Duas doses de café amargo, por favor.
" -Você pode colocar mais café do que leite?".
O médico proibiu o consumo do café por conta das crises constantes de enxaqueca. Mesmo assim, ela insistiu e não resistiu.
Era como o amor. Uma droga, deliciosamente amarga e estimulante.
Queria mesmo era sentir o aroma que o café deixava pela casa.
" -Você faz o café?"
Enquanto ela passava a manteiga no pão e levava direto para a chapa.
" -Um pão de queijo para acompanhar o café? Oi? Aceita um pão de queijo?".
" -Não precisa, não precisa".
Prestou atenção no barulho que a xícara fazia quando batia no pires, no relógio da parede e nos óculos do moço que atendia as mesas.
" -Deixa, a louça é minha".
Ufa, era uma tortura.
"amo-te, até mais tarde".
Era assim, foi assim...
Foram cafés, foram idas à padaria e xícaras pelo chão. Foram sorrisos, foram tristezas, foram..
antes das primeiras lágrimas do dia chegar, sem pedir permissão e não ter hora para ir,
"a conta por favor.."