Ao seu dispor!
Ao seu dispor!
Era uma tarde chuvosa, café quente na mesa e um jornal aberto, ele não levou guarda-chuva, pois ele achou que seria uma passagem rápida na cafeteria.
Tão concentrado em seu jornal, lendo as notícias daquela manhã sobre política, que não notou a entrada dela. Ela pediu um café descafeinado com adoçante e não açúcar como de costume, dois marshmallows e creme no café.
Ele só a notou quando mudando de página percebeu que ela usava uma camisa com um símbolo que a muito ele não via.
- Com licença, boa tarde. Não pude deixar de notar, você é voluntaria no abrigo "Braços abertos"? - Perguntou ele nostalgicamente emocionado.
- Oi, boa tarde! Sim sou, na verdade eu acabei de voltar de lá. - respondeu ela alegremente.
- Mas que interessante, eu passei minha adolescência até entrar na faculdade lá.
-Você era um voluntario também?
- Não... Eu era um dos abrigados.
- Nossa, eu... Você não... Você não parece que veio de um abrigo.
- Foi por causa de uma voluntaria como você que eu consegui vencer na vida. Sou escritor e dramaturgo. Prazer, me chamo Joe, mas as pessoas me conhecem como Erico Victori.
- Não foi você que escreveu "Quando a chuva não vem? - Perguntou ela de forma natural, mas expressiva.
- Sim, sim! É o meu trabalho favorito. Você o leu?
- Estou lendo, mas ando muito ocupada e só tenho tempo na hora de dormir.
- Posso te contar o final se você quiser...
- Não, por favor, não! – Disse ela quase gritando.
- Não farei isso se você aceitar tomar um café comigo.
- Mas já estamos tomando!
- O café é um pretexto para te ver novamente, um outro café me um outro dia...
- Não deveria ser você me pedindo isso, deveria ser eu. Eu tenho tantas perguntas sobre o abrigo, sobre como você conseguiu crescer tanto e sair de lá.
- Não foi fácil... Disse ele abaixando a cabeça como se lembrasse de algo triste.
- Não me parece que você goste muito de lá. Disse ela intrigada.
- Na verdade, eu não vou lá desde que fui para a faculdade nos Estados Unidos, mesmo quando voltei não fui lá, mesmo quando mandei metade do que arrecadei do meu livro eu não fui lá.
- Se quiser não falamos sobre isso...
- Não, tudo bem. Já é Hora! – dizendo isso se levantou para sair.
- Já vai? – Perguntou ela quase decepcionada.
- A chuva passou e eu não trouxe guarda-chuva, mas quero te ver novamente!
- Aqui está meu número, não moro muito longe daqui.
- Estou indo para New York amanhã, quando eu voltar te ligo. – Disse ele contente.
- Estarei esperando! – Respondeu ela Contente.
- Mas você não disse o seu nome. – Respondeu ele voltando dois passos para trás e direcionando novamente o olhar para ela.
- O meu nome você já conhece, é o mesmo da protagonista do seu livro...
- Camile... – Disse ele num tom amado.
- Ao seu dispor!
Por - Igor Improta