As Noites Brancas-Capítulo 3:Timidez

Olá.De nuevo.

Sim,sei falar Espanhol.Não muito.Pouco.mas o bastante para poder me aventurar em algum país Sul-Americano.

Enfim,vamos logo para o motivo pelo qual vocês vieram.Sim,por causa dela.Marcela.Um nome simpático,mas sedutor como uma dama da noite.

Se eu falasse pra vocês que eu ainda não acredito que eu consegui o telefone dela só por entregar um bolo na casa dela,vocês acreditam?

Não sei vocês,mas eu não acreditaria.

Confuso,não é?

Pois então.

Eu vou finalmente falar com ela.Mas falar com ela mesmo.Não uma conversa entre filhos amigos.Uma conversa entre um homem e uma mulher.

Talvez o fato de que o meu pai e o pai dela serem amigos ajude em alguma coisa.Mas isso não vem ao caso agora.

Uma Sexta-Feira foi o dia perfeito pra começar uma conversa com ela.Ninguém faria nada no dia seguinte,então seria o momento perfeito para me aventurar na madrugada numa conversa com uma bela estranha.Optei por uma conversa no celular.Apenas para aquecer as coisas.

Porém...

Eu já disse pra vocês que eu não sou tímido?

Sério.Eu não sou.Bom,eu me considero introvertido,porém é diferente de ser tímido.Não tenho problema em conhecer pessoas ou ter toda a atenção direcionada à mim.

Até esse dia.

Eu passei a madrugada desse dia completamente desperto e alerta.Era como se nenhum pingo de sono pesasse meus olhos.Eu me remexia na cama.Me remexia,buscando incansavelmente por uma falta de energia que pusesse o meu corpo e os meus olhos para descansarem.Sentia que podia ir para a janela da sala,ficar na janela e passar a madrugada interia vigiando a rua e vendo o movimento desta,que se resume a motoristas e motoqueiros se aventurando na noite.Ou poderia puxar uma cadeira na varanda para poder observar o meu quintal.Assistir o escuro como se fosse um espetáculo.Mas não fiz nada disso.Fiquei na minha cama,deixando a ansiedade tomar conta de mim.

O despertador do meu celular tocou.Eu já estava preparado para ele.Corri ao banheiro sem um pingo de cansaço.Mesmo sendo acostumado com o sono banhado pelo frio do ar-condicionado,deixei a água fria do chuveiro me bombardear para tentar me acalmar.Não funcionou.

Quase não tomei café.A imagem de um pão revirava a minha barriga dezenas de vezes.Aceitei comer metade de uma para não passar a manhã de barriga vazia.

Meu pai me de uma carona na faculdade,como de costume.O barulho do meu pé batendo freneticamente no chão do carro como uma britadeira competia com a música do rádio.

Dentro da minha sala na Faculdade,a minha inquietação simplesmente não acabava.Não conseguia comer muito.Assistia as aulas com um único desejo de que algo bem inesperado acontecesse para que aquela aula e as restantes fossem canceladas e,desta forma,pudesse voltar para casa e tentar me acalma.Mas meu desejo não fui atendido.

Corri para o ônibus que me levava para casa.Minha barriga gritava por socorro.Cheguei em casa.Enchi o prato de comida (agora com fome suficiente para comer tudo).Comi tudo,mas minha barriga tornou-se instável.Como se ela estivesse desesperada para devolver o pacote para o remetente.Eu não estou certo de que todos vocês entenderam,mas foi melhor falar desta forma.

Fui para o meu quarto.Liguei o meu ar-condicionado.Liguei o computador.Coloquei um filme qualquer.Um romance mela-cueca.Deitei na minha cama.Tentei me acalmar.

Nada.

Quanto mais o tempo passar,mais o momento da conversa com ela se aproximava e mais inquieto eu ficava.Meu eu tímido estava bagunçando o meu interior.Eu realmente não esperava por isso.

Minha mãe entra no meu quarto.Ela me avisa que o jantar estava pronto.Logo quando eu menos queria comer.

Me levantei.Desliguei tudo o que liguei.Me sentei na mesa e peguei quantidades insignificantes do que eu queria comer.Não demorei para terminar.fui o primeiro a sair da mesa.Fui para a varanda.Olhei para o apartamento dela.A lâmpada ascesa.A porta aberta.Tinha alguém lá.Voltei para o meu quarto.Peguei o meu binóculos e o meu celular.Tinha me esquecido desse último durante o dia inteiro.Liguei ele.A bateria se encontrava quase cheia.

Perfeito.

Agarrei o binóculos.Mirei para o apartamento.

Lá estava ela.Marcela.Ver sua imagem me impactava de um jeito inesquecível.

Pude ver o rosto dela.O tédio reinava.Tinha o celular em uma das mãos.

Essa é a minha chance.

Desbloqueei o celular.Mandei um ‘’Oi!’’ para ela.Voltei para o binóculos para ver a sua reação.O celular na sua mão toca.Ela o desbloqueia e lê a mensagem.Como num passe de mágica,ela se vira para mim e acena.Seu sorriso me alegrava.Eu retribuí o aceno.

Depois disso,posso concluir que:O número de telefone que ela me deu era mesmo o dela e que ela quer mesmo falar comigo.

Perguntei para ela o motivo dela estar no parapeito do apartamento,admirando a noite.

‘’Jantar da reunião da familia.Jà terminei e estou aqui há um tempo.’’,ela escreveu.

‘’Também jantei há um tempinho.Não tava afim de comer.’’,eu respondi.

A partir daí,a nossa conversa fluiu como o curso de um rio.Calma,porém contínua.

Conhecê-la foi como começar a ler um livro.Um livro que comecei a adorar instantênamente.

Ela adora o som.Odeia o vento.Ama o calor.Porém o frio lhe dá conforto,enquanto que o calor lhe dá agito.Ama palavras.Demonstrações de sentimentos também.Mas ela gosta mais de alguém que consegue trocar milhares de palavras por uma demonstração de setimentos.

Chegou o momento no qual ela disse que iria dormir.O mundo dos sonhos a chamava.O cansaço pesava o seu belo corpo.Não estava com sono.Achei que a noite ainda era uma criança.Isso até perceber a hora no celular:04:51.

É.

Eu realmente deveria dormir.

Nós fomos para nossas respectivas camas.Entrei no quarto.Liguei o computador.Ocloquei outro filme.Apaguei a lâmpada.Deitei na cama.Eu iria dormir feito um bebê.

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 11/01/2016
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