Duas doses de café amargo, por favor.

" -Você pode colocar mais café do que leite?".

O médico proibiu o consumo do café por conta das crises constantes de enxaqueca. Mesmo assim, ela insistiu e não resistiu.

Era como o amor. Uma droga, deliciosamente amarga e estimulante.

Queria mesmo era sentir o aroma que o café deixava pela casa.

" -Você faz o café?"

Enquanto ela passava a manteiga no pão e levava direto para a chapa.

" -Um pão de queijo para acompanhar o café? Oi? Aceita um pão de queijo?".

" -Não precisa, não precisa".

Prestou atenção no barulho que a xícara fazia quando batia no pires, no relógio da parede e nos óculos do moço que atendia as mesas.

" -Deixa, a louça é minha".

Ufa, era uma tortura.

"amo-te, até mais tarde".

Era assim, foi assim...

Foram cafés, foram idas à padaria e xícaras pelo chão. Foram sorrisos, foram tristezas, foram..

antes das primeiras lágrimas do dia chegar, sem pedir permissão e não ter hora para ir,

"a conta por favor.."

Éryca
Enviado por Éryca em 26/01/2016
Reeditado em 26/01/2016
Código do texto: T5524226
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