado por GILMAR SANTANA em 15/08/2015
Reeditado em 17/08/2015
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