Uma fazenda em forma de coração

Uma fazenda em forma de coração

Eu vou contar a história de uma grande fazenda que foi dividida em pequenas fazendinhas e o mais interessante é que cada uma ficou com uma forma diferente. Uma fazendinha era quadrada, outra era um retângulo, uma outra era redonda, tinha uma em forma de triangulo, tinha até uma em forma de estrela, mas a que mais chamou a minha atenção foi uma que tinha a forma de um coração.

Faz de conta que nós somos pequenos vaga-lumes coloridos e vamos ver o que tem naquela fazenda!

Era noite quando nós chegamos lá e estava muito escuro quando atravessamos voando pelo portão. Foi preciso piscar as luzinhas bem fortes para enxergar e não bater nas madeiras, mas conseguimos entrar naquele grande coração.

Na escuridão vimos uma grande luz balançando pra lá e pra cá. Pensamos que era um grande vaga-lume gigante, mas a luz foi se aproximando cada vez mais perto e quando chegou bem pertinho, percebemos que era um homem com uma lanterna na mão iluminando para enxergar o caminho e não pisar em cobras.

O homem caminhava na frente com uma mulher e uma menina, enquanto duas garotinhas seguiam brincando logo atrás. É claro que eles não nos viram, pois éramos apenas pequenos vaga-lumes brilhando e iluminando aquele grande coração.

O dia amanheceu e os vaga-lumes pousados em um galho da laranjeira apenas observavam as duas garotinhas correndo com uma boneca de pano na mão. A carinha da boneca estava com o rostinho virado para o galho com os olhinhos fixos que nem piscavam olhando para os vaga-lumes.

Era uma bonequinha de pano linda e feita com tanto amor que jamais será esquecida, um pedacinho do coração da mamãe no abraço daquelas garotinhas.

Elas adoravam brincar juntas olhando as borboletas nas folhas, trocando pensamentos na gangorra que o pai fez na árvore e vendo os porquinhos mamando e tomando sol. Também corriam para pegar mexerica, mas não podiam subir no pé, porque a mãe não deixava, por isso pegavam as mexericas com uma vara.

Na pequena roça o pai plantava arroz, feijão, milho e verdura, a mãe fazia doces e bolos muito gostosos e depois iam vender no Patrimônio, uma cidade pequena perto dali.

Os vaga-lumes estavam pousados no coração da fazenda num dia de sol quente e viram quando as duas menininhas foram pegar espigas de milho. Elas estavam passando por um local onde o pai havia carpido e amontoado um monte de capim, Alzira viu uma grande cobra Jaracuçu dormindo enrolada sobre o capim e gritou para a irmã:

- Salia! Cuidado que tem uma cobra no mato!

Elas correram e chamaram o pai, que veio com um pedaço de bambu e matou a cobra com várias pancadas. Sem saber a cobra também passou a fazer parte da história da fazendinha, pois nunca mais foi esquecida.

Elas estavam certas de ter medo da cobra, pois um dia seu pai estava carpindo e espalhando o mato com o pé, quando uma cobra apareceu repentinamente e mordeu o pé dele, que só foi salvo porque um curandeiro preparou uma garrafada de ervas e o curou.

As garotinhas se amavam tanto que sonhavam uma com a outra. No sonho corriam pela roça brincando e passeando vestidas de vestido voal num momento inesquecível de muita felicidade, depois corriam até a fazenda do avô e lá olhavam o cavalo girando o engenho de moer cana para fazer rapadura.

Repentinamente os vaga-lumes entram no sonho das meninas e perguntam para elas:

- Nós precisamos ir embora! Vocês deixam?

- Não! Não! Não! Não! Só depois que a gente comer as batatas que o meu pai deixou assando no fogão a lenha da minha mãe. Aí! Vocês podem ir embora.

Os vaga-lumes tomaram café e comeram batatas com as meninas, depois foram embora voando no meio dos galhos da laranjeira, que era a fruta que a Alzira mais gostava e saíram voando da fazenda em forma de coração, que ficava dentro de um grande coração.

A gente só consegue visitar essa linda fazenda, quando a menina abre o portão do coração e deixa a gente entrar.

No momento em que os vaga-lumes estavam saindo da fazenda, um falou para o outro:

- Sabe! Tem coisas que a gente nunca esquece e elas são motivos de sobra para gente ser feliz. Eu nunca vou esquecer essa fazenda que está localizada dentro de um grande coração.

Paulo Ribeiro de Alvarenga

Criador de vaga-lumes

Iluminando pensamentos

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Criador de vaga lumes
Enviado por Criador de vaga lumes em 24/08/2015
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