Nenhum dia, querida.
Ansiosa? Nervosa?
Cinco dias e ele será teu.
Os dedos contam o tempo, não se preocupe.
Cinco dias e ele será teu.
No primeiro deles,
A saudade apertou tanto
Que o coração não aguentou
E transbordou o corpo de alegria.
Foi festa, foi amor.
Foi calor para todo canto.
As veias pulavam, os músculos tremiam
A voz vibrava e os olhos encharcavam.
O rosto corava, as mãos fechavam.
Quatro dias, querida.
Quatro dias e ele será teu.
No segundo deles,
Uma indiferença veio de lá.
Mas logo em seguida: saudade.
"Você é meu único sol."
E ela sabia. E ela sorria.
Clareava o ambiente;
Sorriso quente.
As mãos fecharam,
Mas ela ainda as abriria.
Três dias, querida.
Três dias e ele será teu.
No terceiro deles,
"Eu te amo!"
Uma surpresa do outro lado.
Um dia de começo chato,
Voltou a fazer sentido.
"Mas eu estou ocupado.
Quem sabe a noite, se eu não estiver cansado?"
Ela achava que quem amava
Encontrava tempo
Independente do contratempo.
Sono? Ela nem dormira esta semana
Contava os minutos, os segundos.
Olhos abertos, deitada na cama.
Mas tudo bem. O coração ainda batia.
O sangue era quente.
Isto era indiferente.
Na mão, um número.
Dois dias, querida.
Dois dias e ele será teu.
No quarto deles,
Sem notícia. Sem vida.
Uma tarde inteira na escuridão.
Era preocupação esta que subia.
Tremia. Nada a satisfazia.
Era escuro quando houve resposta
"Desculpa. Muita dor nas costas."
Parece mentira, mas não é.
Quem sabe amanhã tudo volta a ser como se é?"
Quem sabia era ele.
Esta desculpa não se encaixava para ela.
Não era fixação, era razão.
Não amava quando sentia dor?
Na mão... um dedo se levantou.
Um dia, querida.
Um dia e ele será seu.
No último dos dias,
Ela não foi de ninguém, pois era ninguém que estava ali.
No último dos dias só houveram lágrimas
E a única coisa
Que a tomou em teus braços
Foi tua própria solidão.
Nenhum dia, querida.
Nenhum dia ele foi teu.