O Diário de William Grealish
 
Capítulo 1 - Recomeço
 
   Vivemos em nosso mundo às vezes, sem nem olhar para os lados, mais coisas incríveis também podem acontecer aqui, nesse mundo estranho. Quando caminhava pelas ruas já muito tarde não esperava nada, até que o som da sua voz me fazer parar no meio da calçada, tentei me esconder no início, mas depois já fazia questão que me notasse ali, te admirando através da janela, olhos castanhos, um pijama rosa com bolinhas brancas e um sorriso cativante e envergonhado.
   Você se levantou e soltou seus cabelos castanhos, foi até a janela e me encarando por alguns segundos perguntou:
-Oi, o que faz ai?
-Olá. Estava indo para casa, quando te ouvi cantando.
-Péssima, não é?
-Na verdade, pensei que fosse alguma música sabe, mas quando vi que se tratava de alguém cantando fiquei até surpreso.
   Vozes sussurravam na casa e ela fechou a janela sem mais nenhuma palavra. Peguei o primeiro pedaço de papel que achei em meu bolso direito, anotei meu nome e telefone e claro um breve pedido de desculpas. Esforcei-me para conseguir passar o bilhete entre a janela. Três dias depois recebi uma mensagem:
    “Bom dia Will, me desculpe por aquela noite, meus pais já haviam pedido para que eu fosse dormir, e também estava com vergonha, mas quando quiser poderíamos sair para conversar, Luíse”.
   Então a respondi primeiramente agradecendo por me contatar  e logo em seguida sugeri que nos encontrássemos durante o próximo sábado a tarde, em frente a sua casa.
   Naquele sábado à noite meu pai havia convidado minha mãe para jantar, seu vigésimo aniversário de casamento. Então naquela tarde de três de abril de dois mil e um caminhei até a casa de Luíse.
   Ao chegar encontrei seu pai, Sr. Anthony, me recebeu com certa simpatia, aos poucos descobri o quão carinhoso ele era com Luíse. Por falar nela, senti suas mãos na minha cintura e logo virei para encontrá-la.
-Como se conheceram? – perguntou seu pai.
-Bom, encontrei Will na rua um dia, esbarramos e trocamos nossos números.
-Belo nome rapaz. Meu avô também era William.  Tem quantos anos?
-Dezenove.
   Entramos em seu quarto e reparei nas coisas dela, o armário bem arrumado e organizado, o que me daria vergonha se ela estivesse no meu quarto, com toda a bagunça que sempre reina pelo lugar, na parede em cima da cama havia um quadro de flores amarelas e vermelhas, logo me voltei a janela aonde a conheci, então ela disse:
-Foi ali que encontrei o seu bilhete.
-Onde?
-No chão perto da escrivaninha.
   Ficamos envergonhados e sentamos na cama, ela pegou seu violão e começou a tocar, cantar e me olhar por uns quinze minutos.
-Me fale de você Will, o que faz da vida?
-Bom, trabalho em um escritório na empresa dos meus tios, mas passo grande parte do dia sem fazer absolutamente nada, quando estou em casa, procuro ler, sair, cinema, lanchonetes, passeios, tudo que vier pra alegrar é bem vindo, e você Luíse?
-Você não me falou sobre você. Mas tudo bem, vamos lá. Tenho quinze anos e estou no segundo ano do ensino médio. Gosto de tocar violão, passear, adoro animais e passar o tempo imaginando as coisas. Queria muito um dia conseguir escrever alguma história.
-Sobre o que escreveria? – perguntei curioso.
-Só o tempo pode dizer, mas e você, gosta de escrever?
-Escrevo todos os dias. Tenho um diário.
Johan Henryque
Enviado por Johan Henryque em 15/03/2016
Código do texto: T5574929
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.