"She will be loved"

A chuva batia forte na janela do carro e ele continuava lá dentro parado na esquina do prédio onde ela morava.

Ele sentira um ímpeto e sabia que não podia ficar em sua casa. Decidiu pegar o carro e dirigir. Mas não sabia para onde estava indo, estava dirigindo sem rumo até se dar conta de onde tinha parado.

Ela tinha apenas 18 anos e muitos problemas com si mesma. Era linda, linda, linda. Com um sorriso tão lindo quanto, apesar de odiá-lo, já que sua boca era um pouco torta. Mas era o sorriso torto mais encantador.

A empatia aconteceu logo que se conheceram e ele podia sentir as borboletas se agitando em seu estômago. Mas havia um problema: ela pertencia a outro.

Suas borboletas se transformaram em insegurança e ele guardou tudo aquilo só para ele.

Mas continuava sempre com ela; era ele quem a segurava quando ela estava caindo; era ele quem ouvia os detalhes de seu namoro; era ele quem cedia seu ombro para ela chorar.

O comprometimento com a amizade mantinha os dois juntos e, de certa forma, ela se tornara dele. Mas ele queria mais.

Uma batida na janela fez com que ele se assustasse e saísse de seus devaneios. Abaixou o vidro e deu de cara com ela.

– Sabia que era o seu carro! – ela exclamou. – Abre para mim.

Ela deu a volta no carro e ele destravou a porta. Seus cabelos pingavam molhando o banco do passageiro.

– O que você está fazendo? – ela perguntou.

– Estava dirigindo e acabei aqui – ele deu de ombros como se não fosse nada de mais. – E você? Onde estava?

– Acabei de chegar da casa do meu namorado. Quer dizer, ex – ela se corrigiu.

– Ex? – Sua expressão era um ponto de interrogação.

– É. Terminamos.

– Você está bem?

Ela só negou com a cabeça e lágrimas começaram a rolar pelo seu rosto. Ele ficou sem saber o que fazer; apenas a abraçou e deixou que ela chorasse em seu ombro.

– Qual é o meu problema? – ela perguntou. – Por que ninguém me ama? Por que ninguém fica comigo? Por que ninguém permanece? Eu sempre fico sozinha,

Ela chorava descontroladamente. As palavras saiam em meio a soluços.

– Isso não é verdade. Você não está sozinha. Eu estou aqui – ele abraçou-a mais forte.

Ela continuava chorando. A camiseta dele já estava toda encharcada tanto do corpo molhado dela quanto das lágrimas que continuavam caindo.

– Ele era um babaca – ele disse. – É melhor a gente entrar. Você toma um banho quente e eu faço uma panela de brigadeiro só para você. Vai te fazer bem.

– Eu estou com fome – ela disse em meio aos soluços.

– Podemos pedir uma pizza.

Ela assentiu e deu um leve sorriso.

– Viu? Já está até sorrindo! – ele comemorou.

Ela aproximou o rosto do dele e o beijou. Meio hesitante no começo, mas, então, ele puxou o corpo dela para mais perto do seu, abraçando-a apertado.

– Obrigada – ela disse.

– Pelo o que?

– Por ser você.

Flávia Tomaz
Enviado por Flávia Tomaz em 01/06/2016
Reeditado em 01/06/2016
Código do texto: T5654291
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