fotografias de um amor que se perdeu na paisagem do porta retratos

uma foto bonita , em um porta retrato velho , um sorriso bonito em um rosto desgastado , uma lembrança antiga de um amor novinho em folha , um papel amassado pra uma poesia escrita , um mundo ao avesso pra um garoto estranhamente apaixonado , não sei descrever a chuva que cai lá fora inundando o meu quintal , mas te descrevo todas as vezes em meus pensamentos como uma foto antiga . um amor visto apenas pelas paisagens de seu porta retratos .

e eu grito todas as noites sem dormir , por um momento no passado onde ficamos eternizados na fotografia , mas você se reabastece dos meus sentimentos jogados no lixo , e nesse momento a dor é a parte mais real dos meus dias , eu não sei mais sorri , eu nem me reconheço mais ao olhar no espelho ,eu sou inverno o ano inteiro , por que quando você saiu pela porta levou o sol consigo , eu me tornei estranho , pálido , pois você levou a cor do meu mundo , opaco , pois você levou o meu sorriso , louco , pois você levou até mesmo o ar que eu respiro , o que restou foi um pacote de lembranças na mala e um porta retrato na comoda .

de nada me vale todas as lembranças soltas no ar , pois quando o vento vem elas se esvai como a fumaça do seu cigarro , por mais vivas que sejam as memorias , a necessidade de uma caricia , seu toque , de algo fisico , me corrói a carne feito acido , me deixando apenas os ossos desmontados ao chão . antes de você . eu não conhecia o que era amor , ou a essência da dor , mas você me mandou crescer e me mostrou ambos, tão profundo quanto foi seu amor , foi a dor que você deixou . não sei se cresci o bastante nesse ultimo ano , mas a cicatriz exposta em meu peito se tornou impossivel não demonstrar .

por que te enxergo em cada canto da cidade , na volta pra casa , no café onde pasavamos metade dos nossos dias , eu você e dostoyevsky , as folhas secas caindo do céu de outono me lembra seus olhos , as flores da primavera me lembra sua pele , e o céu azul do verão me lembra teu sorriso , mas eu sou inverno o ano inteiro sem você aqui . mesmo que a porta esteja entreaberta o seu perfume não ousam mais ultrapassar os comodos da casa , não ousam chegar ao meu olfato de adulto que ainda não amadureceu .

o mundo girou rapido demais e você pegou carona , nos seus sonhos de visitar amsterdan , ou ir ao show de uma daquelas bandas indie que você adorava . sei que não eram meus sonhos , eram totalmente seus , mas eu tambem tinha sonhos pra mim , pra nós , mas assim que a porta bateu sob suas costas meus sonhos morreram como um arco iris passageiro que vai embora antes da chuva , e as flores do meu jardim morrem por falta d'agua . como passaros sem rumo que batem no vidro da minha janela .

a cada passaro caido pela transparençia da vidraça , minha alma se esmigalha , e eu fico aos frangalhos pelos cantos , não sei se canto , não sei se durmo , não sei se choro , a algum tempo que mal me lembro o som da minha própria vós , e me lembro de você , que falava cantava pelos quatro cantos da casa , você era do tipo que adora ouvir a própria vós . onde diabos se meteu . sempre me pergunto subconcientemente , mas nunca obtenho resposta o que torna tudo mais duro de aceitar , e meus gritos nessas noites são inaudiveis mas ainda dói .

frejat já tocava no radio que você é um cigarro aceso queimando meu braço , enquanto a canção do carrasco não sai da minha cabeça , me perco aos poucos , pedaços de mim fora encontrados pelos quatro cantos da cidade , ainda espero que alguem bata a minha porta e devolva os pedaços do meu coração .

eu era somente mais um personagem clichê das suas historias .

leandro egidio
Enviado por leandro egidio em 18/09/2015
Código do texto: T5386988
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